Unidos Como Um Só

2.1K 93 95
                                    

No acampamento dos caçadores ouve-se um rugido de fúria, que vinha direto do navio principal. O homem encapuzado estava a plenos pulmões com Freddike.

- Eu não acredito que você não a alimentou! - gritou o mestre para o caçador.

- Foi ela, mestre! - explica-se o caçador. - Foi ela quem arremeçou a bandeja para longe!

- E por que ela faria isso? - quis saber o homem misterioso. - Ela passou o dia todo com fome. Não desperdiçaria comida à toa!

- Na verdade, eu disse para ela que só iria dar comida a ela se, em troca, me desse um beijo.

  Com uma força de arrancar o coro, o homem encapuzado soca o caçador com toda sua força no rosto. O caçador gritou de dor, a boca cuspindo sangue.

- IDIOTA! Eu disse para tratá-la com gentileza e não para chantagea-la!!! - gritou o homem para o caçador, que cuspia o próprio sangue no carpáchio. - Ela não pode morrer de fome e sede, o que você acha que o comprador vai dizer, imbecil? Ele obviamente não quer comprar uma escrava desnutrida!

- Perdão, mestre! Cof, cof! - pediu ele ao cuspir mais sangue. - Na próxima eu....

- Não haverá próxima para você! - diz o mestre. - Volte a varrer o chão do convéz, já que é a única coisa que você serve para fazer. E mande Trapo vir aqui!

- Trapo? - o caçador se sentia estremamente ofendido. - Você vai confiar a vida da garota naquele imundo?!

- Você é surdo? - irritou-se o mestre. -Chame o Trapo agora e suma da minha frente!

E cuspindo o sangue que restava de sua boca, ele se retirou. Alguns minutos depois o garoto imundo entrou, reluntante. Se ajoelhou aos pés dele, mostrando serviço.

- Saia de perto de minhas botas, antes que você as polua. - manda o homem, e o garoto se levantou. - Apartir de hoje você irá alimentar a prisioneira, que está na cela secreta.

- Sim, senhor!

- Ponha as luvas! Não quero que cotamine a comida dela. - manda o mestre e o garoto rapidamente põe as luvas e pega a bandeja de comida. - E seja gentil. Nada de ameças ou chantagens. E é claro, não fale demais sobre nós.

Com mais uma reverência de concordância, ele se retirou. O garoto desceu a escada caracol trêmulo. Afinal, aquela passagem só havia esqueletos de vítimas mortas, essa era a primeira vez que um prisioneiro recebia atendimento ali. Chegou na cela de Cabeça Quente, que estava deitada no chão de barriga para baixo, os braços erguidos pra cima pelas correntes. Ela realmente estava fraca de fome.

- Olá! Sou Trapo, como vai? - cumprimentou o garoto recebendo um olhar de irritação. - Oh! Desculpa! Esqueci que não pode falar. Foi mal! É, eu vim trazer seu jantar, já que o anterior virou patê, hehe!

Ele parecia muito desconfortado, como se nunca tivesse se aproximado de uma garota na vida. Não o bastante para ter uma conversa civilizada. Ele apertou o botão e abriu a cela, em seguida entrou com a comida.

- Olha, vamos fazer um acordo? - dizia Trapo para Quente, que continuava com um olhar mortar para ele. - Eu vou te soltar para poder comer, mas você não vai me atacar ou fugir, até porque seu pé tá preso na bola gigante que não sei o nome. E você não vai conseguir fugir porque lá fora só tem caçadores armados. Combinado?

Cabeça Quente rosna e sacode as correntes em tom de ameaça.

- Vou considerar isso como um sim. - diz estupidamente Trapo ao baixar a bandeja. Ele caminha para Quente e retira a mordaça. - Melhor?

Cabeça Quente continuava a olhá-lo mortalmente, como quem vai atacar assim que puder.

- Agora vou desamarrar você. - diz Trapo. Ele lentamente usa uma chave para soltar as correntes. Os braços de Quente, presos pelas costas, são libertos. Ela massageia os pulsos. - E aí? Vamos comer?

Dragões - O RetornoOnde histórias criam vida. Descubra agora