A Mudança de Tara

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Dias passam, noites passam, com isso os meses voam. Em poucos meses a rotina de 20 anos se Tara estava completamente mudada.

Antes do ataque do norte e após a morte de seus pais, a rotina de Tara era: Acordar na madrugada, não comer, ir para a arena se exercitar, espionar as frazquezas das pessoas com Matadora, almoçar duas garfadas de sua comida, mais treinos, lutar com o mestre, matar dragões no fim de semana, e dormir com pesadelos.

Agora ela mudara tudo. Ela acordava depois das dez, tomava um café da manhã como se não começe há anos, se alongava, passava o início da tarde com Matadora, sem treinos, apenas elas se curtindo. No horário de almoço, ela ia para os túneis e andares subterrânios das minas de bronze, todos os dias se sentado na frente da jaula do nadder mortal, comendo e lendo os livros para saber mais sobre os dragões. Depois ela passava o resto da tarde procurando pistas sobre o mestre e a verdade que ele escondia sobre ela, ignorando os chamados de treinos e as diversões dos caçadores. Quando era de noite ela ia para a masmorra, encontrar com Eithor, que iniciara seu novo treino já havia uma semana. Na hora de dormir, ela ainda tinha pesadelos.

Nesse momento, era o horário do almoço, e ela estava esparramada no chãos das minas, o esconderijo subterrâneo vazio naquele momento exceto pelos dragões enjaulados. Ela tinha uma pilha de livros abertos, como se tivesse lido todos eles, e folheava um atualmente no colo, umas das mãos segurando um garfo com carne nele. Matadora estava lá, cheirando e grunindo para a gaiola de Tempestade. Parecia que o dragão finalmente se acostumara com o nadder, assim como a nadder estava acostumada pela primeira vez com a presença de um Transformasa e a da morena.

Tara não era exatamente afetuosa com Tempestade, mas também não a maltratava. Parecia que aquele esconderijo subterrâneo era o único local pacífico que conseguira para estudar os dragões. Ela acabou virando uma companhia para Tempestade sem mesmo ter a intenção, afinal, os caçadores isolavam os dragões ali para morrerem de fome, e Tara sempre compartilhava um pedaço de sua carne ou frango com Tempestade, pois não suportava os choros e olhares pidões dela.

Depois do quinto choro a morena resmungou, acusando Tempestade de "chata e chorona", e arrancou metade da sua coxa de frango, uma para seu dragão, a outra para Tempestade. Os outros dragões do local choraram para a morena, invejosos por um ganhar comida e os outros não.

- Eu não tenho comida para todo mundo! - grita Tara irritada e os outros dragões choram amuados na jaula, Tempestade e Matadora se deliciavam com sua comida. - Agora calem à boca, eu preciso ler! Se não, vocês é que vão virar a comida!

  Os dragões se encolhem, sem dizer mais nada. Na verdade, Tara disse isso da boca para fora. Ela não tinha mais aquela sede de matança por dragões, ao contrário, parecia mais curiosa e interessada nas habilidades que eles possuiam, principalmente as defesas. Ela folheava um livro interessante sobre Pesadelos Monstruosos. Não sabia que eles tinham até mesmo a potência do calor de um sistema solar, era surreal! Na verdade, sua sede de matança estava se virando para outra pessoa, que usava capuz e merecia cair de um precipício e se espatifar no chão! Ah, esse ela queria destroçar com prazer!

Tara estava indo para os livros de Gronkle, quando passos entraram. Ela rapidamente pulou em posição de ataque, seus punhos no ar para socar. A figura familiar alta e morena apareceu, fezendo-a relaxar.

- Hey, Tara. Você ia me atacar, é? - riu o moreno se posinionando igualmente em batalha, zombando.

- Aproxime-se mais para ver se não ataco, Rockie! - desafiou ela voltando a se jogar entre os livros. - O que faz aqui?

- Bem, vim te tirar desse buraco, você  vem todo dia aqui fazer companhia para os dragões. Até parece amiguinha deles. - ele dá uma risada ao se aproximar mais; Tara revirou os olhos.

Dragões - O RetornoOnde histórias criam vida. Descubra agora