- Soluço, o que está fazendo?!- questiona Bocão ao olhá-lo.
Soluço estava surtando. Ele não pensava direito, não raciocinava. Só conseguia correr de um lado para o outro, puxando livros e fuçando frascos. Como se algum sinal fosse aparecer para ele. Algum título de cura óbvia que Gothi deixou passar. Fuçava a área de cura como um louco, as lágrimas em seus olhos. Bocão, não aguentando mais vê-lo assim, ele o puxa pela camisa, forçando-o se afastar da prateleira se Gothi.
- Me solta, Bocão! - manda o garoto tentando voltar a estante. - Preciso achar uma cura!
- Não tem cura, Soluço! - grita Bocão.
- TEM SIM! - berra ele de raiva e desespero. - TEM QUE TER UMA CURA!
- PARE COM ISSO! CHEGA! - manda Bocão o jogando na outra estremidade da caverna. - Tem que aceitar, Soluço! A Gothi fez tudo que pôde! Até a Mala tentou ajudar. Mas não tem o que fazer!
- A gente não pode desistir dela, Bocão! - grita Soluço ao se por de pé. - A gente ainda tem tempo!
- Ela não vai passar de hoje, Soluço. - diz Bocão com firmeza. - O coração dela já está quase parando de bater. Então, a não ser que tenhamos uma solução em menos de uma hora, ela vai morrer! Você tem que aceitar isso!
- Gothi! - chama Soluço correndo para a anciã, como se não tivesse ouvido uma palavra do que ele disse. Ele se ajoelha nos pés dela e pega suas mãos, causando suspresa na curandeira. - Gothi, por tudo o que é mais sagrado! Eu te imploro, salva ela! Por favor!!! Você pode fazer isso! Você pode tudo!!! Por favor!!! Por favor....
Gothi fecha os olhos e baixa a cabeça. Calmamente ela põe uma das mãos no topo da cabeça de Soluço, como uma benção. E um pedido de desculpas. Ela pega seu cajado e caminha para fora da caverna. Soluço ficou no chão ajoelhado. Se sentia paralisado com a aquele conforto, como se ela tivesse tentado espantar seu desespero para longe. Tentou, mas não conseguiu.
- Eu já vou indo também, Soluço. - diz Bocão. - Tenta ficar bem, ok? A perda de uma pessoa é difícil. Mas temos que superar isso e aceitar.
- Nunca. - responde ele rouco.
- A função do antídoto é estimular o corpo dela a reagir, Soluço! Sem isso, não há o que fazer. - Bocão fala com uma cara triste e sai também, deixando-o sozinho com Astrid.
Soluço sentiu-se tremer. Ali ajoelhado, ele se joga no chão por inteiro, os braços envolta dos joelhos, chorando. Ele se sentia sem chão, sem realidade. Não queria crer que Astrid está morta. Não pode!
Precisava pensar em algo, em uma solução, qualquer uma! Mas seu cérebro parecia destroçado em mil pedaços. Não conseguia pensar em nada a não ser nas lembranças que tinha de Astrid, porque logo elas começam a invadir sem convite. O garoto sentiu seu peito arfar em dor e saudade ao lembrar do primeiro voo no Banguela, o primeiro beijo. O primeiro beijo que ele deu nela. As brigas, risadas, os perigos e os voos juntos. Academia de Dragões, o Domínio do Dragão, as concordâncias e descordâncias. O namoro. O término....Lágrimas ainda mais descontroláveis escorrem de seus olhos. Ele fica ali se arlamando com essas memórias incríveis, até perceber que o tempo passava e passava sem ele fazer nada.
- Pensa, Soluço! Pensa! - gritava para si, mas tudo o que queria fazer ele não conseguia. Olhou além da caverna, bem longe se via a entrada com o céu estrelado. Pelos seus calculos, ele não tinha nem meia hora para a noite virar. - Pensa, pensa, pensaa!
Levantou-se do chão e caminhou para a cama onde Astrid jazia. Ela realmente parecia uma alma penada de tão branca e imóvel que estava. Percebia que seu corpo estava mais rígido que antes. Morta. Mas ela não pode morrer! - pensava Soluço. - Ela é Astrid Hofferson! Ela pode tudo!
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Dragões - O Retorno
Fiksi PenggemarEsse é a continuação da 6 temporada de Dragões Corrida Até o Limite: Após abandonaren o Domínio do Dragão, os cavaleiros retornam a Berk para refazerem suas vidas. Com 19 anos, os pilotos ainda tem um ano pela frente antes de chegarem em "Como Trein...