Dragões - O Retorno

O Segundo Retorno

  Ali, no horizonte da montanha, no pico da grama alta de Berk, estava o homem mais infeliz do mundo. A vida dele podia não ser lá aquelas coisas, mas sentia ter perdido o pouco do que lhe foi dado. Primeiro o filho, depois o sobrinho. E agora o seu líder e, no fundo, um amigo.

    Gosmento se sentava todas as noites naquele pico, que tinha a visão perfeita de toda a Berk. Era pôr do sol e mais uma vez o homem observava o sol crescente sumindo, esperando ver dragões com cavaleiros montados. Três semanas. Três semanas e ninguém reaparecera. Nem seu filho, nem os cavaleiros e muito menos Stoico e Bocão. Berk nunca fora da mais infeliz nesses dias com a falta dessas pessoas, sejam os líderes ou não. Sem eles, Berk se tornava vazia e desprotegida. Como se tivesse perdido uma parte muito importante.

     O homem lamentou mais um dia de esperanças perdidas, no exato momento em que Baldão e Estrume chamavam o seu nome atrás da montanha.

    - Gosmento, está na hora! - diz Estrume mas o homem não se mexeu. - O povo está para se decidir com o conselho.

    - Acho... que deviamos esperar mais alguns dias. Por garantia. - enrolou Gosmento, sem ânimo para ouvir o conselho.

    - Gosmento, já faz três semanas. - lembra mais uma vez Baldão nervoso.  - Procuramos e não encontramos ninguém! Já foram dados como.... você sabe.

    - Não podemos desistir de Stoico assim! Ele é o nosso Vasto, ele está vivo! - insiste Gosmento.

    - Todos nós queremos que ele esteja, mas já faz muito tempo. O que espera, que fiquemos sem líder? - retruca Estrume sério, irritado pelo homem estar de costas de maneira negável. - Precisamos de alguém para nos liderar novamente e nós escolhemos você como novo chefe de....

    - A cadeira de Stoico não me pertence! - retrucou Gosmento em tom de irritação, entristeceu logo em seguida. - Como posso ser consagrado um líder para proteger a vila se não pude proteger meu próprio filho?

    - Sabemos que pode se redimir. - insiste Estrume com um olhar atravessador. - Não o compreendo, Gosmento. Sempre falou mal da liderança de Stoico, altulando ser melhor. Você sempre quis liderar a ilha quando Stoico estava aqui. Por que essa recusação agora?

   - Não é uma recusação, é um fato. - insiste o homem ao se erguer. - Eu não mereço a posição de chefe. Eu.... me sinto um traidor para Stoico. Nunca outra família roubou a liderança dos Haddock antes.... Eu não queria ser o primeiro.

    - Você não está roubando, Gosmento. Está tomando as rédeas para honrar a tribo no nome dele. - diz Estrume, mas Gosmento continua amuado. - Tenho certeza que Stoico ficaria orgulhoso de você!

     O homem não responde. Olhou mais uma vez para o horizonte das águas que o atraíam. Ele não aceitava a perda. Não mesmo. Mas ele também não aceitava o estado em que Berk estava com essas perdas. Mas ele mudaria, da maneira dele.

    - Vamos logo com isso. - diz Gosmento quando eles se encaminharam ao grande salão. Direto para o conselho e sua decisão de tornarem Gosmento, o novo chefe de Berk.
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  Stoico e os outros estavam voando pelas ilhas; se encontravam há grandes quilômetros da ilha deles, dando praticamente a volta pelo norte após sair da entrada do Sul; todos em uma formação V sobre o céu. Melequento quase soltou lágrimas de tristeza ao sentir as últimas faíscas do sol sumirem e se tornarem novamente a escuridão, mas agora com um céu de verdade, que logo logo estaria coberto de estrelas.

    - Nãão! Voltaaa! - choramingou ele quando tudo escureceu. - Chefe, manda ele voltar!

    - O que você pensa? Que sou um Deus para mandar no tempo? - Stoico bufou para o menino choroso na sua garupa. - Posso controlar muita coisas, mas o tempo não é uma delas.