Questão de Confiança - Parte 3

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   O Mestre riu. Não uma simples risada, mas com vontade e com despeito para a espada de Tara, ainda na mira de seu pescoço. Ele se debruçou na cadeira, fingindo achar graça com a braveza dela, que não estava gostando nem um pouco da falta de respeito.

    - Pare de rir! - rosnou ela quando ele riu mais ainda. - PARE DE RIR!

   - Desculpe, mas eu não consigo! - riu ele ao encarar ela novamente, com um sorriso. - Simplesmente porque... não faço ideia do que está falando!

   - Pare de se fazer de desentendido! O senhor sabe exatamente do que estou falando! - rosnou a morena. - As minas de bronze eram propriedades do meu pai, e o senhor as roubou dele e de mim!

   - Realmente? E qual é a sua prova? - quis saber ele com um riso para as pedras. - Isto? Que aliás, são as pedras mais incríveis que eu já vi! Onde as achou?

   - Nas nossas minas! - responde ela ainda afiada e o homem arregala os olhos. - Os trabalhadores encontraram uma delas. A outra meu pai me deu quando eu tinha quatro anos. Me disse que estava nas terras dele e são muito raras! Que poderia levar anos para achar uma igual, porque são pedras apenas encontradas nos rios do sul, e não em minas!

   - Ah, mas que história comovente! Meus parabéns por recordar memórias de tantos anos! - ironizou ele ao se erguer da cadeira, Tara ainda com a espada apontada para ele. - E você acha que as terras de exploração dele são as mesmas terras das minhas minas? Só por causa de uma história cheia de coiscidências incertas? Por favor, minha cara!

  - Não tente me fazer de idiota! - rosnou ela. - O senhor sabe qual é a verdade tanto quanto eu. Então fale agora! Por que roubou tudo o que era do meu pai?!

   Ele suspirou, cansado e entediado, encarou-a de pé, as pedras em suas mãos.

   - Estou vendo que não vai esquecer o assunto. Pois bem! - diz ele sério. - Não. As minas não são propriedades do seu pai, são minhas. Agora elas são minhas!

    - Há! Então admite que eram do meu pai! - diz ela com um sorriso de vitória e ele concorda. - O senhor é um mentiroso!

   - Vamos com calma, Tara. Eu não menti em nada. Você nunca me perguntou de quem eram as terras antes de mim. Porque você não se importa com elas. - dizia o mestre e encarou o brilho dos cristais. - Eu apenas omiti uma informação que não mudaria nada na sua vida.

   - Omitir? Oh, que bela desculpa! E mudariam sim! Essas informações provam que as minas deveriam ser heranças minhas!

   - Talvez. Mas seu pai entregou-as para mim. Tivemos esta conversa de negócios antes. - conta ele para ela. - E ele confiava perfeitamente em mim para comandá-las. Quando ele se foi.... não ouve contradições.

   - Mas e eu? Como filha eu não tinha o direito de tê-las?

   - Claro que sim, mas você só tinha cinco anos, Tara. Não estava com a idade para trabalhar nisso. - diz ele quando ela levantou mais a espada. - E quando cresceu, você nunca teve interesse com os negócios de lá, exceto em receber o dinheiro! É uma herança que não lhe interessa.

  - Não importa! Eu tinha o direito de saber! É algo da minha família, eu deveria estar ciente de tudo! - repreende ela, segurando suas lágrimas de mágoa ao abaixar a espada. - Não devia ter mentido para mim.

   - Lamento, Tara. Eu realmente sinto muito. - falou ele calmo e sereno, sem muito sinceridade. - Mas eu não vou lhe devolver as terras. Eu as comando por dezessete anos e não é agora que você descobriu serem suas que eu vou devolvê-las. Porque sei que não é seu objetivo de trabalho.

Dragões - O RetornoOnde histórias criam vida. Descubra agora