Noite de Caça

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As minas.

   Algo novo. Desconhecido. O covil do inimigo.

    Era uma caverna enorme, do tamanho de Berk, cheia de soldados portando e esportando bronze. Não em ferro mas em líquido, que ainda se tornaria um ferro. As minas eram barulhentas e movimentadas, os dragões ali escravisados a quebrar paredes, escravisados para enriquecer os inimigos.

      Do outro lado das minas está o maior quartel general já montado, com enormes muros envolta da maior casa de ferro construida.

   O centro da Tormenta.

   Dentro do quartel, bem no último andar, estava o mestre, sentado em sua cadeira polida como se fosse um trono. Ele observava um pergaminho desenhado. Era bem feito, poderia ser uma foto moderna. Um trio de amigos abraçados. No desenho retratado era um casal abraçando um amigo. Poderia ser apenas um desenho qualquer, mas também uma representação da realidade. No desenho há um homem ao centro, baixo mas musculoso e muito reconhecível a qualquer berkiano que visse, por mais que fosse um desenho. Abraçava duas pessoas jovens mas não muito visíveis, pois elas estavam riscadas em vermelho no papél, como demonstrasse não existirem mais. Como quem elimina o inimigo e marca-o.

    O mestre riu maldosamente por baixo do capuz ao observar a marca vermelha no rosto do casal, quando alguém bateu na porta. Ele rapidamente abre uma gaveta escrito "PRIVADO" e joga o desenho lá dentro, depois fecha e tranca com uma corrente. Encarou a porta.

   - Entra. - diz o mestre. Rapidamente dois guardas aparecem, segurando Trapo de forma agressiva. - Ah, vocês o trouxeram. Que bom! Podem largá-lo aí e esperem do lado de fora.

    Os guardas largam Trapo no chão como se fosse estrume, e se retiram. O mestre se ergueu e caminhou para o garoto, que tremia ainda no chão.

    - Levante-se. - mandou o homem e o menino obedesse. Fez um sinal para que ele continuasse aonde está. - Como vai sua vida, Trapo? Muito o que fazer?

   - S-Sim, s-senhor...- resmungou o garoto, que sentiu suas pernas tremerem de pânico.

    - Me diga, Trapo. - pediu o mestre de braços cruzados. - Qual é o seu trabalho nesta ilha? Além de ser nosso abate.

    - Eu alimento os prisioneiros. - diz ele, relutante.

     - Não. - negou o mestre. - Você droga os prisioneiros. "Alimentar" é uma forma menos óbvia de dizer. A questão é, está fazendo de forma correta?

   - Sim, s-senhor...- gaguejou Trapo enquanto sentia gotas de suor em seu rosto.

    - Verdade? Muito bem. - diz o mestre e ele calmamente caminha para o fundo da sala e pega um caixote, voltando para o garoto. - E o que você pode me dizer sobre isso?

   E com violência ele vira o caixote para baixo, fazendo o conteúdo cair aos pés do garoto. Garrafas. Inúmeras garrafas de água que não tinha fim. Muitas delas pareciam estar fechadas a dias ou semanas. Intaquitas.

     Trapo sente sua respiração pesar. Seu corpo rígido de medo, o desespero ao entender. Descobriram. Tudo!

   - E-Eu...- gaguejou ele tentando se concentrar no que dizer. - Eu não entendo.
 
   - Oh, não? - zombou o homem ao arremeçar o caixote para o outro lado com violência e ele se partir. - Estranho. Sabe onde eu encontrei todas essas garrafas?

   O garoto nega, ainda rígido.

    - Nas suas coisas. Enroladas nos bolsos do seu casaco e de todos os trapos imúndos que você porta. - conta o mestre e se aproxima mais. - E encontrei mais um pouco no porão, onde só você entra. Achou que eu não iria descobrir que você troca as garrafas?

Dragões - O RetornoOnde histórias criam vida. Descubra agora