Dragões - O Retorno

Coração Partido

  Passou-se mais uma semana, e como ela se seguiu não foi de forma  fácil. Principalmente para Cabeça Dura e Cabeça Quente.

   Os gêmeos rondaram os cantos da Tormenta inteira para encontrar um esconderijo, porém só acharam um beco com latas de lixo, onde eles tiveram que  se esconder, mas com o passar dos dias começaram a dormir também, porque logo a segurança foi acionada e a Tormenta inteira estava procurando eles, era um lugar horrivelme sem misericórdia onde todos eram tomados com violência. O mestre não ficou nada feliz com a fuga e castigou os guardas responsáveis com a sentença de morte.

   Melequento não vira mais os pais de Corine, desde que a mãe foi lá se desculpar sem vontade. Agora Corine cuidava de Melequento a contra gosto dos pais. Com o passar dos dias o garoto já estava praticamente acostumado com a presença da menina e não se importava mais dela cuidar dele. Era como se a menina fosse uma irmã mais nova que nunca teve.

   Já em Berk, o Salão Principal estava finalmente reformado depois de quase um mês depois do ataque. Os moradores começaram a se mudar aos poucos para lá, ainda com pertences de ajuda; pois estavam sem ouro para comprar coisas novas. Gosmento se recusava a sair da caverna, dizendo que morreria ali mesmo. A depressão pelo filho o atingiu de uma maneira que doia de ver, assim como Dente de Anzol, que só se alimentou com a persuação de Soluço. Uma boa parte continuou na caverna, incluindo os pilotos que deixaram seus confortos do Salão serem oferecidos aos outros. Bocão não perdeu tempo e arrumou um aconchego por lá também.

   Astrid melhorou cada vez mais com o passar dos dias, a ferida em seu braço era cada dia menos notável e estava finalmente em processo de cicatrização. Porém os pesadelos ainda a atormentava, fazendo ela sempre se sentir fraca e com dor de novo. Soluço sempre aparecia lá para acalmá-la.

  Outra coisa era sua palidez, que ainda estava presente no rosto da garota de forma preocupante. Por isso, em uma tarde de sexta, Gothi deu permissão para Astrid sair da caverna um pouco, acompanhada por Soluço, como garantia. Ela acreditava que ficar muito tempo em uma caverna escura e quente não estava fazendo bem a garota e que ela precisava ver a luz do sol um pouco.

  Soluço não sabia se aprovava ou não, tinha medo que ela piorasse se saisse da cama. Ou que algo acontecesse. Porém ele também não acha certo ela passar dias e dias na caverna escura, ainda mais depois da cara de alegria da garota ao saber que iria sair de lá. Se fosse ele no lugar dela, também não iria gostar de ficar preso.

    Ele ajudou ela a se levantar, porém não precisou muito, ela estava em perfeitas condições de andar, sua perna ferida mal se notava, só andava mais devagar. Andaram para o ar puro da montanha de mãos dadas, Astrid novamente com sua trança embutida. Ela não parava de sorrir nenhum minuto, respirando o ar como se não fizesse isso há anos.

  - Senti falta disso! - diz ela ao sentir o sol bater no rosto dela. - É tão bom sair de lá!

   - É, mas não se empolgue! - diz Soluço enlaçando seu braço no dela. - É só por hoje a tarde.

    - Não sei porque a Gothi não me dá alta de uma vez. - diz ela ao caminharem para o gramado a frente. - Eu me sinto ótima!

   - É só por precaução. - diz ele. - O veneno está praticamente limpo, em alguns dias seu braço cicatriza e aí ela vai te liberar por completo.

   - Eu já poderia me dar alta!

   - Nem pense nisso! - diz ele ao puxá-la para si. A garota ri para dele. - Agora eu sou seu guarda costa, milady!

   - E para que preciso de um guarda costa nesta caminhada calma? - brincou ela.

   - Ah eu tenho que te vigiar, né? - diz ele puxando ela pela cintura para caminharem mais juntos. - Tenho que garantir que você não vai tropeçar e rolar a montanha abaixo.