Capítulo 152

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BERNARDO.
Acordei naquela merda de dia com a cabeça explodindo, sério, tava até latejando aquela porra e era estranho porque nem quando eu bebo muito eu fico com dor de cabeça assim e nessa altura do campeonato, a bebida que eu tinha bebido de tarde na casa do Kaio já tinha saído do meu corpo na hora da altinha com os moleques. Desci pra tomar um remédio e voltei pra tomar banho rápido. E foi aí, depois daquele banho que meu mundo caiu de um jeito que eu nunca acreditei que ia cair. Quando eu olhei aquela maldita mensagem, olhei aquela maldita foto... aquele bilhete. Sabe quando você não tem aquele chão pra pisar? Então, eu tava assim. Eu sempre acreditei e defendi muito a minha índole, eu tava decepcionado comigo mesmo. Se tem uma coisa que sempre me orgulhei foi do meu caráter e lealdade... fidelidade, sabe? Pra eu fazer uma sujeirada dessas com alguém que eu amo, alguém que eu amo demais e tenho certeza que é a mulher da minha vida. Eu não conseguia me olhar no espelho, eu não conseguia pensar. Eu tentava me lembrar de alguma coisa que tenha acontecido ontem mas nada fazia sentido na minha cabeça e isso ficou sem importância pra mim, porque a única coisa que eu tinha e queria fazer era ir falar com a Valentina, eu não sabia se eu teria cara pra falar com ela... o que eu ia falar? Acho que essa era a primeira vez em toda minha vida que eu tava me sentindo sujo, sujo não... imundo. Tomei mais um banho e cada minuto eu lembrava de algum momento com a Valentina, o dia do meu aniversário... aquele dia foi um dos mais felizes, lembro de tudo, lembro perfeitamente, e chorei! Me arrumei e fui até a casa da Valentina, perguntei se ela tava lá pra dona Alice e ela não tava e foi aí que eu lembrei que ela iria dormir na Mari, fui até lá... mas ela já tinha saído.

- Cara, a gente pode conversar? — falei pro Mateus que me olhou assustado.

- Claro. Bora ali fora. — Eu assenti com a cabeça e a gente foi até o lado de fora da casa dele. — Que foi cara?
- Fiz a maior cagada da minha vida, Mateus. Eu acabei de perder a mulher que eu amo, a mulher da minha vida.

- Como assim, cara? Vocês tavam numa boa ontem e a Valentina tava super de boa hoje, vocês brigaram? Se foi isso relaxa, porque vocês vão se acertar.

- Olha isso, Mateus. — desbloqueei meu celular e entreguei pra ele. Mateus olhou, olhou e me entregou o celular. O olhar do meu irmão pra mim era de pena o que me deixou ainda pior. — Eu sou um bosta, vou falar o que pra ela Mateus? O pior é que eu não lembro de nada. Caralho, cara! Eu tava bebado assim? Porra. Eu não acredito que eu tenha feito isso, você me conhece cara.

- Bernardo respira, pelo menos você tá aqui pra assumir o que você fez, irmão.

- Eu quero morrer, isso sim, Mateus. Olha o que eu vou fazer a menina passar, eu não sou assim, Mateus. Não sou.

- Você lembra de como foi que aconteceu isso?

- Não lembro de nada, cara.

- Pô, Bernardo. Não sei o que te falar, tu sabe que tu é meu irmão e que enquanto eu for vivo tu vai poder contar comigo. Mas tu vacilou, o pior é que tu vacilou com a mina mais firmeza que passou na tua vida. Eu queria te dizer que sei que ela vai te perdoar porque ela te ama, mas traição é foda e não acho que seja coisa que a Valentina consiga passar por cima.

- Eu sei. — falei limpando meus olhos que estavam marejados.

- Mas o mundo da voltas irmão, magoa não dura pra sempre e quem sabe um dia tu consiga a confiança dela de volta? Pô, todo mundo que conhece vocês dois sabe que vocês nasceram pra ficar juntos. Por mais que tenha acontecido essa mancada aí, vocês nasceram um pro outro. O mundo gira demais Bernardo.

- Vou da o fora, preciso resolver minha vida. — falei indo em direção ao carro.

- Não vou deixar tu sair daqui desse jeito não, se tu quiser vou te levar em qualquer canto. Mas dirigindo assim tu não vai.

- Mateus, qualquer coisa que me aconteça vai ser melhor do que o que tá me acontecendo agora. Não fica me barrando não, beleza? — Ele assentiu e eu sai, fiquei rodando pelo Rio de Janeiro todo, minha vontade era de entrar em qualquer favela por 'engano' e rezar pra que tivesse tendo confronto.

Já tava escuro, era umas 19 horas mas ou menos e eu parei em frente à casa da Valentina. Ela não tinha respondido nenhuma mensagem minha ou atendido nenhuma ligação. Fiquei uns 30 minutos tentando encontrar um pingo de vergonha na cara pra encarar a Valentina. Não tava dando muito, mas sai dali de dentro e toquei a campainha.

- Oi meu amor, só você mesmo pra tirar minha menina daquele quarto. Eu já to ficando preocupada com ela. — dona Alice falou me dando passagem e um abraço e eu só fiquei mais triste, papo reto.

- Vou lá. Cadê o Bruno?

- Não chegou ainda, sabe como ele é. — Eu assenti e subi até o quarto da Valentina, bati na porta algumas vezes mas ninguém respondeu. Insisti.

- Mãe, eu não quero comer, não quero sair. Me deixa quieta.

- Sou eu! — Silêncio. — Valentina, abre aqui a porta. Por favor!

Mais alguns minutos de silêncio, eu merecia isso. Mas eu preferia que ela me deixasse entrar, me deixasse falar com ela, eu não sabia se ela já estava sabendo, mas provavelmente ela saberia. Mais alguns minutinhos ali e ela abriu a porta, Valentina não conseguia me olhar nos olhos... é claro que ela sabia. Me deu passagem pra entrar e fechou a porta. Demorou, mas eu consegui encarar ela nos olhos e ali eu tive uma noção do quanto eu tinha magoado alguém que eu tanto amo. Não tinha como, mas vendo aquela carinha dela de choro eu tive a mesma vontade de chorar. A gente não falava nada, mas as lágrimas caiam lentamente.

Vai namorar comigo sim!Onde histórias criam vida. Descubra agora