Capítulo 157

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Os meninos ficaram conversando comigo tentando me acalmar, mas nada podia me deixar calmo. Assim que eles pararam de falar eu sai dali.

- Vou resolver um bagulho. Podem ficar tranquilos, não vou fazer nada que me arrependa depois. — Sai dali e sai dando graças a Deus por ser um dia na semana e não ter passado tanto tempo que tudo tinha 'acontecido'. Fui na clínica do meu plano de saúde mais perto e fiz alguns exames. Era só pegar o resultado. Quando tava saindo dali, desbloqueei a Iasmin no meu celular e mandei uma mensagem pra ela.

📱
Bernardo A: Tem como você me encontrar na praia?
+55 21 9...: Claro Bê! Tava esperando mesmo você entrar em contato. ☺️— Tive que respirar fundo mil vezes pra não mandar essa cachorra ir pra puta que pariu. —
+55 21 9...: Onde?
Bernardo A: Pode ser lá em casa mesmo.

Sai dali e fui em direção a minha casa, rezando pro meu pai não tá lá, porque ele não tinha que presenciar nada disso. Eu deixaria pra imprimir os resultados dos exames pela internet e sabia exatamente o que eu faria com isso. Quando cheguei em casa fiquei esperando a Iasmin do lado de fora mesmo, foda-se os vizinhos, o que eles achariam do barraco. Assim que vi o carro dela chegando ajeitei alguma coisa no meu celular, ela estacionou o carro ali e desceu vindo na minha direção.

- Porque tá aqui fora? — Ela tentava passar alguma doçura na voz e eu só sabia me perguntar o que diabos se passava na cabeça de uma pessoa dessas e como ela conseguia ser tão dissimulada? Não aguentei e ri. — Que foi? — Minha risada era mais irônica do que pelo fato da situação ser tão ridícula que chegava a ser cômica.

- Você me surpreende, sério. Você realmente conseguiu me surpreender...

- Com o que? — Ela disse me interrompendo.

- Você fez com que eu me surpreendesse comigo mesmo. Eu nunca imaginaria que tinha o dedo tão podre assim. — O sorriso que ela carregava no rosto se desfez na mesma hora. — Não, sério... o que será que eu vi em você? Porque você pode até ser gostosinha, o conjunto da obra uma coisa boa, mas você não é legal, você não tem assunto, você é tão normal que chega a ser bizarro. Mas, além de tudo isso, você é baixa, sonsa, dissimulada, manipuladora.

- Porque você tá me dizendo todas essas coisas Bernardo? — Ela forçava que os olhos marejassem.

- Não, você não vai me comover. Eu sentia pena de você sabia? Sentia pena por achar que você era sozinha e que iria acabar enlouquecendo... por isso que mesmo quando minha namorada me alertava, quando ela me falava que você era perigosa, eu insistia no erro.

- ELA NÃO É SUA NAMORADA.

- Cala a boca! É claro que ela é minha namorada, porque você não vai conseguir NUNCA mudar o que eu sinto por ela, o que ela sente por mim. É único! E você nunca vai ter alguém que sinta o mesmo por você, sabe porque? Porque você é RUIM, você é maldosa. Você é uma verdadeira cretina! O que você tava esperando? — eu ri novamente irônico. — Você achava que eu nunca ia descobrir ou me lembrar que não rolou nada? Você pensava que o Iago não iria ligar o fato de ter ficado trancado no quarto com a repentina vontade de trair minha namorada passava pela minha cabeça, ainda mais, trair com você? A sua burrice me espanta.

- Bernardo..

- Não fala nada não, Iasmin. Só presta atenção em uma coisa, eu quero você longe. Longe da minha vida, da minha casa, dos meus amigos, da minha namorada, longe de mim. Você tá me entendendo?

- Eu fiz porque eu sei que a gente tinha que ficar junto, Bernardo. Para de negar isso pra você mesmo. Eu fiz isso tudo porque eu te amo. — Ri de novo.

- Iasmin, longe! E eu não vou só te pedir isso, você vai ficar longe por bem ou por mal, porque quando o resultado dos exames mostrarem que tem coisa errada no meu sangue E VAI MOSTRAR, quando eu mostrar a gravação dessa conversa pra qualquer advogado e tribunal no mundo, depois de fazer um b.o contra você, eu consigo te deixar a metros longe de mim. Então, longe... bem longe.
Ela começou a gritar e a chorar lá e eu deixei ela fazendo o show sozinha e entrei em casa. Me joguei no meu quarto e até respirar eu respirava mais aliviado, papo reto. Tirei o celular do bolso pra ver se a gravação tinha ficado do jeito certo e graças a Deus, tinha! Um peso enorme saiu das minhas costas, caralho! Eu não tinha feito nada disso... nada. Tava caindo de laranja nessa história, a Valentina vai me perdoar, eu sei que vai.

Naquele mesmo dia eu olhei o resultado dos exames e tinha lá a alteração, tirei várias cópias. Passei a gravação pro pendrive, falei com um amigo meu que eu já tinha até feito uns estágios com ele no escritório dele de advocacia. Fui atras de tudo naquele mesmo dia, abri B.O e a porra toda. Eu queria ir na Valentina e contar tudo, tudo que eu descobri, falar toda a verdade pra ela, sabe? Mas ao mesmo tempo eu queria dar esse espaço pra ela entender, seja lá o que tivesse na cabeça dela, eu queria que ela apenas entendesse...

Dei esses espaços de alguns dias enquanto tava resolvendo tudo pra deixar a Iasmin longe de mim. Os moleques me deram a maior força e o Iago sempre se desculpava pela a irmã, só que essa merda aí que a irmã dele fez não muda em nada minha amizade com ele. Ficava na minha, só monitorando tudo que a Valentina tava fazendo e tava até tranquilo porque ela não tava saindo, mas aí mané, ela começou a sair e eu tava ficando puto de um jeito. No dia que ela foi pra Vitrini, eu parecia maníaco, olhando tudo que todo mundo postava, ficava puto com cada comentário na foto que eu não podia responder com um 'minha'. Nem me aguentei, fui bater lá. Mais fácil controlar de perto, se alguém tentasse alguma coisa eu já chegaria no direto. Mas ela só fez se divertir com as meninas mesmo e foi desse dia aí que eu resolvi que eu tinha que contar tudo pra ela logo, não ia aguentar viver assim, passando mal toda vez que eu pensasse que ela podia ficar com alguém por se sentir solteira quando na verdade, ela é completamente minha.

Fui de tarde na casa dela, a Alice abriu a porta me dando passagem. Não sei se eles sabiam que a gente tinha terminado, mas tanto a Alice quanto o Bruno me trataram da melhor forma possível.

- Ela não tá em casa... — Alice disse.

- Graças a Deus! — Bruno falou enquanto ria.

- Bruno, pelo amor de Deus!

- Ela vai demorar ainda sogrinha?

- Bê, não sei... na verdade eu acho que não, até porque ela saiu desde ontem né. Diz ela que era a noite das meninas.

- Posso esperar lá no quarto? — Ela assentiu.

- Depois desce aí pra gente jogar uma sinuquinha. — Fiz um beleza com  mão e subi. Fiquei olhando lá pra tudo que tinha naquele quarto, tantas lembranças, deveria tá sendo complicado pra ela também, lembrar de tudo. Sorri comigo mesmo quando abri a gaveta e vi uma calcinhas que a Valentina sempre deixava ali, separada, na gaveta do criado mudo. Era a minha calcinha favorita de todas e só por ser a favorita que eu nunca tinha rasgado.

- Isso é bem estranho... — Ouvi a voz dela e coloquei a calcinha de volta no lugar bem rápido.

- Não deveria ser. — Tentei sorrir mas o máximo que eu consegui foi soltar um sorriso de lado.

Vai namorar comigo sim!Onde histórias criam vida. Descubra agora