Capítulo 135

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Maratona 5/7

Naquela noite, só minha filha e a Isadora mesmo conseguiram me acalmar. Saber que a Júlia iria continuar sendo minha no papel me deu uma tranquilidade que eu precisava pra enfrentar isso tudo.
Mais tarde o Diogo chegou lá em casa, Diogo sempre foi como meu irmão mais novo o irmão que eu não tive, assim que ele me viu já me abraçou chorando. Era estranho pra caralho nossa ligação porque minha mãe sempre tratou a gente como irmãos, já que o Diogo veio cedo pro Rio de Janeiro e os pais dele ficaram morando em São Paulo, moram até hoje.

- Pô cara! Sei nem o que te dizer. — Ele disse escorado na varandas do meu apartamento.

- Nem eu, irmão. Nem eu. — Falei dando um gole na cerveja. — Minha vontade é de sair e foder a porra toda, bolar uns boldos até isso tudo passar. Mas aí lembro dela, lembro da Júlia e da Isadora. A vontade passa automaticamente, só quero ficar aqui e tentar cuidar de tudo.

- Tu cresceu irmão, é isso, se ela for... vai feliz pra caralho.

- Tô afim de levar ela em outros médicos, porra... ela tá levando há 2 anos, vai acabar assim? Em uma semana. Tá errado isso.

- Conversa com ela, pelo que ela me falou quando eu fui lá, ela não quer ir em mais médico nenhum. Não quer mais tomar os remédios.

- É foda. — Eu disse terminando minha cerveja.

- De verdade. — Ele fez um toque de mão comigo e a gente saiu da varanda e a Isadora tava descendo as escadas. — E aí cunhada.

- Oi. Tá aqui tem muito tempo? — Ela falou abraçando ele.

- Mais ou menos, mas já to indo. Valeu aí, fé irmão. O que tu decidir, vamos fechar.

- Vamo sim. Vou lá amanhã conversar com ela direito e resolver. Valeu irmão.

- Tchau Di. — Ele abriu a porta e foi embora.

Hoje era sexta e a semana tinha sido uma fudição. Não to indo trabalhar, os moleques tão me cobrindo legal lá na 5! Por falar neles,   entendi exatamente o que é aquela frase de: "Quem tem amigos tem tudo." acho que se não fosse por eles, nem tava tão bem assim, tranquilo com essa situação, galera não saiu do meu lado por nada, me dava força todos os dias, vinham me ver, só pra jogar conversa fora, ninguém saiu do meu lado. Foda isso, o que todos eles fizeram por mim. Marcela fez um book tão lindo da minha mãe com meu pai, comigo e com a Júlia, lindo, muito lindo. Enfim, todos eles contribuíram de alguma forma. Tô praticamente morando na casa da minha mãe, com a Isadora e com a Júlia, sei lá... coloquei na minha cabeça que tinha que ficar o tempo todo na minha mãe, cuidar dela pelo tempo que ela não me deixou cuidar. A gente tava sentados no jardim, eu, minha mãe, meu pai, a Isadora, a Júlia e o Diogo, estávamos tomando um café da manhã porque esse horário é o melhor pra ela ficar fora, ela tava feliz, dava pra ver pelo olhar dela.

- Vovó, você é a mais linda do mundo. Você e a vovó Isabel. — Ela disse e minha mãe sorriu. Minha filha era um anjo.

- Você quem é linda.

- Pra você. — Ela disse entregando uma flor pra minha mãe, terminamos de tomar o café da manhã e a Isadora foi retirar as coisas.

Engraçado né? Às vezes a gente não sabe porque as pessoas entram na sua vida, mas isso que a Isadora tá fazendo por mim, pela minha mãe, porra... enquanto eu tiver vida é essa mulher que vou valorizar até a morte. Mesmo depois de tudo, ela tá aí, prestativa pra caralho, cuida da minha mãe como se fosse a mãe dela. Levei minha mãe pro quarto e fomos pra sala, nesse meio tempo eu consegui convencer ela a ir no medico, fomos eu, ela e o Diogo. O que o médico falou era tudo aquilo que ela já sabia e que era difícil de entrar na minha cabeça.

- Vai trabalhar não amor? — Falei batendo na perna da Isadora que tava sentada no meu colo.

- Não, tô sentindo um negócio estranho. Prefiro ficar aqui com vocês.

- Não deve ser nada demais, vida!

- Tomara.

- E aí casal. Vou lá na implicante da Marcela.

- Ainda nessa de não se assumirem?

- A culpa é minha? Não mesmo. Ela que fica nessa, vou lá porque pela voz dela ela tá boladona com alguma coisa.

- Fé então.

✍🏽
Não deu tempo nem do Diogo chegar na casa da Marcela, a mãe do Kaio começou a passar mal e ele rápido ligou pro primo, que simplesmente fez o caminho de volta, mandou uma mensagem de áudio explicando ou tentando explicar pra Marcela.

- Mãe, tá sentindo o que? Pelo amor de Deus.

- Tá passando, meu filho... tá acabando. — Ela disse com dificuldade.

- Fala isso não ein, fala não...

- Amor, senta aqui. — Ela falou pro pai do Kaio, que se sentou ao lado dela na beirada da cama, nessa hora Isadora agradecia por Júlia está dormindo pra não ter que presenciar isso tudo, Kaio a abraçava ali no canto, ouvindo tudo, nervoso, não conseguia sequer chorar. — Ô meu amor, quem diria né? Que chegaríamos tão longe, que teríamos uma família tão linda. — O pai do Kaio beijou as mãos dela. — Você me deu a coisa mais importante da minha vida, me fez completa, mulher e mãe. E eu fui tão feliz, fui muito feliz de verdade. Eu vou te amar pra sempre, espero que você sempre lembre de mim também, mas não pare sua vida, não se permita ficar sozinho... — Ele negou com a cabeça emocionado e deu um selinho em sua mulher. — Lembra os nossos planos? De viajar pelos lugares que achamos ser os mais legais? Quero que faça, faça por mim, pois onde você estiver eu vou estar também.

- Te amo, Carla. Não faz isso comigo.

- Ei. — Ela tentou colocar a mão no rosto dele. — Eu não vou embora, vou tá sempre aqui. — Pousou a mão no coração dele. — Promete pra mim, promete que vai fazer tudo aquilo que planejamos.

- Eu não posso sem você.

- Por favor...

- Eu... eu...

- Promete.

- Prometo! — Ele tentou lhe dar um beijo que talvez fosse o último. — Prometo tudo que você quiser meu amor, não se esforça não, o médico vem ainda hoje, ainda não acabou.

- Eu amo você! — Quando ela terminou de falar isso a porta se abriu e era o Diogo, carregava uma cara de desespero, olhou praquela cena e não entendeu, mas sentou no sofázinho que tinha ali e observou tudo, o pai do Kaio se levantou da cama e foi até a janela olhando pro nada. — Diogo, vem cá filho.

Diogo ainda tava assustado com tudo aquilo, com aquela situação, mas se levantou e foi até ela. Sentou na cama assim como ela pediu e a cara de assustado deu lugar pra lágrimas de medo, medo de perder alguém tão próximo e que ele amava tanto.

Vai namorar comigo sim!Onde histórias criam vida. Descubra agora