"Oi filho. 24 anos né? Incrível como pode passar o tempo que for que você vai sempre continuar sendo o meu bebê. Kaio, eu sei que você queria que eu estivesse aí, aliás eu também queria está aí. Vendo você feliz do jeito que só você sabe ser feliz, aproveitando com sua filha linda, com seus amigos, com sua mulher. Mas, eu não estou, não de presente mas sim de coração. Eu to aqui filho. Eu nunca saí. Eu nunca vou... Eu quero que você entenda que os planos de Deus são perfeitos e agradáveis e eu quero que você me prometa de novo, que não vai viver um luto. Onde quer que eu esteja, o que quer que eu faça, você vai está no meu coração.Feliz aniversário minha vida, meu filho, meu herdeiro. Viva intensamente e seja muito feliz, mil beijos. Eu te amo, filho. Mais do que a mim, mais do que tudo. TE AMO!
Beijos,
P.s: mamãe te ama!"Quando terminei de ler a carta achei que fosse algum tipo de brincadeira, eu não queria acreditar que aquilo estava acontecendo e daquela forma ainda mais. Eu tinha recebido uma carta da minha mãe? Da minha mãe que morreu? Como assim? Peguei o gravador e coloquei pra reproduzir.
"Parabéns pra você, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida. Você deve que tá achando isso uma loucura, né? Deve tá até sem entender. Mas, eu nunca vou cansar de lembrar pra você que eu to aqui, em pensamento, eu energia e nos corações. Curta muito seu dia amor, eu quero que você curta. Mamãe comprou uma blusa do Flamengo pra você e ela pode chegar a qualquer dia e como eu sei que você gosta e se você não tiver mentindo pra mim é descumprindo você vai beber hoje, então... tá chegando aí alguns engradados. Te amo! Beijo, feliz aniversário! TE AMO!"
- Amor? Você comprou mais engradados de cerveja? Chegou um moço pra entregar. — Isadora disse entrando no quarto e parou depois de me olhar. — Que foi?
- Minha mãe...
- O que é que tem, Kaio?
- Ela quem comprou.
- Para de palhaçada!
- Tô falando sério, escuta. — Coloquei o gravador pra tocar e a Isa ficou ouvindo tudo com aquele olhar terno dela. — Diz que eu não to doido e que é minha mãe aí.
- Nossa, Kaio... ela te amava tanto amor. — Me abraçou. — Quer dizer, ela te ama tanto. Sua mãe foi perfeita com você.
- Vou guardar esse gravador e essa carta pra sempre.
- Ela pensou em tudo amor. — Eu assenti. — Vou lá ver se sua filha já terminou de comer e guardar as cervejas. Aliás, fala com essa garota ein, tá teimosa toda vida.
- Oh, deixa ela ein. Você quem fica irritando a menina.
- Aí eu mereço viu, eu mereço. — Ela me deu um tapa no ombro. — Entra no pau você e ela.
- Ihhhhh. Mandadona! — Eu falei e ela riu saindo do quarto. Fiquei mais alguns minutos lendo e relendo aquela carta da minha mãe, ouvindo a voz dela, eu tava feliz... feliz mesmo. Minha mãe ia sempre ser o anjo colocado por Deus na minha vida. Sem duvidas. —
Depois de um tempo, tomei um banho e vesti uma roupa e desci, minha comida tava no prato na mesa e a Isadora tava terminando de guardar as cervejas já. Assim que sentei a Ju já veio pro meu colo, minha bebê pô, vou mimar pra sempre.- Filha, deixa seu pai comer. — Isadora disse quando viu que ela tava no meu colo.
- Ahh manhê. — Eu ri.
- Tá atrapalhando não amor, fica quietinha, minha princesa não atrapalha. Né amor do pai? — Ela sorriu e assentiu me dando um beijo na bochecha enquanto eu continuei a comer. Assim que terminei a campainha tocou. E era o pessoal, parece que chegaram até todos juntos eu ein...
Aniversário melhor que aquilo que tava rolando só se minha mãe tivesse aqui. Eu nunca gostei de fazer festão em aniversário, pra mim, se eu fosse pra praia surfar com os moleques de manhã cedo e na volta fosse beber em casa já era perfeito, esse então que tenho uma família e tá todos os meus amigos aqui, tá zica, apesar de não gostar de festão, pra mim, cerveja era essencial, não só cerveja mas tudo que tenha álcool, então meus aniversário sempre foram assim, eu organizava tudo que era de bebida, gastava um dinheiro da porra e quem quisesse comer, trazia alguma coisa.
Os moleques trouxeram uma máquina lá de karaokê e passaram a tarde toda cantando com aquilo, sorte minha que meus vizinhos são ótimos, se não...
Já no finalzinho da noite, umas 00:40 a campainha tocou, fui atender e era meu pai, até assustei.
- Olho baixo é esse garoto?
- Pai? Chegou que horas cara? Porque não disse? Eu ia te pegar no aero.
- Nada, peguei um táxi, fui em casa e vim aqui te dá um abraço. — Ele disse e me abraçou. — Felicidades meu filho, você merece.
- Valeu pai, te amo ein. — A gente desfez o abraço.
- Te amo! — Ele disse e sorriu. Abri espaço pra ele passar e fechei a porta, ele cumprimentou todos, mas logo foi no xodo dele que era a Ju. Pegou ela no colo e ficou enchendo de beijos, acho que uma das coisas que meu pai sente mais falta é da neta dele. Depois ele me chamou pra subir com ele lá no meu quarto.
- Tá aqui teu presente. — Ele falou tirando uma chave do bolso e me entregando.
- Que isso?
- A chave da tua casa.
- Tô te entendendo não pai.
- Não tem condições de continuar morando lá, aliás, a única coisa que eu não vou continuar é a morar lá. Eu já esvaziei tudo, é sua.
- Pai, bebeu? — Ele riu. — Não vou aceitar isso, é a sua casa, sua e da mamãe.
- Tudo lá me lembra ela, Kaio. Ela tá me fazendo fazer todas essas viagens, tá sendo ótimo, mas quando eu chego aqui, quando eu chego em casa, tudo me lembra ela. Você sabe disso. Eu não preciso tá no Rio pra tocar as coisas do trabalho, consigo fazer isso até viajando. Vai meu filho. Faz esse favor pro seu pai, lá você sabe que é tudo maior, você vai ter mais espaço, minha neta vai ter mais espaço... eu sei que logo, logo, vai chegar outro netinho, eu quero que você vá. Eu tenho outras casas aqui no Rio, não é como se eu tivesse indo pra de baixo da ponte.
- Pai...
- Tá aí a chave, minha equipe tá totalmente a sua disposição pra arrumar a casa do seu jeito. — Ele me deu um abraço e saiu, eu não sabia nem o que pensar. Puta que pariu viu! Desci e continuamos a ficar ali com o resto do pessoal, chamei o Diogo no canto pra contar sobre isso e ele me incentivou a ir morar lá, seria "melhor". Mas depois eu conversaria com a Isadora, afinal, seria outra mudança.
Umas 03:30 acabou aqui, depois de muito interfone, eu finalmente consegui mandar a cambada toda ir embora. Meu neném já tava dormindo há horas, tava cansadinha do dia de hoje então ela dormiu super cedo. Tava lavando os pratos, enquanto a Isadora ficava me abraçando por trás, ela tinha essa mania, sempre que eu tava fazendo alguma coisa ela ficava me agarrando assim.
- Preciso te contar uma coisa.
- O que?
- Meu pai me deu a casa dele, pra gente. Ele diz que não consegue viver lá e me deu de presente de aniversário. Liberou a equipe e tudo mais pra gente montar lá.
- Kaio...
- Eu sei, eu sei, parece loucura. Mas queria saber o que você acha, porque eu nunca tomaria nada sem você concordar.
- Amor, eu não sei. Me incomoda o fato de pensar em me mudar de novo, eu gosto daqui, mas ao mesmo tempo penso na Jujuba, vai ser melhor pra ela, ela vai ter mais espaço, da pra ir até de bicicleta pra praia, esse tempo que a gente passou ficando lá na sua mãe ela gostou tanto. O negócio é que é uma casa tão enorme pra nós tres.
- Já te disse pra parar de falar nos três, sendo que a qualquer segundo posso descobrir que vou ser pai de novo.
- Ah tá, vai sonhando. Mas é isso... eu não gosto desse processo de ajeitar as coisas pra mudança. Mas tudo que você topar, eu vou topar também.
- Ah é? — Falei me virando pra ela.
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Vai namorar comigo sim!
Teen Fiction"Eu vim acabar com essa sua vidinha de balada e dar outro gosto pra essa sua boca de ressaca. Vai namorar comigo SIM, vai por mim... igual nos dois não tem. Se reclamar cê vai casar também com comunhão de bens. Seu coração é meu e o meu é seu também...