Vai namorar comigo sim!

Capítulo 89

Bernardo me olhava como se não tivesse entendendo. Eu sei, podia até ser que eu tivesse exagerando, até porque eu e o Bernardo temos muito mais momentos bons do que ruins, mas pra mim, um relacionamento que não tem confiança não vai dá certo nunca.

- Hãn? Do que você tá falando, cara. Caralho! - Ele se levantou e ficou andando de um lado pro outro no quarto, parada eu tava, parada fiquei. - Valentina, olha o tanto de coisa que a gente já passou pra chegar até aqui e tu vir me dizer isso. Terminar, cara? A gente só vale isso? Eu só tô valendo isso pra você?

- Eu não tô falando isso, Bernardo...

- Não. Você tá falando sim, você tá me dizendo que quer jogar tudo pro alto por nada. Porra... não fode.

- Não é por nada, Bernardo. E você pensar isso só me prova que você não vai nem tentar mudar pra fazer da certo.

- Só eu quem tenho que mudar então?

- Não Bernardo, não é só você que tem que mudar. Eu sou cheia de erros e defeitos também, a única diferença entre a gente é que eu confio em você. EU. CONFIO. EM. VOCÊ.

- Porra mas me deixa tentar, eu confio em você. Eu tenho medo de te perder... é diferente.

- Não, você não confia em mim. Você tem necessidade de procurar algum erro meu, você acha que todos os homens do mundo me querem e que em algum momento eu vou acabar ficando com todos eles.

- Não termina comigo, não faz isso com a gente... - Ele disse e dessa vez mais calmo, a voz que já tava embargada só me anunciava aquilo que eu já sabia, ele estava prestes a chorar e quando ele virou pra mim me olhando nos olhos eu tive certeza que não faltava muito.

- Bernardo... - Eu respirei fundo. - eu amo você.

- Eu também te amo. Eu te amo tanto que doi. - Ele se aproximou de mim me abraçando. - Se eu te perder eu perco meu mundo. Me deixa pelo menos tentar.

Eu não conseguia responder nada e o Bernardo ficava me olhando como se eu tivesse prestes a acabar com o mundo dele, claro que eu jamais queria terminar meu namoro com ele, porque eu o amava de todas as formas possíveis. Mas era foda, ele precisava confiar em mim. Ficou um silêncio naquele quarto, eu não conseguia falar nada e ele muito menos. Era silencioso demais, doloroso demais... eu segurei com as duas mãos o seu rosto e iniciei um beijo, foi calmo, foi gostoso e foi cheio de amor... assim como deve ser. Ele finalizou o beijo e me encheu de selinhos, me abraçou me apertando super forte.

- Obrigada. Eu te amo! Eu te amo.

- Não faz com que eu me arrependa.

- Não vou, eu juro!

A gente se beijou novamente e saímos de casa pra ir pra casa do Kaio porque a Isadora já tava começando a ligar, fui no carro com o Bernardo e fui o tempo toda calada pensando na vida. Ele conseguiu entrar no condomínio com o carro porque cada morador tem duas vagas e como o Diogo mora aqui também, o Bernardo colocou na outra vaga disponível dele. A gente desceu do carro e ele me puxou.

- Tá tudo bem mesmo?

- Aham. - Dei um selinho nele e o puxei pela mão até o elevador, ele me abraçou pelo pescoço e fomos assim até a porta da casa do Kaio, tocamos a campainha e a Isadora veio atender.

- E aí casal.

- Oi amiga! Cadê minha bolinha?

- Tá lá dentro conversando com a barriga da Mariah, entra gente. - Ela disse dando passagem e o Bernardo entrou na frente depois de cumprimentar ela. - E aí? Tá tudo certo mesmo?

- Tá sim amiga. - Tentei da um sorriso e fui entrando, tava tocando um pagodezinho em som ambiente, os meninos tavam bebendo na varanda e a Mariah tava no sofá com a Júlia, que quando me viu veio correndo até mim.

- Tia, você nem me ligou hoje. - Ela falou fazendo maior bico e eu me segurei pra não esmagar aquela coisa linda.

- A tia tava ocupada amor, mas prometo que sou toda sua agora. - Peguei ela no colo e dei um beijo na testa da Mariah. Depois de um tempinho a gente bateu os parabéns, porque já tava bem tarde e já passando do horário da Júlia dormir. Tanto que logo depois o Kaio foi levar ela pra dormir. Os meninos inventaram de que tinham que sair pra comprar mais cerveja porque as deles só tinha mais um engradado, eu mereço né. Mas foi até melhor eles terem saído... me joguei no sofá respirando fundo e nem precisava de muito pras meninas entenderem que eu queria conversar.

- Tá, pode começar a falar. - A Mariah falou.

- Falar o que?

- Aí... para, Valentina. Se eu já te conheço o suficiente pra saber que você não tá bem, imagina a sua irmã.

- Quase que eu termino com o Bernardo hoje. - Falei querendo chorar. - Tipo, eu ainda dei a opção, sabe? Sei lá.

- Foi tão grave assim, amiga?

- Cara. Eu não consigo explicar direito, tipo, ele sente ciúmes... beleza. Mas tem uma hora que passa de ciúmes pra ser posse entendeu? Desde que eu me entendo por gente eu sou muita dona de mim mesmo, eu não sou propriedade do Bernardo, nem nunca vou conseguir ser. Quando eu aceitei namorar com ele, eu sabia que ele tinha um passado, sabia que ele tinha amigas, sabia que ele tinha um jeito... e quando ele quis namorar comigo, ele também deveria saber que eu tenho o meu. Até com o irmão dele eu já fiquei, o que é que ele quer falando do meu amigo de faculdade cara... tipo?! Não existe isso.

- Pior que eu te entendo perfeitamente, mana. Você sempre foi assim.

- Sim, e aí é que tá o problema. Eu tenho medo de que pra deixar ele feliz e a gente bem, eu acabe mudando o meu jeito e aí eu quem vou ficar infeliz, sabe?

- Mas ele disse que ia tentar mudar amiga?

- Falou.

- Você não acreditou?

- Acreditei, ele sempre me passa sinceridade. Mas foi tudo muito recente, não tem como eu ficar agora fingindo que nada aconteceu, sabe? A lembrança tá viva e ainda machuca.

- E é por isso que você não tá conseguindo se conectar com ele e ele tá sentindo isso também.

- Verdade, até o sorriso que ele tenta dar tá diferente. Você a mesma coisa, ainda bem que não terminaram, porque não consigo nem imaginar. Vocês iam sentir demais.

- Iam, viu? Só com uma briga e de vocês estarem meio afastados, tão outras pessoas... sem brilho, sabe?

- Uhum. Aí gente, eu amo ele de verdade. - Falei fazendo bico.