Capítulo 178

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Felipe passou o braço no meu pescoço e a gente foi pra sala, Rafaela não tirava o sorriso do rosto, parecia retardada. Meu pai ficou me olhando e eu sabia que ele sabia de alguma coisa, ou desconfiava, aquele olhar dele mostrava tudo e eu só queria que um buraco abrisse e eu caísse dentro.

- O que de tão importante você tem pra falar pra gente, Renata? Vai casar? — minha mãe perguntou.

- Deus me livre. Não é isso não.

- Hm.. então já pode começar a contar. — disse meu pai.

Eu olhei pro Felipe e ele assentiu. Olhei pro meu pai e ele já tava com os olhos estreitos... bom, era agora ou nunca né.

- Gente, é o seguinte... vou falar tudo e espero que vocês não me interrompam. Só depois que eu terminar de falar, pode ser? — respirei fundo. — Bom, eu não faço a menor ideia de quando aconteceu, eu não fazia nem ideia de que estava. Mas estou, espero que vocês compreendam, mas se não compreenderem tudo bem também, eu já sou bem grandinha pra tomar minhas próprias decisões. Enfim, ontem quando eu passei mal, fui com o Felipe no hospital e descobri que eu estou grávida. Já estou com 2 meses e deve ser por isso que passei mal, porque não fazia ideia de que tava grávida e tava bebendo. Bom, como já era de esperado né, são gêmeos. — falei isso como se fosse óbvio. Meu pai que tava sentado levantou virando um tapa na minha cara. Minha mãe e minha irmã gritaram, eu estava chocada. Não conseguia falar nada.

- OU! TÁ MALUCO. — O Felipe se meteu no meio e empurrou meu pai.

- Você ficou maluca né? — meu pai foi o primeiro a falar. — Renata nao consigo nem começar a definir o quão irresponsável você foi.

- Pai! Cala a boca, você já fez demais! — Rafaela disse.

- Não. Deixa eu terminar! O que você tem na cabeça? Você acabou de completar 21 anos? Ainda falta terminar esse ano é mais dois anos de faculdade pra você ae formar. E a pós? E o doutorado? Você tem noção do que é ter um filho? Deve não ter, porque só virou e disse que não sabe nem como ficou grávida... imagine conseguir cuidar de uma criança. Você sempre deu de ser perturbada, meio doidinha mesmo, mas não sabia que você tinha tendência a burrice. Não venha aqui me pedir pra ficar feliz vendo você destruir sua vida e sua carreira por ser uma inconsequente, se essa é a sua escolha eu estou infinitamente decepcionado com você. — Eu já tava como? Morrendo de vontade de chorar, mas eu não ia dá o gosto pra ele... não ia mesmo. Só tinha me dado mais forças pra cuidar divinamente bem dos meus filhos e ainda conseguir todas as minhas realizações profissionais.

- O senhor me desculpe se isso vai soar como falta de respeito, por eu está dentro da sua casa. Mas eu quero sinceramente que se foda o respeito é que o senhor se foda também. Nunca mais o senhor vai tocar na minha mulher ou falar com ela desse jeito. — meu pai quis rir com aquele ar que ele tem de superior.

- Felipe não precisa.

- Precisa sim, Rê. Olha, eu só lamento muito por você não ver o potencial que ela tem pra fazer o que ela quiser, a vida dela não vai acabar porque ela engravidou, muito pelo contrário... ela só vai crescer e cada vez mais. Gravidez não é doença e nem é pra sempre e eu tenho certeza que minha mulher vai ser capaz de ser uma ótima mãe e fazer tudo que ela quiser na área profissional, até porque ela não tá sozinha nessa e eu como pai dos filhos dela, vou apoiar e ajudar no que for preciso. Se o senhor tá chateado, de boa...

- ...sua reação é essa, mas não venha frustrar ela, porque ela é realmente quem menos merece aqui. E quanto a não está feliz pelos bebês, pode ficar tranquilo, graças a Deus eu sou muito realizado e bem de vida, meus filhos nunca vão precisar de nada que o senhor venha querer dar a eles.

- Não acredito que o senhor teve coragem de fazer isso com ela, pai. Não acredito.— Rafa disse. Ela sabia que eu tava me segurando pra não chorar, por isso, ela quem tava chorando. Só que meu coração já tava cheio de alegria só pelo Felipe ter me defendido daquela forma. Eu não podia tá mais orgulhosa.

- Olha, acho que já deu né? — Felipe disss me olhando. — Renata sobe lá, vai arrumar tuas coisas que tu vai embora comigo.

- Oi?! — eu olhei pra ele sem entender.

- Eu já ia te falar isso mesmo, pô. Pra gente ver como que ia ficar, porque não tem condição... você vai criar meus filhos longe de mim? Tu em uma casa e eu em outra? Não dá né. A gente se ajeita lá na casa dos meus pais, enquanto eu vou atras de algum apartamento. Isso aí, só me deu mais vontade de levar você comigo. Bora.

- Você não vai né? — Rafa perguntou. Meu pai ficou só calado olhando tudo.

- Desculpa, Rafa... — eu disse e subi pro quarto com o Felipe, assim que ele fechou a porta eu comecei a chorar, a chorar muito. Meu pai nunca tinha falado daquele jeito comigo ou levantado se quer a mão pra mim e eu tava me sentindo a pior das filhas, ele falar que eu tinha sido uma infinita decepção, eu esperava que ele ficasse chateado. Mas isso foi demais. Felipe me abraçou.

- Fica calma amor, pensa nos nenens. Já passou, eu to aqui. — ele disse.

- Não tô acreditando que ele fez isso, Felipe. Não to.

- Deixa ele pra lá, ele não merece que você fique se desgastando assim. Pensa nos nossos filhos que é melhor.

- Eu te amo, Felipe. — falei e meus olhos automaticamente buscaram pelos dele. que tava agachado ali olhando pra mim. Ele limpou minhas lágrimas e me deu um selinho.

- Eu sei e eu também te amo, muito, Renata... muito! — abracei ele e a gente ficou muito tempo abraçados. Até que a Rafa bateu na porta e eu fui abrir, ela tava morrendo de chorar.

- Não vai embora, Rê. Por favor!

- Você sabe que eu não vou conseguir ficar aqui, Rafa. Desculpa mas não dá. Para de chorar por favor.

- Eu não quero ficar aqui sem você.
- Quando eu tiver minha casa te carregou pra morar comigo. Olha que maravilha.

- Posso pelo menos te ajudar a arrumar as coisas?

- Claro meu amor... vem cá. — eu falei abraçando ela. — não tô indo pra fora do Brasil! Para com isso, você vive lá no Dé... vai me ver sempre.

- Eu sei, mas não queria que tivesse sido dessa forma... você não merece, Rê.

- Mas aconteceu...

Eu assenti e ela concordou, a gente começou a pegar todas as malas que eu tinha no guarda roupa. Eu, ela e o Felipe arrumamos tudo nas malas e só depois de todas as malas fechadas que eu fui perceber que eu realmente tinha muito coisa, como eu não podia descer com as malas pra não carregar peso, o Felipe e a Rê tava descendo com elas. Tava apagando as luzes do quarto e minha mãe entrou.

- Filha, me desculpa por isso.

- Você não tem culpa mãe.

- Você tá grávida mesmo? — ela disse passando a mão na minha barriga, eu confirmei. — Não acredito que você já é uma mulher. — ela limpou a lágrima. — Eu tenho muito orgulho de você, filha. Você vai ser uma mãe incrível. — ela disse e me abraçou. — Desculpa! Desculpa... não vou conseguir te levar até a porta. — ela limpou as lágrimas e desfez o abraço saindo do quarto.

Eu desci as escadas da casa que morei minha vida toda com o coração apertadinho, meu pai tava sentado no sofá da sala sem nem mesmo fingir que estava triste, tentei não olhar pra ele e sai dali.

Vai namorar comigo sim!Onde histórias criam vida. Descubra agora