Capítulo 8

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    Não tão distante, Eros em sua versão feminina chamada "Ellyah", estava se divertindo com Anelise no que os humanos chamavam de boliche. Consistia em uma atividade repetitiva e viciante. O jogador arremessa uma bola de ferro e a faz deslizar pelo assoalho, torcendo para que a mesma derrube o máximo de pinos que conseguir.

Por sinal, Anelise era muito boa nisso. E, nada tirava o sorriso satisfeito daqueles lábios cheios.

— É muito bom, não é? — Eros tentara em vão não retribuir aquele sorriso confiante de quem estava vencendo pela quarta vez.

— Certo. Certo. Você é muito boa nisso. Tenho certeza que se fosse com uma atividade que envolvesse a língua, eu já teria ganhado. — Bufou revirando os olhos e cruzando os braços.

— O que disse? — Anelise bebericou seu refrigerante e encarou a mulher loira à sua frente, que por sinal, era muito parecida com o rapaz impertinente chamado Eros. — Ei, você conhece algum Eros? Vocês são tão parecidos...

— Esquece. — Ellyah pôs as mãos nos bolsos e observou os humanos distraídos, comemorando cada ponto alcançado. — Eros? Ah, sim. Um rapaz forte, lindo, inteligente e irresistível. Sou eu. Quer dizer, é meu... Meu... Primo distante, sabe?

— Entendi. — Anelise sorriu, beijando a bola antes de arremessá-la e atingir todos os pinos, consecutivamente gritando "Strike" — Ele nem é tão bonito assim. Se eu estivesse numa festa com a intenção de ficar com alguém, poderia haver apenas o Eros de homem, eu ainda iria preferir beijar o gnomo do jardim — confidenciou Anelise, que já tinha cansado de ganhar tantas vezes.

Que audácia! Eros é o mais bonito e irresistível desse mundo. Não há beleza maior do que a dele.

— Está apaixonada pelo seu primo distante, Ellyah? Que coisa horrível. — Anelise desdenhou e voltou sua atenção para as pessoas que estavam adentrando no boliche. Para sua infelicidade, notando Sabrina e seus amigos.

— Sabrina. — Eros saudou a "amiga" que mesmo sem reconhecer a loira de cabelos cinza, sorriu amigável, havia algo tão convidativo nela.

— Olá, querida. — Abraçou-a sem ter certeza de onde se conheciam e lançou um olhar nada discreto para Anelise. — O que está fazendo aqui? Achei que não gostasse de sair.

— Estou aproveitando a liquidação da Channel, não está vendo? Várias bolsas com pelos de poodle estão na promoção, não quer dar um pouco do seu cabelo? — A morena cruzou os braços, enquanto Eros e os amigos de Sabrina caíam na gargalhada.

— Sua cretina! Não precisa ser tão grosseira. Só quis ser gentil. — Sabrina bufou e caminhou para uma área mais reservada com seus amigos.

— Você é tão grosseira que chega a ser sexy, mas o que te faz odiar tanto a Sabrina? Ela não apresenta nenhuma ameaça.  — Ellyah indagou, tentando acertar os pinos, mas sem sucesso, fazendo a bola passar longe deles.

— A Sabrina é uma vadia oportunista e rancorosa. Deve ser o gene da família Carter. Se acha a dona da cidade porque o pai é prefeito. Tenho motivos plausíveis para não gostar dela. — Anelise sentou-se em uma cadeira  e bebericou o restante do seu refrigerante. — Estou cansada. Acho que vou para casa. Quer me passar o seu número? Posso te ligar mais tarde.

— Compreendo. — Ellyah sorriu, cogitando a ideia de que havia um motivo bem especial para tanto ressentimento, em breve, ela descobriria. Porém, ao ser questionado sobre seu número, apenas lembrou-se que ainda não tinha aquelas caixinhas brilhantes. Odiava a modernidade. A vida tinha mais sentido quando se enviava cartas. Principalmente as de amor. — Posso anotar o seu? Perdi meu celular mas em breve irei comprar outro.

— Claro. — Anelise sorriu, anotando o número em um guardanapo e entregando para a nova "amiga" — Até mais, foi legal conhecer você.

Ellyah sorriu, se despedindo de Anelise. No fundo, ela era uma garota legal, engraçada e simpática. Mas, havia um certo caminho para percorrer, até finalmente escavar e encontrar essa garota.

Agora, em sua versão masculina. Eros passeava pela cidade, observando a calada da noite, notando o padre Joshua quase correr por entre as casas. Eros que estava pronto para voltar aos seus aposentos e providenciar uma daquelas caixinhas, observou de longe o desfecho daquele encontro nada previsível da primeira dama com o mais novo padre da cidade.

— Perdão. Eu já sei que te disse isso várias vezes, mas não consigo ficar longe de você. Por favor, saía da cidade. Vá embora. O que sinto por você é muito errado e eu não consigo controlar. Não estou em uma boa fase. — Susan confessara entre lágrimas, por trás de uma árvore, Eros ouvia com atenção.

— Eu sei que é errado, mas não posso sair daqui. Temos que nos controlar. Você, e principalmente, eu. Somos exemplos que precisam ser seguidos. Você é casada. Eu sou o padre desta cidade.  — Joshua suspirou fundo, passando as mãos em seus cabelos escuros.

— Você sente a mesma coisa, não é? Eu sei que sim. Mas está lutando contra isso. Joshua, me perdoe. — Susan o beijou novamente, e com a mesma intensidade de antes, fora correspondida.

Eros sorriu malicioso, satisfeito com seu trabalhinho sujo. Antes que as coisas ficassem quentes entre eles, ouviu-se um grito estridente da primeira dama. Juntos os dois foram observar algo que estava no chão, bem próximo ao local em que Joshua e Susan se beijavam, Eros não contentou-se em olhar de longe, afinal, o que poderia ser mais importante do que um sexo estritamente proibido?

Mais um corpo foi encontrado...

Eros Caindo em Tentação (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora