Capítulo 14

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    As mãos delicadas tocavam as costas nuas do rapaz que é iluminado apenas pelos feixes de luz que se espremem nas cortinas persianas. As respirações estão entrecortadas. Numa agilidade imprescindível, ele toca a pele macia dela, como se fosse uma escultura delicada de Michelangelo, como se estivesse prestes a se quebrar em seus dedos.

— Eros, eu quero você. Me dê o que preciso. — Sussurrou, fazendo um arrepio percorrer sua nuca.

Antes que o deus pudesse fazer qualquer coisa, ela se levantou, fazendo Eros curvar a cabeça para o lado, incapaz de pensar em outra coisa além de Anelise tirando a roupa para ele. Livre de suas amarras, pronta para ser tomada por uma luxúria sem igual.

— Eros... Eros...

A morena caminhou sinuosa na direção dele, como se estivesse apresentando uma dança tortuosa e exclusiva para o deus do sexo, que agora, estava nas mãos dela. Ansiando por um desejo descomunal. Anne caminhou nua, enquanto os olhos de Eros fitavam cada parte de seu corpo.

— Está na hora... — soprou as palavras no ouvido dele, fazendo um novo arrepio rasgar sua pele. — Acorde, Eros. Está na hora.

Ele estava pronto para beijá-la, mas algo aconteceu. Um balde de água fria fora jogado. E infelizmente, foi de forma literal.

— Mas o que...? — despertou num sobressalto, observando o sátiro gargalhar com a mão na barriga, se divertindo com a expressão do deus. — Hoje eu vou fazer torresmo de sátiro!

— Não seja tão ácido, por que você estava gemendo enquanto dormia? Achei que provocava esses tipos de sonhos, não que os tinha. — Gargalhou Eustácio, fazendo Eros trincar os dentes.

Ele não se lembrava desde quando estava dormindo na relva. Uma péssima ideia, já acordou rodeado de ninfas curiosas com sua vergonhosa ereção.

— Desculpem moças, o show acabou. Voltem às suas tarefas no bosque. — Pela primeira vez, havia ficado tão constrangido com uma situação dessas.

Ao levantar-se, estava prestes a voltar para Lovedale, afinal, tinha um encontro hoje. Três semanas com Anelise. Será que a noite terminaria como aquele sonho erótico?!

[...]

     Não muito longe dali, padre Joshua mantinha seu ritual de preces com as mulheres da elite. Detestava essa exclusividade, ele acreditava que todos merecem ouvir palavras sobre amor, sobre paz e fraternidade. Mas, não conseguira mentir. Estava interessado em conversar com uma fiel devota em particular. Com uma certa relutância, Kim havia permitido que Susan e Betanny voltassem para o comitê.

Após a reunião das mulheres que às vezes contava com a presença do padre. Ele caminhou em busca de Susan, que limitava-se a enfeitar tortas de frutas.

— Oi. — Joshua sorriu fraco, tentando esconder a felicidade em ver aquela linda mulher. Seu cabelo loiro estava preso num coque alto, o azul intenso de seus olhos estava focado naquela cobertura de chantilly.

— Olá. — Sorriu, deixando de lado o utensílio de confeitaria.

— Não nos vemos desde aquele... Incidente... — Ele tentou não ser mais específico no assunto, não era todo dia que se encontrava um cadáver. — Como estão as coisas com o seu marido? Vocês estão bem?

— Sim. Por enquanto. Me separar dele iria dar mais trabalho do que matá-lo e cavar uma cova no meu quintal. — Voltou a confeitar o bolo, evitando o olhar do padre. — Ninguém me entende. Acham que sou tola por aceitar um homem que me trai. Mas na verdade, não temos nada. Nenhuma relação. Moramos na mesma casa, temos uma filha e um título. Só preciso fazer o papel da esposa imaculada e perfeita. Vim de uma família pobre, dormir após apreciar a única refeição do dia era sinônimo de felicidade. Eu sou bem mais do que uma mulher rica ostentando diamantes.

— Eu não sabia que você tinha uma origem simples. E também não estou questionando sua condição. Cada um é responsável por suas atitudes. Eu não estaria exercendo meu papel se estivesse te julgando. Só quero ajudá-la, Susan. — Joshua se aproximou, a mulher sentiu o cheiro de loção pós barba e o perfume dele. A batina discreta, a calça jeans. Ele é um pecado, um inferno particular.

—Tudo bem. Não precisa dizer nada. — Ela sorriu maliciosa, evitando a sensação de sentir-se como uma adolescente perto de sua paixonite do colegial. — Sou objetiva com as coisas que quero, Josh. Não desisto fácil de algo, muito menos de alguém.

Susan inseriu uma amora em seu boca, chupando a pequena fruta de uma forma exageradamente sensual, fazendo o padre engolir em seco antes de acordar do transe.

— Por que a demora? O padre precisa rezar para o bolo? — Betanny surgira, notando os dois na cozinha.

— Se estiver reclamando, venha e faça. É melhor ficar de boca fechada, ou vou usar o seu sangue na pigmentação e coloração do recheio. — Retrucou de forma irônica, sem observar sua ex amiga que apenas saiu da sala. — Vamos, lá.

Após a reunião, Joshua dirigiu tranquilamente até a igreja, nos fundos tinha um pequeno quartinho que servia como casa. As refeições ele fazia no restaurante da cidade. Sua missão era zelar a igreja e ajudar os fiéis em suas questões espirituais. Ele suspirou fundo, pegando uma caixa de madeira com alguns de seus pertences.

Ao abrir, Joshua fitou algumas fotos, suspirou ao ler alguns papéis e pegou com certa apreensão na arma de fogo calibre 38 que estava lá. Afinal, o que um padre fazia com uma arma dentro de uma igreja?!

Para evitar que aqueles itens escapassem da caixa, ele guardou tudo novamente, com muito cuidado. Suspirou fundo, observando o quarto simples e sem luxos. Entretanto, uma mensagem de texto chamara sua atenção, fazendo-o despertar daquele tédio.

Desconhecido: encontre-me na prefeitura. Vá sozinho.

Num sobressalto, ele levantou-se o mais rápido que pôde, pegando as chaves do carro foi em direção ao encontro com o desconhecido. Chegando lá, falou com a secretária e pediu passagem.

"Prefeito"

Leu o nome em letras garrafais e bateu na porta antes de abrir completamente, dando de cara com Susan de costas.

— Que bom que chegou, eu estava te esperando, Josh. — Sorriu maliciosa, virando-se na direção dele e abrindo todos os botões de seu sobretudo. Mostrando uma lingerie sexy, irresistível aos olhos de qualquer um. — Temos alguns assuntos pendentes.

Eros Caindo em Tentação (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora