Capítulo 33

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    Como se estivesse acordando de um transe, os dois se afastaram rapidamente, agitando a água morna da piscina, que parecia irritada ao notar que os amantes foram interrompidos. O louro mergulhou várias vezes, enquanto a garota fazia o mesmo desesperadamente. Depois de tantas buscas falhas, eles desistiram. A mãe de Anne apareceu feliz, pronta para comentar algo sobre a presença dos convidados, mas ao ver as expressões deles, esqueceu-se do que ia dizer, e entendeu o que tinha acontecido há alguns minutos. Sua filha que estava de batom vermelho, agora não estava mais, restara apenas os resquícios de batom.

— Eu perdi o colar, mamãe. — Anelise assumiu desesperada, indo ao encontro da mãe, que sabia o significado e importância daquele acessório que ia além de um mero presente. Uma fina corrente d'água a perseguiu, fazendo uma trilha líquida pelo chão, como uma cúmplice de seu momento quente na piscina. 

— Tudo bem, Lise. Nós vamos encontrar, eu prometo. — Ela abraçou a filha com cuidado, enquanto Eros observava de longe.

— Eu preciso ir. Feliz aniversário, Anelise. Até mais, senhora Harper. — apressou-se antes que um clima estranho se estabelecesse. 

— Até mais, Eros. Volte sempre que puder. — Sorrindo, os dois se despediram, Anelise evitou olhar para ele. Havia se distraído, e internamente o culpava por perder o colar. Da mesma forma que pensava na vergonha do que quase aconteceu entre eles.

— Você gosta dele, não é? Eu percebo o modo que se olham. Está apaixonada por Eros, Anelise. Quando irá admitir isso? — a matriarca provocou, cruzando os braços e vendo a expressão incrédula de sua filha. 

— Não. Eu não estou. E jamais me apaixonaria por alguém tão egoísta e narcisista como o Eros. — Saindo irritada, ela adentrou em sua casa, enquanto um pouco distante delas, o deus escutava toda a conversa. Principalmente, a parte final.

Anelise seguiu sua vida normalmente durante toda a semana. Foi à faculdade, trabalhou, depois limitou-se a assistir filmes de comédia romântica na Netflix. Ela não estava tendo mais pesadelos, o que era bastante estranho. Por falar nisso, Eros e Ellyah também não tinham ido visitá-la.

Talvez um dos dois estivesse com problemas, eles são tão misteriosos, que Anne começava a se acostumar com o desaparecimento repentino. Torcendo para que seu expediente acabasse logo, ela se irritou com o sino anunciando um novo cliente, só não poderia imaginar que iria ter uma visita indesejada.

[...]

   Naquela tarde quente, Eros observou os humanos de longe, envolto pelas nuvens e flores que sempre o cercavam. Na forma feminina de Ellyah, seu vestido branco de cetim, era similar a uma camisola, com a camada fina de tecido que não era tão eficaz em cobrir suas "vergonhas".

— Eros? — Apollo observou o deus do prazer distraído, brincando com algumas flores. — Por que está nessa forma feminina?

— Às vezes eu gostaria de ser outra pessoa, por isso estou assim, mesmo que seja algo temporário. — Confessou, observando o deus-sol com uma armadura reluzente, como se estivesse banhado em ouro. Eros se impressionava com a beleza, mas, jamais iria admitir isso.

— Entendo. — Ele sorriu exibindo suas covinhas, vendo o deus suspirar. — Você consegue ser atraente de todas as formas, Eros.

O deus do prazer, sorriu brevemente, entendendo o flerte do rapaz.

— Você não se importaria com essa forma? — Questionou, fazendo Apollo sorrir e negar, dando de ombros.

— Meu desejo por você é o mesmo. Eu não me importo em qual forma esteja. Parece frustrado, Eros. Quer que eu te ajude com isso? — o deus assentiu, chegando mais perto de Apollo que tomou seus lábios com um beijo lento, explorando cada centímetro entre seus lábios, antes de enfim chegar à língua. 

Suas mãos percorreram todo o corpo do deus do prazer, fazendo Eros se entregar ao toque dele. Hoje seria diferente, iria se permitir ser guiado por alguém.

Eles deitaram-se na relva, enquanto os lábios de Apollo tocava cada parte do corpo de Ellyah, poucos segundos depois, o vestido de tecido fino havia sido retirado, exibindo a pele leitosa e seios fartos. Apollo não perdeu o foco do seu objetivo, Ellyah pediu para que ele parasse o que estava fazendo, e desse o que precisava.

Posicionando-se por cima de Ellyah, fitando seus olhos azuis intensos, Apollo confessara silenciosamente todo o seu amor por Eros. Mas sabia que jamais seria amado da mesma, já que Eros amava a vitalidade dos humanos. Não era a primeira vez que fariam isso, mas hoje o deus do prazer necessitava esquecer alguma coisa. E ele assim, o faria.

Tirando sua roupa com destreza e exibindo um corpo bem definido e bronzeado, Apollo se apressou em sua tarefa, depositando beijos úmidos no colo de Ellyah e introduzindo seu "artefato do prazer", fazendo a versão feminina de Eros enfiar suas unhas nas costas dele e morder com delicadeza o seu ombro. O deus-Sol sussurrava palavras incompreensíveis, excitantes aos ouvidos de qualquer um; o modo como sua boca ficava entreaberta e os olhos fechados com força, só mostrava o quanto aquilo era enlouquecedor e exageradamente prazeroso.  

Talvez era disso que Eros precisava, sexo para aliviar sua cabeça dos pensamentos sobre humanos. Sobre uma em especial. Entre gemidos e estocadas, o deus do prazer, se satisfez momentaneamente, mas somente, uma iria o satisfazer por completo.

* * *

  O xerife Woody analisava alguns arquivos com cuidado, traçando uma linha de raciocínio e ligação entre os assassinatos. Porém, um de seus oficiais apareceu, batendo apressadamente na porta, o assunto que precisava tratar era importante demais para respeitar quaisquer cerimônia. 

— Entre. — Dissera após limpar o bigode com resquícios de rosquinha e café.

— O relatório sobre o celeiro finalmente foi concluído, senhor. — Anunciou, pausando a fala para controlar a respiração. — As análises foram entregues.

— Deixe-me ver. — Levantando-se de sua cadeira, ele pegou os documentos e analisou com cuidado. — Bem...

O oficial Tyler, cruzou os braços enquanto o xerife lia o conteúdo. Ele estava ansioso para descobrir mais detalhes, e qual seria a reação de Woody ao ver os resultados.

— Hum. Prepare a viatura. — Sem esboçar reação, ele saiu de sua sala. Em partes, estava frustrado por saber que Eros era inocente, mas, em breve almejava incriminar o rapaz que não lhe transmitia inocência alguma.

Não muito longe dali, Anelise dava duro para pagar suas contas. Atendendo clientes, limpando mesas e às vezes recebendo gorjetas. Odiava quando Sabrina e seus amigos apareciam para humilhá-la, mas às vezes gostava, já que um dos amigos populares dela sempre era generoso na gorjeta. E inclusive, em demonstrar interesse.

Mas, naquele dia, tudo mudaria quando o sino anunciou a entrada de novos clientes. Anelise só não sabia disso ainda, estava distraída demais abastecendo as máquinas de sorvete.

— Ela está ali, trabalhando. Como isso pode ser possível? — a garota ouviu vozes pelo corredor, e se atentou a cada detalhe.

— Precisamos falar com ela agora mesmo. — Outra voz anunciou, fazendo Anelise parar de ouvir a conversa e aparecer no meio dela, ainda sem entender o que estava acontecendo.

— Estou ouvindo. — Observou os homens no corredor, enquanto seu chefe balançava a cabeça negativamente.

— Anelise Sophie Harper, você está presa pelo incêndio no antigo celeiro de Lovedale.

Obrigada pelas 16 mil leituras :3

Eros Caindo em Tentação (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora