Capítulo 24

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   Sabrina acabara de tomar seu remédio para dormir, isso a deixou um pouco desnorteada. Sempre que estava com insônia, ia observar as estrelas, ou o céu opaco de sempre. Quando o remédio começou a fazer efeito, ela pôde voltar para o seu quarto, mas não antes de escutar a voz de Susan. 

— Mamãe? — Chamou-a, estreitando os olhos ao fitar a escuridão de sua vasto propriedade. Sabrina deu de ombros, talvez fosse o efeito do remédio.

O padre e a primeira dama ficaram imóveis após se afastarem rapidamente, seus corações batiam freneticamente. Susto, medo, e se ela tivesse visto? Se outra pessoa os visse?

— Foi por pouco! — Susan anunciou, observando a expressão espantada de Josh.

— Nós não podemos fazer isso, você sabe o poder que tem sobre mim e apenas me usa para fugir da sua vidinha miserável e seu casamento de fachada. — brandiu, fazendo ela recuar e ficar na defensiva.

— O que...? Joshua... Por favor, eu... — Talvez fosse isso mesmo, ou será que não? Ela nem sequer conseguia defender-se de tamanha acusação.

— Estou cansado de ser manipulado pelas pessoas, de fazer o que elas querem, quando querem. Não faço ideia do que está acontecendo aqui, Susan Carter. — Joshua fez um círculo com o indicador — Mas isso, não irá acontecer mais.

Dito isso, ele caminhou na direção contrária, voltando para a igreja, estava cansado de ser usado, de fazer o que as pessoas queriam. Iria esquecer essa maldita paixão e seguir em frente com a sua vida. Amanda ainda iria o perseguir, estava na hora de resolver esse assunto do passado. Antes que aquilo deixava sua nova vida em ruínas.

[...]

Não tão distante, Ellyah se distraía com o novo mascote de Anelise que se chama "Peixoto", um peixinho dourado que circundava seu aquário.

— Por que mesmo que seus pais te deram um peixe? — Ellyah questionou, observando ele abrir e fechar a boca.

— Eles acham que eu sou solitária na faculdade. — Disse sem tirar os olhos do computador, estava fazendo uma atividade.

— Mas você é mesmo. Além de mim, quem são suas outras amigas? — Questionou, aproximando-se de Anelise. — Não que eu me incomode de ter você todinha para mim, mas é que sei lá, até as ninfas têm os sátiros para conversar.

— Você está falando como se fosse o Eros. — Anelise sorriu, observando o rosto de Ellyah e suspirando fundo. — Acho que eu esqueci de repassar alguma corrente do WhatsApp e estou tendo azar na minha vida. — seu tom sério havia sido substituído por uma risada.

— Maldita! — Ellyah vociferou, mas logo começou a sorrir. — Às vezes você se fecha demais para as pessoas, como se tivessem medo de que elas descobrissem quem você é de verdade. Mas, é a pessoa mais irritante e incrível que eu já conheci.

— Achei que era a estudante de psicologia aqui, está bem? — Ela revira os olhos e sorri fraco, ficando pensativa. — É que, quando eu era criança... — antes que pudesse prosseguir, seu telefone tocou e relevou no ecrã o nome de sua mãe. — Alô? Sim, mamãe. Eu já sei. Levar meu namorado? Mãe, ele não é meu namorado. Se vamos juntos? Não, eu preciso resolver algo antes. Pode deixar, eu irei. Tudo bem, prometo que irei. Beijo. Até mais.

— Seus pais se empolgaram com essa ideia de conhecer meu primo, não? Aposto que foi o charme irresistível dele. — Ellyah sorriu, vangloriando-se da situação enquanto Anelise colocava o celular na cama e desligava o notebook.

— Ele é muito engraçadinho, vai ficar ainda mais quando eu fizer picadinho dele e botar para o meu peixe comer.

— Ele é muito grande, você não tem um mascote maior? — as duas sorriram.

— Eu preciso ir dormir, quer passar a noite aqui? — Ellyah ponderou, negando logo em seguida. — Tudo bem.

— Meus pais também são bastante protetores, sempre me esperam em casa. E você ronca, esqueceu? Não consigo dormir. — Ela deu de ombros e sorriu.

— Eu não ronco! Então, nos vemos depois. Amanhã estarei trabalhando e logo após irei jantar com meu namorado que é mais falso do que esse platinado no cabelo de vocês. — Anelise gargalhou, e Ellyah jogou um ursinho de pelúcia nela.

— Ei! Nosso cabelo é natural sim! Eu nasci bonita porque eu mereço, meus pais são incrivelmente lindos. Cala a boca. — Logo após sorrir, ela suspirou fundo. — É sério, preciso mesmo ir.

Na verdade, Eros não gostava da ideia de invadir assim a privacidade de Anelise, qualquer pessoa em seu lugar iria se aproveitar da situação. Mas ele jamais faria. Jamais faria algo sem o consentimento dela. E neste caso, apenas Ellyah tinha, Eros não. Mesmo que fossem a mesma pessoa, as circunstâncias não são as mesmas.

— Eu entendo. Da próxima vez, você não me escapa. Até mais, loira falsa. — Anelise sorriu e Ellyah mostrou a língua ao sair do alojamento.

* * *

Após um dia exaustivo de trabalho, Anelise retornou ao alojamento, finalmente tomaria banho e encontraria Eros no lugar marcado. Estava odiando essa ideia de tê-lo em sua casa, mas seus pais insistiam tanto que estava difícil de contar a verdade.

Após vestir uma roupa casual e arrumar seu cabelo, ela encontrou Eros num carro popular — como ela havia pedido —, esperando pacientemente. Suas roupas estavam despojadas também, jeans, camiseta e ALL Star. Não era o tipo de roupa que costumava usar, mas Anne foi sucinta em acrescentar: "Se for no seu estilo de sempre, vão pensar que você é um cara que quer traficar os meus órgãos. Meus pais não gostam de ostentação"

Então, Eros acabou cedendo ao pedido dela. Estava curioso, nunca tinha conhecido uma família de humanos. Principalmente, "namorando" uma.

— Você está linda, amor. Igual a quando nos casamos. — Sorriu, abrindo a porta para ela.

— É tudo um joguinho maldito, não é? Você é tão desocupado assim? — Anne cruzou os braços, indicando verbalmente o endereço de sua casa.

— Não precisa ficar chateada, eu só fiz uma brincadeira e eles acreditaram. É tão anormal assim? Quantos namorados você já levou para casa? — questionou, tirando rapidamente a atenção do trânsito.

— Nenhum. — Fitando a janela, ela ficou em silêncio por um tempo, fazendo Eros — em um acontecimento raro —, também ficar. — Não vai fazer piadinha com isso?

— Por que eu faria isso? Às vezes meu deboche tira férias por um tempo. Mas que bom que eu serei seu primeiro namorado, mesmo que de mentira. Pelo menos você não levou um cara feio para conhecer os seus pais.

— Você é muito metido, garoto. — Ela sorriu, virando-se novamente para a janela. Odiava admitir, mas até que Eros ficava bonito dirigindo.

Após dirigir por alguns minutos, eles finalmente chegaram. Após retirarem o cinto, Anelise suspirou fundo.

— Isso não é brincadeira, Eros. Se você puder não ser, bem... Você. Eu agradeceria. Minha família é tudo que tenho.

Eros Caindo em Tentação (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora