Capítulo 56

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   Naquela manhã, tudo parecia diferente e após dias de chuva, o sol finalmente havia aparecido. Antes de sair para trabalhar, Anelise deixara que os raios de sol tocassem sua pele enquanto fechava os olhos e suspirava fundo.

Ela chegou ao trabalho no horário exato e organizava uns papéis em sua mesa, suspeitando que a sala toda tivesse sido iluminada, ou talvez seja apenas uma impressão.

Ouvira então uma batida na porta e após alguns segundos, um homem de beleza inimaginável apareceu. Ele tinha olhos verdes, um terno impecável e anéis de ouro. Era lindo e jovem, Anne pôde perceber que estava de boca aberta com a beleza dele.

— Bom dia. Senhorita Harper. Desculpe incomodar, será que poderíamos ter uma conversa? — Sua voz rouca preencheu a sala, e a única coisa que Anne foi abrir a porta para deixá-lo entrar.

— Ah, claro. Sente-se, senhor...? — Ela voltou para a sua cadeira, ainda inquieta com a aparição repentina daquele homem. Ninguém a procurava diretamente, era uma simples secretária.

— Apollo Sollarys. — Ele estendeu a mão e quando Anelise apertou, sentiu um calor tomar conta de sua pele. — A propósito, gostei da sua sala. — Sentando-se com uma postura irreverente, a amada de Eros não conseguia desviar os olhos da classe do deus-sol.

— Em que posso ajudá-lo? — Ela passou a mão por seus cabelos e começava a sentir um certo calor. Mas que diabos? Estava tendo uma crise de ansiedade?!

— Ah, me desculpe. — Apollo sorriu travesso, mas Anelise não entendeu as desculpas dele, nem mesmo o sorriso. Mas após alguns segundos, o calor havia diminuído. — Na verdade, nós temos um assunto em comum; Eros.

[...]

Joshua arrumava suas malas enquanto suspirava fundo. Depois de ser exposto, não tivera outra opção além de abdicar de seu cargo.

— Por que você escolheu ser padre? — A voz de Susan o surpreendeu, fazendo-o arquear as costas antes de virar-se na direção dela.

— Eu achei que seria um bom disfarce. Até que ele nos acertou e... — Susan sorriu, encarando Josh de calça jeans e camiseta.

— Você tem certeza mesmo que tudo aquilo foi efeito de um cupido que está aqui há quase 6 meses? Bem, então eu acho que ele acertou a flecha em outro lugar.

— Como você chegou aqui? — Ele sorriu, fechando uma mala. — O acesso é restrito para mulheres, e sendo você, é perigoso até pôr os pés nesta igreja.

— Eu tenho alguns contatos. Eles me sussurram coisas. — Susan Carter sorriu novamente, e Joshua percebera a vontade de tirar o batom dela, mas não ali. — Você está indo embora de Lovedale?

— Não. — Os olhos azuis dele assumiram um tom diferente, Josh parecia distante e perdido em pensamentos. — Pelo menos, não por enquanto. Não estou disposto a recomeçar. De novo, de novo, de novo... Vou procurar um modo de vida alternativo. — O que Robert disse quando descobriu sobre nós?

— Ele disse que também foi flechado por Eros. E que me perdoaria se eu fizesse o mesmo. — Susan deu de ombros, sentando-se na cama pequena dele.

— E você acredita nisso? — Joshua parecia exasperado, irritado, Susan apenas cruzou as pernas e animou-se ainda mais.

— Não. Mas não iria ficar surpreso se Eros tivesse feito isso. Ao que parece, aquele rapaz gosta de causar confusão. E sinceramente, eu adorei que a minha tenha sido você.

Os dois se entreolharam por um tempo, Joshua se aproximou e não quebrou o contato visual, até ficarem bastante próximos. Ele tirou do bolso um papel com um endereço e número.

— Eu estava indo deixar isso para você. Mas como resolveu vir até mim, aqui está. — Joshua observou o brilho dos olhos de Susan ao pegar o papel. — Acho que seria um enorme prazer se você for me visitar qualquer dia.

— Tudo bem. Eu irei. Acho que ainda não terminamos aquela conversa. — Susan levantou-se e pôs o papel dentro de sua bolsa, o olhou mais uma vez antes de sair da sala e virou-se lentamente. — Josh... — Ela o chamou carinhosamente, fazendo-o virar. — Acho que está na hora de contar para as pessoas sobre o que nós vimos. Robert está a todo custo tentando esconder. Não vou deixá-lo fazer isso.

— Então, vamos contar para todos. Mas de uma forma que ninguém saiba que fomos nós. — Josh parecia feliz com a possibilidade de contar a verdade pelo menos uma vez na vida.

— Está na hora dos moradores descobrirem que essa cidade não é tão perfeita assim. — Os dois arquitetaram de forma cúmplice e se despediram antes de executarem seus planos.  

* * *

Anelise ficara calada enquanto sorria de forma sarcástica, esperando qualquer vestígio de que a proposta de Apollo era uma piada.

— Por que você acha que eu faria isso? — Ela cruzou os braços, encarando aquele homem tão bonito.

— Bem, porque uma hora ou outra ele vai voltar para a cidade. Com ou sem vocês aqui. — Apollo pela primeira vez soou irritado.

— Todo aquele papo que vocês são imortais e tudo mais? Então, que seja. — Ela deu de ombros o desafiando. — Não conte com a minha ajuda. Eu não irei participar disso.

— Tudo bem, eu não preciso da sua ajuda. Só pensei que talvez você pudesse gostar disso. Dar uma segunda chance. A propósito, obrigado pelo seu tempo. — Apollo levantou-se ajustando seu terno.

— Espere. — Anelise suspirou fundo, convencendo a si mesma de aquilo não era um erro. — Eu ajudo. Mas você não pode dizer que eu fiz isso.

— Feito. — deu um sorriso iluminado, enquanto ela se contorcia para não perguntar o telefone do dentista do deus ensolarado. Ou seria algum truque mágico?

— Nos vemos em breve. Use protetor solar, às vezes encontro alguns desprevenidos. Até mais, Anelise. — O deus-sol saiu da sala de Anne que se preparava para entregar uma documentação para Ares, mas antes que pudesse ir fora surpreendida por uma mulher de beleza indescritível, que ela já conhecia bem. A deusa mal deixou que Anne saísse, apenas adentrou na sala, sem ser convidada. 

— Anelise, querida. Está ocupada? — A deusa do amor sorriu maliciosa com uma roupa sexy de executiva.

O que diabos aconteceu hoje para que todos os deuses resolvessem bater em minha porta? — Pensara enquanto dava espaço para que Afrodite pudesse transitar em sua sala.

— Eu sei como ajudá-la. — A deusa sorriu maliciosa, cruzando as belas pernas antes de sentar-se.

— Desculpe, como? — Anelise franziu o cenho e pôs um cacho de seu cabelo atrás da orelha.

— A quebrar a sua maldição. — Afrodite respondeu como se fosse óbvio, analisando suas incríveis unhas, como se as cutículas dela fossem mais interessantes que os problemas amorosos de seus filhos. 

Agora eu sei de quem Eros herdou essa mania. — Recordou ainda prestando atenção em Afrodite.

Como você sabe sobre a minha maldição? —  semicerrou os olhos incrédula, ansiosa para saber mais sobre o assunto que fez a mulher elegante bater à sua porta.

— Quem você acha que a colocou? 

Eros Caindo em Tentação (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora