Estava chovendo naquela fatídica noite quando a esposa do legista caminhava para fora de seu veículo sem se importar com a chuva, somente para pegar seu marido no flagra. Afinal, o que poderia ter prendido Bryan no trabalho? Era o aniversário de casamento deles, nada deveria estragar a comemoração do casal.
— Hoje que eu vou descobrir com quem aquele safado está me traindo! — Sibilou, guardando o celular no bolso para empurrar a porta com as duas mãos.
Ela caminhou silenciosa, notando o corredor com uma falha na iluminação e um silêncio incomum. O único barulho audível, era de seus saltos batendo contra o piso frio.
— Olá? Tem alguém aí? — o caminho estava assustador, então, ela ligou novamente para o marido. — Desgraçado! — vociferou quando escutou o toque do celular vindo de uma sala no final do corretor.
Kate, caminhou apressadamente, quase correndo em direção a sala. Mas, não encontrara nada. A sala de Bryan estava vazia. Apenas, resquícios de sangue no chão.
— Mas que mer...? — Seguiu a trilha que também se estendia pela parede, mas, ao sentir algo cair em seu ombro, ela pôs os dedos no local, que rapidamente foram tingidos com a cor vermelha.
Ao levantar o olhar, Kate pôde ver o corpo de seu marido, ela não tardou em gritar o mais alto que pôde. Bryan havia sido assassinado de forma brutal e impiedosa.
[...]
Após a chegada da polícia e do socorro médico, a viúva chorou, sentindo-se culpada por imaginar uma possível traição do marido.
— Estávamos comemorando dez anos de casamento hoje. Eu só queria levá-lo para casa... Levá-lo para jantar com as crianças. Ah, Bryan... Eu sinto muito... — Kate balbuciou, em prantos.
— Vamos, Kate. Precisamos fazer nosso trabalho aqui. Bryan era um homem bom, não merecia isso. Vamos cuidar desse caso com muita atenção. Em quinze anos como oficial, nunca vi uma coisa dessas. — Woody, fez um símbolo de cruz mentalmente e tratou de retirar a viúva do local.
Depois que Kate estava sendo medicada com um calmante, todos faziam o seu trabalho. Mas, Woody começava a acreditar nas teorias de Bryan. Afinal, claramente aquilo era um aviso.
— Senhor, achamos uma coisa. — Um dos peritos anunciou, fazendo Woody olhar em sua direção.
O xerife caminhou até o local, percebendo que os órgãos de Bryan encontravam-se em uma das gavetas do necrotério.
— Pela quantidade de sangue espalhado e algumas coisas no chão. Posso assegurar que uma luta foi travada aqui, e digo mais, os órgãos foram retirados com Bryan ainda vivo. Temos um caso de crueldade nunca visto antes.
— Cruzes. Ele não merecia isso. Vamos achar os culpados o mais rápido possível. — cerrou os punhos, mas antes de sair, lembrou-se de um detalhe importante. — Bryan havia dito que levaria umas provas para a perícia. Algum colar foi encontrado? Talvez, algum outro utensílio?
— Na verdade, não senhor. Achamos apenas recipiente do material para a coleta, mas eles estavam vazios. Quem fez isso com Bryan, provavelmente os levou. Tem algo misterioso acontecendo nessa cidade.
— Certo. Mas não deixe que os civis saibam disso. Por enquanto, nosso trabalho é fingir que tudo está bem. Não deixem que descubram nada, até que finalmente possamos identificar esses criminosos.
— Sem problemas, senhor. Nós trabalharemos em sigilo. — Dito isso, cada um voltou para sua respectiva função.
*
Não muito longe dali, Anelise bufava enquanto passava maquiagem em seu rosto.
— Odeio esses experimentos sociais. O que irei experimentar em uma festa? Drogas e bebidas? Nem sei rebolar a bunda, se fizer isso, vou parecer uma idosa com problemas na coluna.
Terminando de vestir-se, Anne deu uma última olhada em seu visual. Sua fantasia combinava perfeitamente com sua personalidade.
Anelise: te encontro lá na festa. Não
esquece. Vou mandar a localização.Chegando no tal lugar, Anne deu uma boa vasculhada em busca do professor, mas tudo que encontrava era jovens com copos cheios de bebidas. Ela odiava esses lugares, a música alta, gente se pegando como se não houvesse amanhã. Determinada a esperar sua amiga, não tardou ao pegou um refrigerante e sentar-se.
— Que diabos de fantasia é essa? — gargalhou Sabrina, aparecendo subitamente com seus amigos. A loira estava fantasiada de diabinha, roupa bastante popular entre garotas como ela.
— Eu sei. Wandinha da Família Adams! — uma das amigas de Sabrina respondeu — vestida de onça sexy.
— Nessa idade as meninas só pensam em uma coisa. — Dissera Anelise chamando atenção das demais em sua fantasia gótica.
— Garotos? — Disseram em uníssono, reconhecendo a fala do filme.
— Homicídio. — Retrucou com desdém, bebendo seu refrigerante de uma vez.
— Vamos pessoal, essa garota é louca. — Sabrina e suas amigas se retiraram, deixando-a finalmente sozinha.
Quase indo embora e desistindo dessa festa babaca, como dissera mentalmente, Anelise já estava prestes a se levantar, quando Ellyah surgiu em sua frente.
— Olá, Senhorita Adams. — Anne ficou boquiaberta, observando a fantasia sexy de deusa grega.
— Porra! Você caprichou. — Levantou-se rapidamente, observando a amiga dar uma voltinha.
— Eu adoro festas. Quer beber alguma coisa? Acho que essa fantasia combina perfeitamente com sua personalidade. Tão mansa quanto uma égua prenha.
— De onde você tira esses xingamentos? — Gargalhou dando um tapinha na amiga.
— Sou uma deusa grega, esqueceu? Sou muito antiga e exageradamente gostosa. Agora, vamos nessa.
Anelise se preocupava em achar o professor que adorava essas festas e sempre esquecia até o próprio nome quando bebia mais que dois copos com teor alcoólico. Ellyah se divertia como sempre, na verdade, o "experimento social" do professor não significava nada além de uma desculpa para não fazer trabalhos com os alunos. Mas, ela ainda queria ganhar sua nota por participar daquela festa ridícula.
— Você está bem? — Ellyah sentou-se ao lado de Anelise que definitivamente não gostava de festas.
— Estou. Só... Quero ir embora. — Confidenciou brincando com o colar em seu pescoço.
— Eu te levo para casa, mas, por que você gosta de mim e ao mesmo tempo não? — Questionou, mesmo sabendo que aquele não era o momento certo para isso.
— Como assim? — Anne sorriu confusa, observando a forma desajustada da amiga.
— Por que você consegue ser maleável comigo e não com o meu primo? Quer dizer, qual a diferença. Você gosta de meninas? — indagou fazendo Anelise gargalhar.
— Não gosto do jeito convencido, como se todo mundo caísse aos pés dele. Então, eu simplesmente ignoro. E não, eu gosto de garotos. Mas, até agora nenhum me atraiu o bastante para que eu mantenha meu interesse. Podemos ir? Ou você ainda vai bancar o cupido para Eros?
— Tudo bem. Eu já entendi tudo. — Ellyah sorriu e levantou-se, permanecendo em silêncio e caminhando até a porta acompanhada de Anelise.
Mas, antes que pudessem sair de lá, várias viaturas estavam paradas, cercando o perímetro da fraternidade pegando todos de surpresa.
— Ninguém sairá daqui até a segunda ordem. — Vociferou o xerife, causando espanto e curiosidade entre os jovens.
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Eros Caindo em Tentação (Concluído)
FantasyEros é o deus do prazer, filho mais velho de Afrodite. Vaidoso, egoísta e narcisista, o deus estava cansado da mesmice. Por isso, resolvera agitar a vida dos moradores de uma pequena cidade regada por tabus e conservadorismo. Lançando uma onda de pa...