Capítulo 48

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|Agosto de 2005 • Novo México|


Naquela tarde ensolarada, os operários trabalhavam em mais um dia exaustivo naquela fábrica que era conhecida por ter muitas vagas de empregos e condições precárias. Todos ali, não podiam exigir muito; seus filhos e mulheres necessitavam de alimentos e em alguns casos — tratamentos caros.

— A chefe está chamando você, novato. — Um dos funcionários abordou o homem de olhos intensos e expressão acanhada.

Será que serei demitido? Pensara.

Bem-vindo, novato. Soube que você havia solicitado um empréstimo. Não é precipitado de sua parte? Chegar na empresa agora e já fazer pedidos?

— Desculpe, senhora. Estou passando por uns maus bocados. Minha filha precisa de dinheiro para o tratamento de uma pancreatite. Não tenho como pagar, já tentei de tudo... — Desesperado, o homem puxou o chapéu que era parte de seus trajes de trabalho e o torceu em suas mãos. 

— Já chega. — A mulher revirou os olhos, deixando claro que não estava disposta a ouvir as reclamações de seu funcionário. — Não fazemos caridade. Você é um homem forte, jovem e bonito. Posso te ajudar de outra forma. Na verdade, nós podemos nos ajudar.

— Como, senhora? Eu faço qualquer coisa. Estou desesperado e necessito de ajuda. Minha filha acabará morrendo se eu não ajudar...

— Silêncio. Já ouvi o bastante. Tire essa roupa. — O homem arqueou uma sobrancelha, fitando-a sem entender. — Sua farda. Troque de roupa. Teremos muito trabalho para fazer. A propósito, me chame de Amanda. E qual é o seu nome mesmo?

Angelo. — Trocando um olhar cúmplice os dois caminharam para um lado sombrio que ele jamais desconfiaria que não teria volta.

[...]

A cada vez que se envolvia mais com os segredos de Amanda, Angelo ficava cada vez mais longe de casa, de sua mulher e da antiga vida. A empresária sustentava uma vida de luxos e privilégios que ele jamais imaginou ser possível. O homem havia se tornando um "segurança particular" e ganhava o triplo do que na fábrica. Como Amanda o escolhera? Ele não sabia ao certo. Mas gostava do poder, do dinheiro e dos carros. Sentia-se no controle dos outros capangas, gostava de lhes dar ordens e adorava receber a atenção da sua chefe.

Após investir todo o dinheiro que conseguira trabalhando com Amanda, suas condições começam a melhorar, mas cada vez, estava mais distante de casa e de sua filha. Seu estado de saúde havia melhorado. Tudo estava indo bem, mas por que sua esposa não gostava dos rumos que eles estavam tomando?

— Esta mulher é problema, chico. — Angelo sorria, beijando a testa de sua doce Carmencita que secava a louça.

— Eu só tenho olhos para você, chica. Ninguém mais. Ela é só a minha chefe.  Está ajudando a pagar os remédios da nossa pequena.

Sentindo a frustração em seus ombros, a mulher de lindos cabelos escuros assentiu e desculpou-se pelos ciúmes. Rebeca, a filha do casal de apenas 5 anos, correu na direção dos dois enquanto pedia para que o "papai" contasse uma historinha.

— Tudo bem, mas apenas uma historinha. — Rendendo ao sorriso tênue da garotinha, o pai contou-lhe tantas aventuras literárias que acabara adormecendo ao lado da filha.

Eros Caindo em Tentação (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora