Capítulo 15

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    O padre observou a sala com diversos documentos e mobília revestida com madeira, evitando olhar para a primeira dama. Suando, ele pôs a mão na testa.

— Josh, eu não consigo parar de pensar em você. Sabe o que teria acontecido se não tivéssemos achado aquele cadáver? Estaríamos com nossos corpos juntos e suados.

— Susan, você não está bem! — Joshua segurou na maçaneta com força e observou a mulher seminua indo em sua direção.

— Por que você não me quer? Eu sou feia? Não faço o seu tipo? — a mulher balbuciou, sua maquiagem estava borrada e seus olhos inchados.

— Você está bêbada! Eu jamais faria nada com você nesse estado. Quer dizer, eu jamais faria qualquer coisa. Sou um padre, Susan. — Sua voz estava calma, mas era difícil negar-se a olhar aquela mulher tão bonita pedindo por ele. — Ponha sua roupa, nós podemos conversar, certo?

Ela assentiu e pegou seu sobretudo, vestindo com dificuldade e secando as lágrimas do rosto.

— Meu marido me traiu novamente, com aquela desgraçada. Aquela vadia que eu acolhi e cuidei como uma irmã. Pelo o que ela está me trocando? Um pau murcho e algumas jóias? — Joshua foi na direção dela, e a abraçou com cuidado, enquanto a mulher acomodava-se em seu peitoral forte.

— Eu não entendo muito sobre relacionamentos e casamentos, mas acho que se você não está feliz. Não dá para insistir nesse homem, ele não te faz feliz. Precisa buscar outra pessoa. Alguém que te ajude, que seja cuidadoso com você. Entende? O amor é aquilo que mais damos em troca sem esperar receber, quando na verdade, ele é tudo que precisamos. Ninguém ama sozinho.

— Eu sei quem eu quero — Ela levantou o olhar na direção dele e observou seus olhos azuis intensos, suspirando fundo — mas ele não me quer.

— Olha eu... — Joshua começou, mas foi interrompido por alguém abrindo a porta de forma inesperada.

— O que você está fazendo aqui? — Vociferou o prefeito, pegando os dois no flagra.

Eu posso explicar! — Joshua afastou-se rapidamente de Susan, mas não o bastante para impedir o prefeito de desferir um soco em seu rosto. 

[...]

   Eros se atentava a cada detalhe na composição de sua roupa. Nota mental: jamais usar terno perto de Anelise. Ele não conseguia negar, estava ansioso e curioso. Afinal, quem iria conseguir não se apaixonar por ele em três semanas? Essa noite será decisiva. Quais segredos Anelise esconde?!

Mas para garantir, era melhor saber do que ela gostava.

Ellyah: Tudo certo para um primeiro encontro? Eros está animado com flores, chocolate e um jantar especial.

Anelise: odeio flores, odeio esse romantismo forçado. Seu primo não irá me levar para a cama ;)

Está tão na cara assim? — Eros bufa, revirando os olhos e puxando o colarinho de sua camisa. Levemente irritado. Tinha algo nela, que o intrigava.

Ellyah: Para onde você gostaria de ir? Lembre-se que 500 pratas não vão ser de graça. Eu posso ajudar meu primo bobinho.

Anelise: Hoje eu não estou num clima filme de Julia Roberts, acho que um sundae bem caprichado me faria bem.

Ellyah: Nota mental: Anelise tem fetiche em sorveterias. Irei avisar para ele. Esteja pronta no horário que combinamos. Beijinhos eróticos.

— Essa garota tem problema! — Anne gargalhou, jogando-se em sua cama e sorrindo de olhos fechados. Ela estava no alojamento, só voltava para casa nos finais de semana e adorava isso. A sensação de dividir o quarto com alguém além de sua irmã era boa. Mas, por enquanto, ela não tinha colega de quarto. — Preciso me arrumar.
 
   Após um banho com sabonetes e óleos naturais, Anelise usou seus cremes com óleo de coco. O aroma era refrescante, deixava seus cachos bonitos e ajudava no brilho. Ela odiava admitir, mas estava ansiosa pelo encontro. Nunca tivera um encontro desses em toda a sua vida. Embora, jamais iria se produzir toda para alguém tão detestável quanto Eros. Por isso, soltou o cabelo natural, deixando-o cacheado e úmido.

  Escolhera um simples vestido preto de alcinhas e um all star. Iria adorar ver a cara de Eros que parecia ser tão metido ver uma garota de forma tão desleixada para um encontro. Nos lábios, apenas um gloss, finalizando com argolas. Pronto! Estava uma perfeita imperfeita garota da Lovedale. Minutos depois, mandou uma mensagem de texto para Ellyah, avisando que estava pronta.

***

  Dez minutos após a mensagem, Eros  estava na porta de seu alojamento. Com aquele sorriso cafajeste nos lábios, era quase impossível não revirar os olhos para ele. Afinal, como alguém aparentemente tão novo poderia estar dirigindo uma BMW numa cidade pequena?

— Boa noite, Anelise. — articulou, segurando uma risadinha abafada. A escolha de roupas era só para irritá-lo. Ambos partilharam do mesmo pensamento, afinal, Eros havia colocado seu terno preto.

— Boa noite, Eros. — Quem diabos vai à uma sorveteria de terno e BMW? Pensara, quase recusando o convite e voltando correndo para seu alojamento. Quinhentas pratas. Quinhentas pratas. Você consegue.

   Eros fez uma reverência e Anne conhecia bem, por isso, estendeu a mão para que ele o beijasse. Céus, ele acha que é algum personagem de Jane Austen. Anelise adentrou no veículo, ignorando a sensação boa de conforto ao sentar no banco de couro. Ela encostou a cabeça na janela e observou a silhueta charmosa das casas enquanto eles prosseguiam em silêncio até a sorveteria.

Chegando lá, Eros fez a gentileza de abrir a porta e Anelise odiava esse excesso de cavalheirismo. Mas, não recusou-se a pegar na mão dele.

— Não vai perguntar se estou indo para algum funeral, Anne? — Desdenhou com um sorrisinho, fazendo-a semicerrar os olhos castanhos. 

— Se algum de nós não sobreviver a este jantar, você já tem a roupa certa para a ocasião. — Ela deu uma leve tapinha nas costas dele e seguiu adiante. Eros apenas gargalhou.

Após fazerem o pedido de seus clássicos sundae de morango e chocolate, os dois sentaram-se um de frente para o outro.

— Então, por que você tem tanto interesse em sair comigo? É um pouco estranho. — Anne observou, fazendo Eros sorrir com o modo direto dela.

— Estranho eu ter interesse em você ou chamá-la para sair? Eu não entendi bem a sua pergunta. — Retrucou, ganhando um olhar furtivo de volta.

   Anelise não falou nada, apenas voltou a tomar o seu sundae. Não queria puxar papo, no fundo, achava que aquilo poderia ser uma péssima ideia. Mas, Eros começou a conquistar a confiança dela aos poucos, abordando assuntos sobre livros, filmes e séries. Anne não se rendia tão facilmente, mas, pela primeira vez, havia um sorriso sincero em seu rosto.

Eros não conseguia negar que aquilo causava uma sensação nele. O que poderia ser?

Eros Caindo em Tentação (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora