Joshua e Susan viviam secretamente um amor que se estendeu para incontáveis noites embaixo dos lençóis, incontáveis noites de amor e luxúria mas desta vez, eles estavam unidos com outro propósito.
— Você não acha isso arriscado? E se alguém descobrir? — Ele sussurrou, enquanto Susan pedia silêncio e abria a porta dos fundos do jornal local.
— Shhhh... Vai dar certo, mas não se você me impedir de pensar com tantas perguntas. — Os dois adentraram no recinto e suspiraram fundo, sentindo o cheiro de papel e tinta fresca. Uma nova sala estava sendo adaptada.
— Você sabe mexer nessas máquinas? Eu não faço ideia do que posso fazer com elas. — Joshua passou a mão em seu cabelo, sentindo-se inútil diante daquela maquinaria moderna.
— Minha mãe trabalhava como faxineira desse lugar, muitas vezes eu vim para ajudá-la. Então, o conheço como a palma da mão. Existe uma maquinaria antiga nos fundos, nela, eu sei mexer. Agora, vamos.
Os dois caminharam em silêncio, usando lanternas para iluminar o corredor, ligar as luzes iria chamar muita atenção.
— Então, vamos entrar, imprimir esse material e espalhar por toda a cidade? E depois? — questionou estreitando os olhos, de todas as brincadeiras safadas, ser invasor de propriedade privada não era a sua favorita.
— Consegui alguns documentos com fotos sobre as vítimas e os colares que formam um padrão estranho. Não importa. Qualquer coisa serve para chamar a atenção dos cidadãos.
Joshua calou-se, apenas seguindo Susan que sabia exatamente onde queria chegar. Ao final do corredor, a loira parou e abriu a porta, logo após Josh adentrar, ela fechou e ligou as luzes que eram discretas lá dentro.
— Podemos? — A primeira-dama sorriu maliciosa, ligando as máquinas e pondo em reprodução o material.
— Bem, isso não é o tipo de passeio que eu iria propor. — Josh sorriu, enquanto Susan retribuía.
— Como está sendo a sua adaptação? As pessoas te olham como? — pôs uma mecha de seu cabelo atrás da orelha e prestou atenção na expressão dele.
— Às vezes me sinto um monstro. Elas dizem coisas horríveis a meu respeito. Mas acho que têm razão em dizer essas coisas. Eu menti para todos nessa cidade. — Josh suspira fundo e Susan se aproxima dele.
— Foda-se o que as pessoas pensam de você. Todos aqui são hipócritas, mentirosos e sujos. Eros teve razão em dizer isso sobre os moradores de Lovedale. São hipócritas que acham que podem falar dos outros. — Ela passou a mão no rosto do padre recém desposto.
— Eu sei. Estou me adaptando a essa nova vida, dentre tantas outras que eu já tive. — Os dois sorriram brevemente.
— Você já pensou em ser ator? Hollywood está perdendo alguém com o seu talento para tantos personagens. — mordeu o lábio antes que Joshua a beijasse, em seguida as luzes se apagaram repentinamente.
— Ouviu alguma coisa? — Josh sussurrou, antes de ser acertado com algo metálico na cabeça. Desmaiando no mesmo instante, sem conseguir esboçar qualquer reação.
— Josh? O que foi isso? — Susan gritou desesperada, tateando a mesa, buscando as lanternas ou algum apoio.
— O que você está fazendo é errado, não pode contar para "eles", não acreditarão na sua versão. Vá embora, antes que eu mude de ideia e mate o seu amante. — Uma voz inumana invadiu o local e Susan apenas assentiu, sem ter certeza de que a criatura estava vendo.
— O que você quer? Eu já ouvi a sua voz antes, essas mortes, são culpa sua? — Criando uma coragem repentina, ela questionou, enquanto o que estava naquela sala apenas gargalhava. Ou tentava, já que não dava para ter certeza.
— Eu quero vingança e a morte de todos vocês. Vá embora. Estou começando a mudar de ideia, Susan Carter. — Sibilou a criatura antes de sair da sala e acender as luzes novamente.
Então, Susan encontrou Josh desacordado e com uma poça de sangue ao seu redor.
— Josh! — Exclamou, sentindo lágrimas molharem o seu rosto.
— Es-tou b-em. — Resmungou, forçando para falar de forma inteligível. — Va-mos... Embora.
Susan o apoio em seu ombro, tentando aguentar o peso de Joshua que se esforçava para caminhar. Ambos teriam que sair do jornal o mais rápido possível, pois, quando a primeira dama olhou para trás, o corredor estava em chamas.
O fogo se alastrou rapidamente, mas não antes do casal sair com segurança do local. Susan ofegava e tentava colocar Joshua no carro na busca de um hospital próximo. Mas, no fundo ela sabia, não importava quem fosse, era alguém que não queria se identificar e em breve voltaria.
[...]
Anelise acordou com um suspiro fundo, como se tivesse lhe roubado todo o ar de seus pulmões. Ela suspirou fundo e passou as mãos em seu pescoço, buscando por seus dois colares. Ambos estavam lá. O colar dado por sua avó e o colar presenteado por Eros.
Ela estava prestes a dormir novamente, quando um pensamento lhe ocorreu. Havia sonhado? Sangue em suas mãos? Anne ligou o abajur e observou que suas mãos estavam limpas. Mas, ela não lembrava como tinha ido para a casa de seus pais.
— Será que eu bebi? Acho que estou cansada. — a garota falou consigo mesma, pondo a coberta sob seu corpo novamente, desligando o abajur.
Voltando a dormir um sono leve e tranquilo, Anne não se deu conta que ao lado de sua cama no criado mudo, estavam todos os colares das antigas anciãs da elite de Lovedale.
No entanto, ela despertou novamente, mas desta vez era diferente. Anelise sentia como se alguém tivesse dado uma super carga de memória em sua mente. Pois, todas as suas lembranças estavam sendo revividas, como se tivessem sido roubadas ou apagadas. Uma em especial, chamou a sua atenção. Anne fechou os olhos com força, concentrando-se naquela memória específica. Descobrindo que sua avó tinha feito muito mais do que ajudar a pequena netinha com pesadelos.
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Eros Caindo em Tentação (Concluído)
FantasyEros é o deus do prazer, filho mais velho de Afrodite. Vaidoso, egoísta e narcisista, o deus estava cansado da mesmice. Por isso, resolvera agitar a vida dos moradores de uma pequena cidade regada por tabus e conservadorismo. Lançando uma onda de pa...