Capítulo 69

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— Onde diabos ela está? — Ares vociferou, arremessando todos os vasos de flores que encontrava pelo caminho. — Onde está Afrodite? Chame-a agora!

— Calma, Ares. O que está acontecendo? — Anteros observava o pai com uma expressão assustadora. — A mamãe não aparece há dias, não sei onde ela está. —  Sem esperar por alguma outra palavra, o deus da guerra saiu tão rápido quanto entrou.

— Ótimo! Eu sabia que você estaria aqui! — Eros anunciou segundos após seu pai sair, fazendo o irmão revirar os olhos. — Chame Afrodite agora mesmo.

— Por que ninguém me conta o que aconteceu? O papai acabou de sair completamente transtornado. O que está acontecendo? — questionou enquanto seu irmão se afastava, mas, Eros deu um passo para trás.

— O que aconteceu? Bem, a mamãe traiu o papai com o amor da vida dele, que por acaso, agora é o meu. Então, digamos que não esteja nada bem por aqui. — Eros passou a mão em seu cabelo cinza, tentando se acalmar, mas percebeu algo que lhe tirou toda a paciência, Anteros não esboçou surpresa. — Maldito! Você sabia o tempo todo!

Anteros mal teve tempo de se defender quando Eros desferiu um soco em seu rosto, derrubando plantas e assustando as ninfas ao redor do bosque.

— Você sabia o tempo todo! Eu imaginava que você era um mentiroso desgraçado. Porra! Você é meu irmão! Deveria ter me contado. Sempre me avisou para ficar longe de Anelise. Ah, Anteros, como eu gostaria de desfigurar o seu rosto!

— Eros, controle-se. — Apollo surgiu em sua armadura reluzente, o deus do prazer virou-se para observá-lo e exibiu toda a sua frustração. Era incrível como ele sempre estava por perto quando o cupido precisava. 

— Eles mentiram o tempo todo, Apollo. A mulher que eu mais amo na vida inteira, que fui o devoto mais fiel. Ela me traiu, me manipulou. Suas mentiras me deixaram cego. Afrodite partiu o meu coração.

Apollo o abraçou enquanto de longe sinalizava para que Anteros fosse embora. Imaginava que o soco deveria ter doído, mas dor não era algo que durava muito tempo. Em breve passaria. Embora, a raiva e frustração de Eros fosse por tempo indeterminado.

— O que eu posso fazer por você? Qualquer coisa, Eros. Tudo que me pedir. Só para ver o seu sorriso novamente. — passou a mão no rosto de Eros, que já começava a se recompor aos poucos. 

— Obrigado pelas palavras, mas isso eu vou precisar resolver sozinho. Nunca me fui tão traído e manipulado na minha vida inteira. Isso não vai ficar assim, eu prometo. Irei encontrar Afrodite. Tenho que ir. — Dito isso, ele simplesmente voou para longe, incapaz de ouvir qualquer outra palavra.

***

Sabrina lia com calma seu livro que conta a história de dois jovens apaixonados que por uma casualidade do destino, não podem ficar juntos. Irônico. A popular ouviu uma batida na porta, não se preocupou, já que tinha uma governanta responsável pela organização do lar. Mas, a batida insistente não parou, até que ela perdesse a paciência e fosse abrir.

— Você? Que péssima visita. — Antes que Sabrina pudesse fechar a porta, Eros adentrou na casa, sem esperar pelo convite.

— Preciso mapear toda a cidade, suas cavernas e possíveis esconderijos. — anunciou, já se encaminhando para a biblioteca que conhecia bem o caminho, sem esperar que ela o seguisse.

— Espere! O que eu ganho com isso? Você não acha que é falta de educação entrar sem ser convidado? — Ela cruzou os braços e bufou, notavelmente irritada. 

— Você ganha a minha prazerosa companhia, ou uma flecha com um dos zeladores da sua faculdade. Isso não seria divertido? — Não se atreva! Estou digerindo meu último vexame por sua causa. Não vou te ajudar! — anunciou, lançando um olhar mimado para Eros.

— Sabrina. — Eros suspirou fundo, dando um passo para trás e olhando com uma raiva descomunal para ela. — Com ou sem você, eu irei encontrar Anelise, nem que seja preciso derrubar a sua maldita casa!

— Nossa, você é muito esquentadinho para um deus do prazer e cupido do amor. Acertaram uma flecha na sua bunda? — forçou um sorriso tentando mudar o clima, havia ficado com medo da motivação insana estampada nos olhos dele.

— Me ajude, não fiquei parada feito uma estátua. Você não seria uma das mais apreciáveis. — Eros pediu, ignorando completamente o comentário dela.

Os dois procuraram por horas e os resultados das buscas não estavam tão satisfatórios assim. Eros desejava ter algum poder mágico para leitura instantânea, seria mais fácil de achar algum possível esconderijo.

— E o Gregg? Você já acertou ele com outra pessoa? — Sabrina mordeu o lábio, ansiosa pela resposta enquanto Eros vasculhava com cuidado cada página dos livros antigos.

— Não. Estou ocupado demais para isso. Da última vez que eu o vi, não parecia lidar muito bem com o fato de ainda gostar de você. — Confidenciou fazendo uma esperança brilhar nos olhos dela.

— Que pena, fico feliz que você não tenha tempo. Eu vou reconquistar tudo o que eu perdi. Gregory é diferente dos caras que conheci, Eros. Não foi só a sua flecha que mudou isso. —  suspirou fundo, observando a capa dura e vermelha de um livro sem título na capa. 

— Não vou acertar uma flecha do amor nele, não farei mais isso. Deixarei que as pessoas façam suas péssimas escolhas. Os humanos são bons nisso. — Eros suspirou fundo, voltando sua atenção novamente para os manuscritos. 

— Eros, eu sei o quanto você se importa com Anelise. — Sabrina anunciou calmamente, pondo a mão em cima da mão dele. — Eu o ajudei a conhecê-la na primeira vez que pôs seus pés aqui e ajudarei a encontrá-la.  Sei que não foi de uma forma muito convencional.

O cupido  assentiu, incapaz de dizer qualquer coisa. Os dois continuaram procurando incansavelmente. Sabrina buscou chá, bolinhos, biscoitos, mas nada o agradou. Nada fora capaz de ganhar sua atenção, estava focado em sua missão de encontrar sua doce Anne.

Cinco horas depois, nenhum progresso. Eros não cansava de procurar, Sabrina já estava dormindo com um travesseiro improvisado de livros. Então, como uma lembrança, um sonho se formulou em sua cabeça.

Ela estava na praia, com um vestido branco e com pequenas conchas desenhadas na ponta. Gregg acenava e estendia a mão para Sabrina que a segurou sem hesitar. Seus lábios pronunciaram uma palavra que ela não entendeu, mas Gregg apontou para uma caverna distante. Antigamente, os casais apaixonados faziam loucuras de amor naquela caverna e ela foi selada em função disso. Gregg sorriu novamente no sonho e logo após desapareceu.

Sabrina acordou e Eros ainda buscava nos livros a resposta que estava bem diante dos olhos dela. A loira caminhou até uma das sessões, buscando um livro empoeirado com um título desgastado.

— Antigamente, havia um lugar que todos gostavam de ir. Para encontros românticos, para conversar. Bem, era um lugar escondido. Todos estavam proibidos de ir, então...

— Ande logo, Sabrina. Fale de uma vez. — Eros estava ansioso e levantou-se indo atrás dela. — Você sabe como chegar lá? Eu posso ir se não quiser me acompanhar.

— Bem, acho que nossa conversa serviu como um gatilho na minha mente para que eu lembrasse. Bem, isso significa que eu sei onde Anelise possa estar. Irei com você. — Um sorriso confiante cresceu em seus lábios enquanto ela folheava um dos livros. — Bem aqui.

Sabrina apontou para um ponto específico de um mapa amarelado e gasto. Os dois não perderam tempo em sair de lá o mais rápido possível, pegando lanternas e mapas com todas as possíveis cavernas de Lovedale. A garota pegou o carro de seus pais e dirigia com cuidado até o local. O que os esperava, era um futuro incerto. 

Eros Caindo em Tentação (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora