Capítulo 40

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Alguns dias depois da festa, Gregory Thompson evitava todas as ligações de Sabrina. Assim como, vê-la em qualquer lugar de Lovedale. Estava sendo difícil evitá-la, até então, somente um lugar trazia paz.

— A raiva é um pecado, padre? — Gregg perguntara sem focar sua atenção nele, apenas sentando-se no banco e entrelaçando as mãos.

— A ira é um pecado. Mas ao meu ver, o pecado maior, é não conseguir perdoar a si mesmo.

— Eu estou apaixonado por uma pessoa que não merece o meu amor. Eu só gostaria de arrancá-la do meu coração. — Ele confessara, observando as imagens sacras.

— Eu entendo, Gregory. — Joshua caminhou até ele, pondo uma mão em seu ombro. O rapaz e sua família, eram bastante religiosos, mas não necessariamente praticantes dos dogmas da igreja.

— Ela me magoou, é a primeira vez que eu tomo coragem para falar com uma garota sobre os meus sentimentos. Sabrina me humilhou na frente de todos os seus convidados.

— Essa família Carter... Está no genes dele magoar as pessoas. — O padre suspirou fundo, pensando em sua doce Susan.

— Como sabe disso, padre? — Gregg o observou com atenção, notando o tom vacilante dele.

— Fiquei sabendo sobre algumas coisas... Nada de mais, enfim, que tal direcionar essa sua raiva para algo bom? Sei que você está afastado da igreja e seus compromissos. Mas, poderia retomar isso agora. Ajudaria a ocupar sua mente, não? — Sugeriu, fazendo o rapaz que amava trabalhos sociais assentir.

— No que posso ser útil? — Levantando-se rapidamente, Gregg achara uma nova forma de transformar sentimentos negativos em positivos. Levando alegria para a vida de outras pessoas.

[...]

— Quantos potes de sorvete você já tomou? — Eros questionou, enquanto Sabrina movia a décima colher de sorvete de chocolate para sua boca.

— Não sei. Faz diferença? — Respondeu de boca cheia, encostando-se novamente na cabeceira de sua cama.

— Isso é mesmo necessário? — Anelise questionou, enquanto lia O Conto da Aia — Quer dizer, toda essa tristeza por causa de um garoto que você fez questão de magoar?

— Anne, não seja tão grosseira. — Eros a censurou, fazendo-a revirar os olhos.

— Se você gostava tanto assim dele, deveria ter feito algo. Eu odeio que mintam para mim, é algo que não consigo perdoar. De forma nenhuma. Sem confiança, não se pode ter mais nada meu.

— Então... — mudando o foco do assunto mentiras, Eros suspirou fundo. Sentia-se culpado pela situação de Sabrina e queria confortá-la de alguma forma.

— Se você gostasse de alguém, saberia como eu me sinto, Anelise. Mas é incapaz de gostar de alguém além de si mesma. — Sabrina deu de ombros, deixando o pote de sorvete de lado.

— Ei, espera um pouco aí. Você apostou que sairia com ele e quebraria o coração do Gregg. Foi uma vadia com ele, agora está se lamentando. Se você tivesse metade do amor próprio que eu tenho, jamais iria ser o fantoche das suas amigas.

— Parem com isso agora mesmo. — Eros surgiu no meio delas, mantendo-as numa distância segura.

— Eros, eu cansei de ficar aqui com você. Se quiser bancar a babá de uma garota cruel e mimada, isso não é problema meu. — Anelise juntou suas coisas e saiu do quarto de Sabrina.

— Você não ajuda, não é? Sei que está chateada, mas não precisa usar isso para machucar as pessoas ao seu redor. Se gosta do mesmo do Gregg, tente falar com ele. Preciso ir.

Saindo do quarto, e consecutivamente da casa do prefeito, Eros fazia um grande esforço para não correr atrás de Anelise.

— Espera um pouco! — implorou ofegante, internamente xingando a si mesmo por não poder usar suas asas.

— O que você quer? — Anelise parou de andar e cruzou os braços, segurando com firmeza sua bolsa estilo carteiro.

— Vai me bater com sua bolsa, Anne? — Eros sorriu malicioso, ao ver a expressão corporal dela, que o ignorou e prosseguiu. — Espere. Não falei por mal! Para onde você está indo?

— Isso não é da sua conta. — Ela suspirou fundo, quando o deus parou em sua frente, a pouco centímetros dela. — Você é muito curioso! Estou indo visitar o Nathan, ele se machucou e está internado. Não foi nada grave. Mas preciso vê-lo.

— Ah, que ótimo. Uma viagem com a minha namorada. Por que não avisou antes? Eu gosto do Nathan, ele é um cara legal. Vai ser padrinho dos nossos filhos. — De forma confiante, Eros passou a mão por seu cabelo cinza e Anelise não conseguia ficar sem sorrir.

— Idiota! Isso nunca vai acontecer. Eu e você, somos apenas amigos. Nada mais. — Ela desviou de Eros e continuou seguindo seu caminho.

— Não vai me convidar para ir também? Como você irá viajar? De avião? Sozinha? Sabe qual o índice de aviões que desaparecem no ar por causa de lindas mulheres a bordo? — Caminhando atrás dela, Eros ouviu mais uma risada.

— Você tem problemas, cara. Irei te internar num ala psiquiátrica. Vou dirigindo até lá. Já estou acostumada. — Anelise sorriu, e cumprimentou as senhoras que faziam tricô na varanda de suas casas.

— Você gosta dos meus charmes psíquicos, sei disso. Então, não vai me convidar? Eu nunca te imaginei dirigindo um carro. Acho que provavelmente deve ser aquela que quer atropelar todos os imprudentes no trânsito.

— Às vezes você parece me conhecer tão bem quanto a sua prima, que simplesmente me abandonou. Mas, tudo bem. Pode vir. Não estava com vontade de viajar sozinha, é muito chato. Mas se tentar alguma gracinha comigo... Eu juro que irei te jogar do carro e passar com os pneus por cima desse seu rostinho. Você sabe dirigir pela rodovia?

— Um pouco, não sou muito bom. Prefiro voar. — Eros deu de ombros, mas ao observar a expressão contrariada de Anelise, ele complementou: — Sei voar por aí, na minha imaginação. Nunca tive o interesse em aperfeiçoar, tenho métodos mais práticos.

— Sim, senhor deus do prazer. Agora, será que poderia me deixar ir para casa em paz? Eu tenho que me organizar para essa viagem, ela dura algumas horas.

— Sim, senhora deusa do sarcasmo. Em breve te encontrarei para que tenhamos a nossa primeira viagem. E o que mais poderia acontecer com nós dois viajando juntos? Estou louco para descobrir!

Eros Caindo em Tentação (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora