Capítulo 70

1.3K 225 81
                                    

A brisa fria da madrugada tocava o rosto de Eros e Sabrina, um beijo gélido e desconcertante. Eles permaneceram em silêncio, sabendo que qualquer palavra poderia arruinar tudo.

O local indicado por Sabrina estava vazio — pelo menos, não era o que Eros pretendia encontrar —, ninguém por lá, mas havia provas de alguém esteve por lá. Velas, papéis e diversos utensílios.

— Devem ser das pessoas que sempre usam aqui como um motel barato. Me desculpe, Eros. Fiz o que pude. — Ela suspirou fundo, sentindo a mão dele tocar o seu ombro.

— Obrigado pela sua ajuda. Ainda não é hora para desistir, parece ter uma longa extensão. Sabe onde isso vai dar? — Seus olhos azuis ficam ainda mais bonitos com a luz fraca que emana da laterna e Sabrina ponderou antes de responder.

— Não sei. Nunca entrei mesmo aqui, sempre tive medo. Existem muitas lendas sobre esse lugar. — Ela mordeu o lábio e desligou sua lanterna quando o cupido faz o mesmo, eles caminham juntos e falam baixinho.

— Que tipo de lenda? —  sussurrou curioso, esperando ansiosamente pela resposta.

— Diziam que esse lugar era ocupado por bruxas, mulheres poderosas que eram guardiões de Lovedale, ou melhor, Greenmaze. — Ela sussurrou, como se estivesse contando seu próprio segredo sujo. — Falam até sobre rituais aqui.

— Você acredita nisso? — o deus sussurrou novamente, fazendo ela assentir rapidamente e olhar em sua direção. 

— Eu acho que acredito em qualquer coisa depois de ver um cara com asas de cupido voar. — sugestivo, ele arqueou a sobrancelha impecável — Então, se isso for mesmo verdade. Nós estamos no lugar certo. — A popular prefere não comentar nada e os dois continuam em silêncio, lado a lado com passos lentos e bem calculados. 

Sabrina alega que não tem nada além das paredes rochosas, é quase um beco sem saída. Eles seguem um pouco mais e Eros percebe um caminho iluminado por velas, uma cantoria invade seus ouvidos e apavorada, a loira aperta o braço dele com um pouco de força. 

— Eu não estou com um bom pressentimento. Suas flechas servem para machucar alguém? — indaga sem tirar os olhos do lugar de onde vieram que era similar a uma estrela distante e pequena na imensidão do céu. A entrada se tornou apenas um pintinho iluminado e distante.

— Quem está aí? — Uma voz feminina preenche o local, fazendo os dois pararem de se mexer. A mulher sai das sombras e com uma mão livre segura uma tocha e com a outra, um pequeno baú de ouro.

Ela não o solta, e Eros presume que o artefato está lá dentro. Sophia continua andando de um lado para o outro e desta vez, pega uma lâmina afiada e toda feita de ouro. Em sua ponta há um reservatório com uma esmeralda encrustada. O deus alado consegue ver em razão de Sophia agitar a adaga de um lado para o outro.

Você precisa se esconder, fique atrás dessa rocha. Quando eu sinalizar, corra e peça ajuda. Não hesite, Sabrina. Apenas corra. Não se preocupe comigo. — Ele fala com Sabina mas sem esperar resposta, já que a comunicação se deu por um método diferente.

— Ora, finalmente encontrei você, Sophia. — ele sai das sombras, observando pela primeira vez as roupas excêntricas dela.

Sophia estava com um vestido vermelho de um tecido brilhoso e lustroso, tinha jóias nas mãos e usava uma tiara que parecia uma coroa. Seu cabelo — ou melhor, de Anelise —, estava liso e comprido. A maquiagem era dourada e tudo nela exalava poder.

— Eros! —  proferiu as palavras como se estivesse cuspindo. — Mensageiro do amor! Finalmente podemos nos falar com as nossas verdadeiras feições. Quer dizer, não preciso mais fingir que sou a sua namorada patética. — Sophia se deixou ser envolvida pela conversa.

Eros Caindo em Tentação (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora