Anelise sentira seu coração pulsar descontrolado em sua caixa torácica. O silêncio ensurdecedor, fazia com que a garota ouvisse as batidas de seu coração. A sala fria causava arrepios em sua espinha. E tudo que ela questionava era o que tinha feito de errado.
— Anelise Sophie Harper. 21 anos. Estudante de Psicologia, trabalha na sorveteria. E nas horas vagas, piromaníaca? Você gosta de incendiar antigos celeiros? — Questionou, lendo a ficha com os dados sobre ela.
— Desculpe, eu não sei do que você está falando. — Confessara, segurando com firmeza as mãos que tremiam incontrolavelmente.
— Mentira! Nós fizemos algumas análises depois de remover os escombros. Achamos fios de cabelos. Após mandarmos para um laboratório na capital, adivinha? Descobrimos que é o seu DNA. Seu cabelo. Você já pode confessar as suas motivações e preparar-se para enfrentar o júri. — Dando um sorriso satisfeito, Woody brincou com a ponta do seu bigode castanho.
— Eu não fiz nada disso. Estava trabalhando, você pode conferir com o Charlie. Eu... Juro... Sou inocente. — Ela confessou em meio às lágrimas, quando de repente a porta fora aberta.
— Pare agora mesmo o que você está fazendo. Isso é coação. E não irei admitir que o faça com a minha cliente. — Ares adentrou na sala, ajustando seu terno caro e segurando com firmeza uma pasta.
— O que você está fazendo aqui? — Woody vociferou, frustrado com a aparição momentânea. — Sempre acontece algo quando há algum tipo de investigação!
— Em primeiro lugar, vocês estão acusando a minha cliente sem provas. O que é isso? Cabelo? Onde estão as provas do incêndio? Algum instrumento usado? Estou ciente de tudo. — Ares observou a garota chorando e sentiu repulsa ao observar o xerife. — Como pode fazer uma criança chorar? Coagindo-a dessa maneira. Sem provas. Está tão desesperado assim para cumprir o seu papel de xerife? Prendendo alguém inocente?
— Veja bem como você está falando comigo, eu sou... — Antes que pudesse responder, Woody observou os olhos de Ares queimar em chamas, fazendo-o sentir um medo descomunal.
— É o xerife desta cidade. E você? Sabe quem eu, sou? — Perguntou num tom inquisitivo, fazendo Anelise enxugar suas lágrimas e prestar atenção na conversa.
— Achei que você era um engenheiro, construtor, tanto faz. Não um advogado. — Deu de ombros, sentindo-se impotente.
— Eu estava integralmente dedicado ao meu prédio de advocacia. Nada mais. Sou Doutor Ares para você, xerife. É um prazer conhecê-lo novamente. — Ele estendeu a mão, apertando com uma firmeza desnecessária. — Vamos agora ao que nos interessa.
De sua pasta, Ares retirou imagens das câmeras no horário e local do incidente, teve o álibi de alguns funcionários e do próprio dono do estabelecimento. O cabelo em questão, Anelise explicara que havia ido uma vez ao celeiro, para encontrar rapazes. E quem mais seria? Além de Eros? Isso, o xerife acatou, mas aos poucos, começava a observar a estranhas ligação entre os três.
[...]
— Obrigada. — Com um suspiro de alívio, Anelise observou o pôr do sol tímido que se formava. — Quem te mandou? Meus pais?
— Eros. Ele me pediu para cuidar de você em sua ausência. — Ares esclarece, mesmo sem ter a menor ideia de onde seus filhos estavam.
— Obrigada mesmo, não sei o que teria acontecido se você não chegasse a tempo — ela reforça o agradecimento, e Ares disse a si mesmo que aquela não era sua Sophia. — Não sei como vou voltar a trabalhar depois dessa humilhação.
— Se quiser, haverá um lugar para você no meu escritório. Mas, eu conversei com o proprietário, ele acredita na sua inocência. E te deu dois dias de folga.
— Ah, não precisa. Obrigada mesmo assim. — Anne sorri sem jeito, ainda estava com as mãos trêmulas.
— Posso te deixar em casa? É o mínimo que posso fazer por você. — sugere, sem evitar a vontade de saber mais sobre a garota com as feições de sua amada.
— Sim. Obrigada. Você foi bem inquisitivo com o xerife, não tem medo dele? — Anne questionou, ao adentrar no carro.
— Não tenho medo de nada, nem de ninguém. Principalmente de um simples mortal que usa um utensílio metálico para se pôr em uma posição de poder. — Ares pôs as mãos em seu cabelo e logo após fechou a porta, dando o endereço da garota para o seu motorista.
Ambos permaneceram em silêncio durante todo o trajeto, até chegarem na casa de Anelise. A garota suspirou fundo e agradeceu mais uma vez. Descendo do carro, o deus da guerra observou aquela mortal tão frágil e entendeu a importância dela na vida de seu filho. Ele já havia se apaixonado por uma humana antes, e se arrependeu completamente de ter entrado na vida dela. Se soubesse o que significa amar, teria deixado Sophia ir... E nunca mais iria procurá-la, mas não foi o que ele fez. E duvidava muito que Eros faria isso.
* * *
Em algum outro ponto da cidade, o sol já havia dado lugar a uma noite sem estrelas e um céu escuro e nada convidativo. Padre Joshua carregava partituras do coral infantil em uma mão e na outra, segurava com firmeza o pacote com dinheiro que lhe fora cobrado. Ao adentrar naquele mesmo carro, negro como a noite, ele suspirou fundo.
— Olá, querido. Pensei que não iria vir. Já estava pensando nas formas alternativas de matar você. Que bom que apareceu. — Amanda sorriu, com o mesmo batom vermelho em seus lábios, abrindo o pacote, seus capangas foram verificar se o valor estava correto.
— Está tudo aqui, madame. — Um deles confirmou, fazendo a mulher bater palminhas.
— Além de gostoso, você é muito eficiente, sabia? — Ela observou a carranca dele, sorrindo ainda mais.
— Não irei mais pagar. Esse foi o último pacote. Já chega disso. Cansei das suas chantagens, já te dei dinheiro o bastante. — O padre retrucou, fazendo ela passar os dedos no contorno dos lábios.
— Não me teste, querido. Isso é só uma parcela pelo o que você me deve. Ou por acaso está lidando bem com seu segredinho sujo, Angelo? Irá se adaptar a esta nova versão? A mulherzinha do prefeito já sabe do seu passado? Do nosso passado?
— Não me chame assim! Esse não é o mais o meu nome. — Vociferou, irritado por ser frequentemente lembrado de sua antiga vida.
— Você pode mudar de nome quantas vezes quiser, mas, jamais irá ser capaz de mudar a sua história. Pense nisso, eu voltarei em breve.
Obrigada pelas 17 mil leiturinhas.
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Eros Caindo em Tentação (Concluído)
FantasyEros é o deus do prazer, filho mais velho de Afrodite. Vaidoso, egoísta e narcisista, o deus estava cansado da mesmice. Por isso, resolvera agitar a vida dos moradores de uma pequena cidade regada por tabus e conservadorismo. Lançando uma onda de pa...