Ah, o amor! Haveria outro jeito de comemorar esta data tão importante sem mencionar os casais apaixonados? Os chocolates, flores e cartões?! Essa ocasião é especial tanto para os amantes quanto para a deusa do amor e seu querido filho.
Juntos, os dois saíram distribuindo amor e muito sexo, como Eros gosta. Aquela ocasião em especial, era a melhor para ele. Poderia passar mais tempo com a sua mãe, a tão ocupada deusa do amor.
— Mamãe, alguém já foi capaz de recusar o seu flerte? — indagou enquanto passeavam pela França. Eros dando flechadas e Afrodite dando "sugestões" de presente para os mortais. Ambos estavam invisíveis.
— Não. Quem iria resistir ao nosso charme, Eros? — Respondera distraída, observando uma jovem bebericando seu café e lendo algum romance. — Eu adoro a ingenuidade dos humanos, sabe?
— Por quê? — Eros deixara de lado aquele assunto, estava cansado de ficar sem respostas. Então, limitou-se a observar aquela humana.
— Eles têm uma forma diferente de ver a vida, mais efêmera. Como se fossem morrer amanhã, quer dizer, eles irão um dia. E nós não. Iremos completar mais ciclos, de forma infindável. Temos todo o tempo do mundo. — Eros ficou pensativo e observou a humana romântica e tímida, eles estavam com suas vestimentas divinas. Afinal, ninguém iria perceber.
— Essa garota tem uma vida muito chata. Vive apenas suspirando com romances, pensando em finais felizes mas esquecendo de buscar o próprio. Para ela, eu vou dar um amor diferente. Não vou modificar a vida dela introduzindo alguém, irei fazer com que ela se apaixone pela melhor versão de si. Só assim, poderá amar outra pessoa. — Dito isso, Eros atirou sua melhor flecha, acertando em cheio na garota.
— Você está diferente. — Afrodite acrescentou, observando o efeito da flecha fazer o "alvo" levantar e sair em busca de uma nova oportunidade de mudar de vida. Indo atrás de seus sonhos.
— Não estou. — Ele caminhou na direção contrária, fazendo a mãe o acompanhar. — Só quis experimentar algo diferente, foi tão ruim assim?
— Claro que não foi ruim. Só foi inusitado. — Afrodite sorriu para o filho. — Conviver com os humanos está mudando você. Eros... Você sabe que...
— Sim. Eu já sei. Somos perfeitos e imortais. Os humanos morrem! — Explodiu com raiva, soltando as palavras rapidamente. Afrodite apenas ficou quieta, Eros não costumava ser explosivo. Certamente, notara que os humanos eram o passatempo de seu filho. E no fundo, desejava que fosse apenas isso mesmo.
— Tudo bem, querido. Desculpe-me. A França é a nossa última parada. Ainda quer ir em algum lugar? Podemos fazer algo só nosso...
— Preciso ir em um lugar antes, nos vemos em casa. — Afrodite assentiu e num piscar de olhos, Eros estava sozinho em Paris. Então, ele fechou os olhos e tentou mentalizar onde Anelise poderia estar. E bem, não era difícil adivinhar.
[...]
Livrando-se de suas poucas roupas, asas e arco, o deus as trocou por um terno na tonalidade mais suave de rosa e uma gravata de mesma cor, com alguns pequenos corações. Passando as mãos em seu cabelo cinza, Eros sorriu ao observar Anelise distraída no fundo da sorveteira que estava decorada com balões em formato de corações. Ela era o personagem mais clichê e anti romântico que Eros conhecia.
— Olá. Tenho uma coisa para você. — O deus sorriu, fazendo Anelise desgrudar seus olhos da tela do laptop e observar a roupa dele, quase engasgando com café.
— O que você está fazendo com essa roupa? — Ela sorriu, tirando o óculos de leitura, como se pudesse enxergar melhor o rapaz.
— Hoje é Valentine's Day, esqueceu? E eu sou da sexualidade, cupido, filho de Afrodite. Qualquer coisa que você queria me chamar. — Eros sorriu, ainda parado, tirando do bolso um cartão com uma frase clichê e muitos corações.
— Ah, é verdade. Quase esqueço dessa sua vida corriqueira como deus do sexo. — Anne sorriu desdenhosa, mas fora surpreendida com o cartão. Não demorou para pegá-lo. — Obrigada, eu não tenho como te dar um, então...
— Tudo bem, não se preocupe. Estou encarregado dessa missão por hoje. — Anelise ofereceu a cadeira para que Eros pudesse se juntar a ela. — O que está fazendo? É um pouco deprimente estar sozinha numa mesa com um aparelho eletrônico e uma xícara de café.
— Não é deprimente. Apenas aprecio a minha boa companhia. E aqui é o melhor lugar do mundo para mim. Mas, respondendo a sua pergunta, estou lendo numa plataforma online e gratuita de livros. Um romance bem legal, se chama Lust For Life* conta a história de Afrodite, uma jovem sonhadora e aspirante à escritora que após um relacionamento abusivo, tenta se reerguer novamente. Gosto da escrita da autora e das problematizações reais abordadas.
— Parece ser interessante. Mas, você disse Afrodite? — Eros sorriu, observando a morena revirar os olhos e entregar-se a uma risada.
— Isso. Como a sua mãe. Detalhe: Afrodite tem um gato chamado Eros. — os dois sorriram e o deus revirou os olhos.
— Bem, pelo menos eu sou um gato. Afrodite em um romance. Mamãe ficaria orgulhosa em saber que tem uma personagem, assim como todos os outros, com o nome dela.
Os dois sorriram novamente e por segundos, notaram os casais de ambos os gêneros e idades. Se beijando, trocando carinho em público e um silêncio constrangedor se espalhou.
— Você já se apaixonou por alguém, Anelise? — Perguntara sem rodeios, pegando a morena de surpresa.
— Não. — respondera de forma clara e objetiva, encarando aqueles intensos olhos azuis. — O amor é uma perda de tempo, Eros. Estou focada em estudar e realizar os meus sonhos. Não tenho tempo para isso. — Algo incomodou Anne naquele momento.
O conteúdo da pergunta não era ofensivo, talvez por ser ele a introduzir o assunto, talvez... Ela não sabia o que era, mas ficar perto de Eros por muito tempo deixava com uma sensação estranha. De que precisava sair de perto dele o mais rápido possível.
— Obrigada pelo cartão. Feliz Valentine's Day, Eros. — Dissera após juntar suas coisas e sair dali o mais rápido possível.
— Feliz Valentine's Day, Anelise. — O deus falou baixinho, observando ela sair às pressas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eros Caindo em Tentação (Concluído)
FantasyEros é o deus do prazer, filho mais velho de Afrodite. Vaidoso, egoísta e narcisista, o deus estava cansado da mesmice. Por isso, resolvera agitar a vida dos moradores de uma pequena cidade regada por tabus e conservadorismo. Lançando uma onda de pa...