Capítulo 64

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    Ares segurou a mão da garota, como se a impedisse de desferir outro tapa enquanto o clima na sala ficava tenso. Apertando pulso dela com um pouco de força, concentrando-se em desvendar aquele olhar repleto de ódio. Os dois se olhavam mas ninguém dizia nada, como uma conversa enigmática e silenciosa.

— Anelise, eu vim te buscar para almoçar e... — Eros interrompeu sua frase, notando o jeito estatístico que os dois estavam. — Está tudo bem aqui? —  fechou a porta atrás de si e esperou pela resposta.

— Sim. Está tudo bem. — Ares afastou-se, sem desviar os olhos dela. Ele passou as mãos em seu cabelo castanho e observou as reações de Anelise, ou melhor, Sophia. Ainda estava surpreso e precisava de explicações sobre o que acabara de acontecer. 

— Eros! Claro. Vamos almoçar. Isso. — juntando rapidamente os seus pertences, ela o puxou Eros pelo braço e o levou para fora da sala. 

— Você está diferente. — observou, agora conseguindo caminhar sem ser quase arrastado. — Aconteceu alguma coisa entre você e o meu pai?

— Nada. Para onde nós iremos? — Ela passou a mão em seu cabelo, agora liso, chamando a atenção de Eros.

— Gostei do seu cabelo assim, mas acho que os cachos te dão mais personalidade. — Pondo as mãos nos bolsos, o deus estava se sentindo desconfortável com a nova versão de Anelise que prestava atenção em tudo, menos nele.

— Eu deveria fingir que me importo com isso? — Sophia passou a mão em seu cabelo, bufando frustrada, sem saber como lidar com a prole de Afrodite. — Quer saber, acho melhor eu ir almoçar sem você. Estou precisando de um tempo. Você é muito irritante, não sei como ela consegue tolerar isso.

Dito isso, Sophia se desvencilhou de Eros e buscou outro caminho, fugindo completamente dele e de sua notória necessidade emocional. 

[...]

   Joshua acordava gradativamente, sentindo a cabeça latejar. Os bipes familiares dos aparelhos do hospital chamaram a sua atenção e ele gemeu de dor quando tentou levantar da cama.

— Vai ficar tudo bem, Josh. Eu estou aqui com você. — Susan apertou a mão dele, passando carinho e conforto.

— O fogo, ele... As provas... Os crimes... Nós precisamos... — Os batimentos cardíacos dele aumentaram, fazendo com que uma enfermeira viesse aplicar sedativos para que o homem não saísse da cama.

— Nós perdemos tudo, tudo que pegamos na delegacia e nos arquivos dos jornalistas. Não temos nada. — Susan secou uma lágrima solitária que escorria por seu rosto.

— Eu. Sei. Quem estav-a lá. — sussurrou com dificuldade, sentindo os olhos pesados demais para continuar acordado.

— Quem? Josh, me diga! Quem estava lá? — Susan saltou da poltrona e ficou ao lado dele.

— Senhora, ele precisa descansar. — A enfermeira alertou, convidando-a a se retirar.

— An... An...elise... Anelise. — confidenciou antes de fechar os olhos e cair num sono leve ocasionado pelos sedativos.

* * *

— Que ótimo. Parece que todos estão de mau humor hoje. Mas, isso é estranho. Eu já irritei Anelise tantas vezes, mas ela nunca fugiu de mim. Vou tomar sorvete para ocupar esse vazio existencial que a minha amada deixou hoje. 

Eros suspirava fundo, entediado depois de consumir cinco taças de sorvete de creme. 

"Ele fica tão lindo nesse uniforme"

Eros Caindo em Tentação (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora