— Primeiramente por que eu estou aqui? — indagou, bufando e cruzando as pernas. Mantendo seu olhar fixo no homem à sua frente.
O lugar parecia um cubo de metal, era frio e continha apenas uma mesa e duas cadeiras que marcava o limite do contato visual.
— Andei pesquisando a seu respeito, não encontro nada em nossos registros. Habilitação. Cartões. Nada do tipo. Misteriosamente, desde a sua chegada as coisas aqui não estão funcionando da forma que deveriam. — O xerife semicerrou os olhos, observando a arrogância do rapaz.
— Está querendo dizer que eu sou um suspeito? Qual foi o meu crime? Ser bonito demais? Ou me vestir de forma elegante comparado com o perfil das pessoas dessa cidade?
— Para alguém que não gosta dessa cidade, você não sai daqui, não é? — Woody sorriu desdenhoso, puxando o cinto com a sua calça, da mesma forma que fazia sempre. — Eu fiquei sabendo que a última pessoa a ter contato com a senhora Stones foi você. Ela mencionou algo sobre trazer o caos para esta cidade. Então... O que tem a dizer sobre isso, Eros?
Algumas horas antes...
— Ninguém vai sair daqui, até a segunda ordem. — Woody anunciou fazendo todos os jovens se entreolharam.
— O que está acontecendo? — Sabrina se espremeu entre os universitários e observou seus pais juntos, descendo do carro.
— Meu anjinho, vamos para casa. Mamãe e papai vão te levar. — O prefeito anunciou, fazendo Susan revirar os olhos, ela ainda não havia perdoado a traição. Mas, uma separação iria atrapalhar seus planos e consequentemente sua vingança.
— Não estamos fazendo nada de mais. É só uma festinha. — Anunciou um universitário levemente bêbado.
— Todos vocês devem ir para casa agora mesmo. A festa acabou. — Woody gritou, sem paciência com os jovens.
Anelise por outro lado, agora notara que Ellyah havia sumido. A morena suspirou fundo, fazendo uma busca mental de pessoas que conhecia, somente para voltar para casa com alguém.
— Oi, a Elly me pediu para te levar. Os pais dela vieram buscá-la e não deu tempo para despedidas. Podemos ir? — Eros sorriu brincalhão. Estava com uma fantasia de deus grego. Um tecido branco cobria seu corpo, e mostrava somente um lado de seu peitoral, estava com as asas e uma coroa dourada de louros.
— Não vou embora com você — retrucou birrenta, cruzando os braços.
— Não vai mesmo, senhorita. Eros, me acompanhe até a delegacia. Preciso fazer algumas perguntas para você. — Woody anunciou de forma autoritária.
— Tudo bem. Aposto que meu crime foi ter a fantasia mais bonita dessa noite. — Os universitários sorriram mas foram silenciados pelo xerife que já estava ficando irritado.
— Se você disser mais uma gracinha, irei te prender por desacato. — Sibilou, fazendo o deus levantar as mãos em rendição. — Todos os pais foram chamados, vocês só sairão daqui com eles. — Disse por fim, conduzindo Eros até a delegacia.
Anelise por outro lado, assim como os outros jovens, tivera que esperar pacientemente pelos seus pais. Mas, vários questionamentos sobre Eros estavam vindo à tona. Por que será que ele havia sido levado?
Após ouvir uma buzina alta, pôde perceber que seu pai estava impaciente e provavelmente ela se perdeu em pensamentos. Sempre fazia isso, ou, quando ficava nervosa brincava com seu colar que sempre guardava com carinho.
Chegando na delegacia, Eros não teve uma recepção muito calorosa, fora empurrado algumas vezes e levado diretamente para a sala de interrogatórios. Depois de passar um tempo sozinho e impaciente, o xerife adentrou na sala, trazendo algumas fotos e um sorriso insatisfeito. Após algumas perguntas desconexas, até mesmo o deus estava ficando cansado desse papo chato.
— Agora virei um suspeito por ser um cara novo na cidade? Sabe qual é o problema dos humanos? Eles nunca assumem sua responsabilidade, sempre procuram divindades para culpar. Vocês não são seres imaculados e inocentes — Eros suspirou fundo, revirando os olhos e bebericando água em um copo de plástico. — Se você quer um álibi, eu estava com meu pai. Sabe quem é Ares? O novo empresário que vai agitar essa cidade? É o meu pai. Pode chamar ele aqui mesmo se quiser.
O xerife pareceu avaliar a situação e convocou um dos seus encarregados para verificar a informação.
— Por que a senhora Stones lhe diria aquilo? Alguma razão para levantar sua desconfiança? Uma das mulheres com ela nos contou sobre isso. — Questionou, após saber quem era o pai de Eros, havia mais calma em sua voz.
— Não faço ideia. Ela simplesmente começou a falar umas coisas sem sentido. Deve ter algum problema mental, algo do tipo. — Suspirou fundo e tamborilou os dedos na mesa metálica.
Ele não conseguia sentir nada em Woody, parecia que o homem estava tão ocupado com trabalho que esquecera até de fazer sexo. Deduziu que os pensamentos do xerife eram chatos. Sobre crimes, mortes e nada além disso.
— Reconhece isso? — Woody apresentou as fotos, fazendo Eros olhar com atenção. Não se surpreendia com mortes, mas não era algo do qual ele gostava de observar. Mas, algo peculiar chamou sua atenção.
— O que esses colares tem a ver com as duas mulheres? Elas tinham um gosto limitado para jóias? — Dissera sem tanto humor na voz, observando o mesmo padrão para o assassinato.
— Bryan mencionou uma história antiga sobre Lovedale. Com poder, mitologia grega, magia e lutas. Acreditava-se que esse colar era como uma chave para algo secreto. Mantido por guardiões. Mas, só funcionam juntos. Eu não acredito nessas coisas, mas você já viu esse colar? A senhora Stones estava usando ele na hora que falou com você?
— Não são só histórias para dormir, mitologia grega é a base da nossa história. Tudo que você ouviu, é verdade. Que sorte esse Bryan tem de ser um cara que gosta de história. — Bufou desinteressado.
— Bryan foi morto. Era um homem bom, mas alguém o matou de maneira cruel e fria. Estamos tentando abafar o caso, mas foi uma morte incomum e muito cruel. — Ajustou-se na cadeira, sentindo a tensão em seus ombros. — Alguém quer esses colares e está matando em busca deles. Então, você já viu em algum lugar?
— Eu acho que já vi, mas não consigo lembrar. — Forçou-se para recordar. Tinha certeza de ter visto aquele colar. Após alguns segundos de reflexão, a resposta estava clara em sua mente, antes que ele pudesse responder: Anelise
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Eros Caindo em Tentação (Concluído)
FantasyEros é o deus do prazer, filho mais velho de Afrodite. Vaidoso, egoísta e narcisista, o deus estava cansado da mesmice. Por isso, resolvera agitar a vida dos moradores de uma pequena cidade regada por tabus e conservadorismo. Lançando uma onda de pa...