Eros acionou o motorista de seu pai que pontualmente chegou no horário estabelecido. Com um cumprimento, eles se saudaram e Eros abriu a porta para Anelise, mas não antes de ouvir o motorista dizer: eu sempre soube que você estava apaixonado pela humana.
Anelise observou pela janela o carro levantar vôo e as nuvens ocuparem seu campo de vista. Ela estava fascinada e ao mesmo incrédula com a nova contemplação do céu, mas notara que desde então, Eros não havia falado nada.
— Está tudo bem? Você parece distante. É por causa da sua mãe? Ou do Anteros? Não os viu mais? — Anelise pôs a mão por cima da dele e sorriu brevemente.
— Estou bem, só pensando em algumas coisas. Eu nunca mais os vi e não voltei mais para casa. Não sei onde estão, acho que ela vai passar um bom tempo sem aparecer. É sempre assim, eles somem quando fazem besteira. Apesar disso, estou feliz por estarmos bem, por você estar bem.
— Eu também estou feliz. — ajustou a gravata do terno azul claro dele e sorriu. — Você ser um prefeito faz de mim uma primeira-dama?
— Acho que só se você casar comigo, não seria tão ruim assim, seria? — Os dois sorriram brevemente, enquanto Anelise deixava a resposta no ar.
O carro parou subitamente, fazendo o cupido arquear a sobrancelha. Desde que chegara em Lovedale, ele não havia retornado à Paris, mas havia se distraído tanto assim para que chegassem tão rapidamente?!
O motorista, cujo nome era Hector, abriu a porta traseira para os dois e anunciou a chegada. Eros desceu primeiro e aguardou Anelise, que ajustava uma mecha de seu cabelo cacheado atrás da orelha.
— Puta merda! — exclamou ao perceber para onde eles tinham ido. — Estamos em Paris!
— Sim. Eu só tenho amizades refinadas. — O deus ajustou o terno e sorriu brevemente. — Vamos? A minha amiga é muito ocupada e nos encaixou na agenda dela, ela já está nos aguardando.
Os dois adentraram no ateliê enquanto Anelise deixou para trás a imagem da Torre Eiffel que vislumbrou anteriormente. Eros falou algumas palavras com a recepcionista e Anne passeou seu olhar pelo recinto. Os toques de arte moderna e neoclássica se misturavam e tornavam o lugar ainda mais bonito e luxuoso.
— Anne, por aqui. — a conduziu, familiarizado com a escada com um carpete vermelho e brilhoso enfeitando os degraus.
Ela permaneceu em silêncio, até finalmente ver silhuetas de manequins e linhas de costura espalhadas pelo ambiente, uma música francesa suave tocava e uma figura feminina dançava com uma combinação de calça e camiseta jeans. Anelise franziu as sobrancelhas e observou as curvas bonitas dela.
— Amour cupidon — a mulher saudou e quando Anelise observou seu semblante, quase gritou. — Bem-vindos ao meu ateliê! Finalmente você resolveu nos visitar, cupidinho.
— Ellyah? — não escondeu a sua reação de surpresa. Aquela mulher tinha os mesmos traços de sua amiga Ellyah, que Anelise julgava apenas ser uma versão feminina de Eros. A única diferença é que o cabelo dela era castanho.
— Não, não. Meu nome é Claire. — respondeu num inglês quase perfeito, sendo marcado pelo seu sotaque francês. — Eros, quanto tempo! — Ela abraçou o deus e depois Anelise.
— Digamos que eu peguei "emprestado" o rosto bonito dela. — Os dois sorriram brevemente e trocaram um olhar cúmplice. — Faz um tempinho que nós nos conhecemos...
— Vocês eram...? — tímida, Anelise deixou a pergunta incompleta, enquanto os dois gargalhavam. Ela se sentiu ridícula, alheia à intimidade que pairava no ar.
— Amantes? Claro que não. Eros é muito bonito, mas meu coração sempre pertenceu a outra pessoa. E eu sei que ela está ouvindo agora mesmo, querida é falta de educação bisbilhotar, venha ver nossos convidados, Julien.
— Desculpe, fiquei curiosa com a aparição do Eros. Estávamos com saudade. — Uma mulher com a tonalidade um pouco mais escura do que Anelise surgiu, com roupas elegantes e um cabelo crespo colorido, ela ajustou o óculos redondo no rosto perfeitamente simétrico. — Você já usou aquele terno rosa com corações?
Ao chegar perto de Claire, Julien selou seus lábios e pôs as mãos na cintura bem desenhada dela. Então, Anelise entendeu tudo.
— Me desculpem, eu não sabia. — sorriu envergonhada, enquanto Eros se aproximava com taças de um champanhe que Anelise não sabia de onde saiu.
— Dei uma "ajudinha" para que elas ficassem juntas, achei que seria passageiro mas cá estamos. Seis anos depois e elas se amam da mesma forma. Claire é a minha estilista favorita e Julien a costureira mais incrível de Paris. Essas duas fazem as roupas mais inusitadas. Quando eu te conheci, vim aqui para pedir uma ajuda e ela me falou que ser amiga de uma garota, era a melhor forma de conhecê-la e foi assim que Ellyah surgiu. E sim, eu já usei o terno. Ele é o meu favorito.
— Então, nós nos ajudamos. E bem, cá estão vocês no meu ateliê. Inclusive, são bem vindos sempre que quiserem. — Todos fizeram um brinde e conversaram sobre os mais diversos assuntos, Anelise se sentia bem perto delas e aproveitou cada segundo daquele dia. Estava tomando coragem para finalmente iniciar uma conversa complicada com Eros.
***
Alguns dias depois, a casa usada pelo prefeito também foi desocupada. Após uma reforma e um upgrade na decoração, a casa exageradamente espaçosa virou o lar de Eros que permitiu que Sabrina ainda continuasse lá, alegando que a casa era espaçosa demais. Os programas de casais que eles faziam era divertido e o deus pôde resignar as definições de "amor e lar".
Ele observava a silhueta da cidade e as luzes que formava uma pequena constelação moldada pelas mãos humanas. Desnudo, Eros bebericava de uma champanhe enquanto sentia as mãos macias de Anelise tocar o seu corpo.
— Eros, precisamos conversar. — seu tom de voz era passivo e Anne apoiava o queixo no ombro dele.
— Qual é o problema, doce Anne? — deixou a taça no parapeito e a observou, passando a mão no rosto delicado dela, observando cada traço sutil de beleza.
— Estou me dedicando bastante na faculdade, trabalhando com seu pai eu economizei uma grana e sempre me dediquei para realizar o sonho de estudar em outro país. — A expressão dele não mudou, fazendo com que ela continuasse. — Sei que você tem a vida inteira pela frente e eu não... Decidi aceitar a bolsa que me ofereceram na faculdade e ficarei distante por um tempo, talvez alguns anos.
— Eu não a impediria mesmo se quisesse e nem quero. Você está certa. Eu tenho todo o tempo do mundo e estarei esperando ansiosamente pelo seu retorno. Exceto, se alguma outra pessoa entrar no seu caminho até lá. E juro que não iria atrapalhar, a sua felicidade me fará feliz da mesma forma, com ou sem a minha presença em sua vida. Seria egoísmo prendê-la comigo nesta cidade, mas se você quiser um dia voltar, estarei de braços abertos para recebê-la.
— Eros... — ela secou uma lágrima solitária de seu rosto e o abraçou com força. — Irei voltar um dia, prometo. Preciso fazer todas as coisas que sonhei, não há outro momento se não agora. — Os dois se entreolharam e iniciaram um beijo quente que selava uma breve despedida. — Sentirei a sua falta, meu cupidinho.
×
Será o fim do nosso casal?
E aí, sentiram falta da nossa Ellyah, ou melhor, Claire?
Sábado será postado o último capítulo. Sentirei saudades. :(
Entrem no grupo do Eros, o link está abaixo da minha descrição do perfil.
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Eros Caindo em Tentação (Concluído)
FantasyEros é o deus do prazer, filho mais velho de Afrodite. Vaidoso, egoísta e narcisista, o deus estava cansado da mesmice. Por isso, resolvera agitar a vida dos moradores de uma pequena cidade regada por tabus e conservadorismo. Lançando uma onda de pa...