Capítulo 66

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Antiga Greenmaze | 1803

Atual Lovedale

   No começo de sua criação as pessoas eram felizes com sua ocupação pesqueira ou com trabalhos que ajudavam no crescimento da cidade como um todo. Um lar feliz e próspero, pelo menos, até a chegada do caos. Ares buscava vingança, mas encontrara o amor em uma imaculada serva de Athena. Jovial, inteligente e linda; a pureza de Sophia estampava seu sorriso alegre que contagiava todos os moradores, e derretia o coração dos mais tolos homens.

  Sendo cativada pela beleza — e simpatia forjada do deus —, Sophia abriu seu coração aos poucos para o promissor pescador que carregava um olhar misterioso e ombros irresistivelmente fortes.

— Por que está me olhando assim? — Ares sorriu, interrompendo o momento tênue na lembrança de Sophia.

— Bem, porque você é o cabeça de minhoca mais bonito dessa cidade. — deu de ombros, sorrindo boba, enquanto a brisa fresca do mar tocava seus cabelos e a areia afundava sob seus pés.

— Obrigado, eu sempre soube disso. Sou irresistível. — ele sorria despretensioso enquanto enrolava a rede de pesca.

— Convencido! Quer fazer algo divertido? — Sophia mordeu os lábios e começou a tirar a roupa, fazendo Ares interromper sua atividade apenas para observá-la.

— Sophia, não me teste desse jeito. — a advertiu, tentando em vão não resistir ao charme de sua amada.

— Achou mesmo que eu iria tirar minha roupa tão facilmente? — sua amada gargalhou e correu na direção do mar, com Ares logo em seguida, sorrindo e diminuindo a sua velocidade somente para não alcançá-la tão facilmente.

Não muito longe, Afrodite observava o sorriso apaixonado dos dois, por isso Ares não estava indo visitá-la. Ele estava apaixonado e iria se casar com uma humana. Bem, ela tinha que fazer alguma coisa.

Então, após uma noite de comemoração e muito vinho, Afrodite se aproveitou da situação para se disfarçar e se misturar entre os pescadores. Todos sorriam, dançavam e cantavam com instrumentos improvisados no local que mais tarde seria a sorveteria Casquinha Crocante, o comércio mais rentável de Lovedale.

A deusa do amor viu Ares se afastar de Sophia por uns instantes, isso foi tudo que ela precisou. Iniciando um papo qualquer, Afrodite tentou se aproximar da mortal que com a bebida, havia se tornada mais amigável. Ela sorria sem parar e contava o quão apaixonada estava, mas Afrodite tinha outros planos. Por isso, despejou sua poção do amor mais forte em um dos copos variados da mesa.

De início, Sophia alegou ter bebido o bastante, mas o modo sensual de Afrodite era difícil de resistir. Ela despejou a mesma quantidade em um segundo copo, estava prestes a ir entregar, quando uma garçonete misturou todos os copos de uma vez, fazendo a deusa ficar irritadiça.

— Vamos comemorar. Eu vou me casar e estou feliz. Você quer ser a minha madrinha de casamento? — a intrigante mulher sorriu e ergueu o copo. Afrodite o ofereceu para um pescador próximo a  Sophia, mas ela insistia para que todos bebessem juntos. Então, assim aconteceu.

A poção fez efeito instantaneamente, extinguindo quaisquer resquícios de álcool no organismo de Sophia. O que Afrodite não esperava, é que fosse confundir os copos e beber da mesma poção.

As duas se entreolharam por um tempo, até que dessem as mãos e saíssem do bar, indo buscar uma diversão particular e diferente. A deusa do amor mostrou suas qualidades, enquanto Sophia se mostrava totalmente aberta às suas necessidades. Ambas entrelaçadas numa poção do amor tão forte, que nem mesmo a deusa do amor conseguira achar um antídoto.

E logo após, as consequências desse ato se estenderam pelo passado, presente e futuro.

***

Lovedale - Atualmente

   Após ficar em observação por um tempo, Joshua se recuperava aos poucos enquanto Susan abria mão de suas obrigações para cuidar de seu amado. Claro que Robert não gostava nada disso, mas ao saber que sua mulher poderia destruir seu mandato baseado em mentiras, ele não pôde fazer nada.

— Como você está se sentindo hoje? — perguntou esperançosa, observando os olhos intensos de Josh.

— Melhor. Essa pancada na cabeça danificou a minha memória, não foi? — O médico assentiu, alegando que se tratava apenas de memórias recentes e que logo passaria.

— Por sorte não foi nada fatal e você está bem, estávamos tão perto de conseguir. — Ela choramingou, sentindo a mão do médico encostar em seu ombro.

— Não sei o que a senhora estava fazendo naquele prédio em chamas, Sra Carter. —  fez uma pausa e a observou com seus  intensos olhos castanhos. — Não importa o que seja, o padre Joshua, quer dizer, Josh, precisa descansar.

— Tudo bem, eu entendo. Obrigada por ter salvo a vida dele. Fiquei com medo que acontecesse algo pior. — a primeira-dama suspirou fundo enquanto Joshua fitava a janela.

— Ele pode parecer um pouco distante às vezes, mas alguns pacientes se incomodam em perder a memória, ao ponto de ficar "buscando" na mente todas as informações que puder. Traga-o para futuras avaliações, irei receitar um remédio para a dor. Foi muito forte, você sabe com o que Josh foi atingido?

— Eu não faço ideia, mas parecia ser pesado. O resultado da investigação nos dirá tudo sobre isso. — Os dois caminhavam pelo corredor, em silêncio, alheios às próprias conspirações.

— Investigação? — questionou assustada, sentindo um frio percorrer sua espinha.

— Sim, senhora. Muitas pessoas afirmaram ter visto vocês dois saindo do prédio em chamas. — O doutor ajustou seu óculos e suspirou fundo — Por aqui, me acompanhe.

Receosa, Susan Carter caminhou ao lado do Dr. Billy e o corredor silencioso a deixava inquieta. Billy abriu uma porta e educadamente indicou para que ela entrasse. Susan adentrou, mas surpreendendo-se ao perceber quem estava na sala.

—  Olá novamente, Sra. Carter. Aqui vamos nós novamente. Gostaria me dizer definitivamente qual a sua participação no assassinato de 5 mulheres da elite de Lovedale? Provas foram roubadas e o jornal teria acesso ao material que poderia ser trazido a público, mas você destruiu tudo com o seu amante. Finalmente consegui pegá-los. Você está presa pelo incêndio criminoso do Jornal de Lovedale, anos de jornalismo, cultura e história foram transformados em cinzas. Agora não escapa!

— Mas, mas... Eu não... Eu não fiz nada! Woody, me escute! Não sou uma assassina! — As lágrimas molhavam o rosto dela, mas era em vão, Woody já estava exibindo a mulher do prefeito algemada e despertando olhares curiosos por todo o corredor da instalação.

Ainda sem revisão 2/2

Leiam o comentário que deixei avulso

Eros Caindo em Tentação (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora