Capítulo 41

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   Anelise dirigia há horas, se atentando ao mapa à sua frente. Ela não conseguira lembrar com exatidão as rotas para chegar à São Francisco. Eros por outro lado, estava entediado com a viagem e o silêncio.

— Será que eu poderia ligar o som? Fico incomodado com o quietude, não consigo nem ouvir os seus pensamentos a meu respeito. Seria um ótimo entretenimento. — malicioso, abaixou o vidro da janela dianteira do carro.

— Como assim ouvir os meus pensamentos? — Anelise tirou a atenção do trânsito por alguns segundos, observando rapidamente o vento bagunçar o cabelo de Eros.

— Ah, sei lá. Quer dizer, conversar. Ouvir as coisas que você tem a me dizer. Nenhum xingamento? Poderíamos dar uma paradinha para almoçar, que tal? — Passando a língua lentamente em seus lábios, o deus sorriu com sua proposta indecente.

— Mas não está na hora do almoço. — Respondera inocentemente, levando alguns segundos para entender a proposta. — Eros! Sem gracinhas! Eu vou te jogar desse carro.

Meow, que gata agressiva. Bem, vamos conversar então, ou eu vou ligar o som deste carro. — Ele ameaçou com um sorrisinho maldoso.

— Eros, se você ligar o som e cantar todas as músicas das Spice Girls novamente, eu juro que irei pular do carro. — Seu tom era firme, mas Eros apenas gargalhou.

— Tudo bem. Você venceu. Que tal um jogo de verdades? Apenas sinceridade. Topa? — Ele a encarou por um tempo, enquanto Anne pensava a respeito.

— Certo. Por que eu nunca te vejo com os seus pais, sua relação com eles é difícil? — Perguntara sem titubear, fazendo Eros respirar fundo.

— Você foi bem direta, estava querendo me perguntar isso há muito tempo? — Ele sorriu minimamente, pensando em sua resposta. — Minha relação com os meus pais, é diferente da que vocês têm. Não costumamos ter muito afeto, cada um desempenha um papel. E, nada além disso.

— O jeito que você fala, parece até que não é humano. Às vezes é engraçado, outras, apenas me deixa intrigada. — Anelise confessou, sem tirar os olhos do volante.

— Mas eu não sou, Anelise. Um dia você vai acreditar em mim. Mas, isso não importa, é a minha vez —  bateu palminhas, enquanto ela revirava os olhos.

— Por que o meu pai te ajudou a sair da delegacia, e o que você estava fazendo lá? — Eros analisava o jeito ereto que Anelise havia se ajustado no banco.

— Ele me disse que você sabia que eu estava ali, e que havia o enviado para me tirar daquela situação. Era um favor especial para você. — Anne confessou sentindo-se desconfortável, já que Ares havia mentido para ela, e estar no meio da relação tensa entre eles, lhe causava uma sensação estranha — O xerife achou que eu estivesse envolvida no incêndio do celeiro. Mas tudo foi resolvido.

— Graças ao meu pai, não é? — Ele completou a frase, e Anelise percebeu um tom enciumado. — Não. Eu não sabia. E ele também não me contou nada a respeito disso. — Ambos ficaram quietos por um tempo, enquanto Eros retomava as perguntas. — O que você sentiu quando nos beijamos pela primeira vez?

— Finalmente! — anunciou quase gritando, tirando a chave da ignição e saindo do carro. Eros estava distraído nas perguntas e não prestou atenção quando Anelise finalmente achou a rota certa para a cidade e consecutivamente para o hospital.

Suspirando fundo, ele desceu do carro e a seguiu em silêncio pelo estacionamento, Anelise já estava adentrando no hospital, claramente, fugindo daquela resposta. Mas, Eros não iria esquecer o jogo de perguntas.

Eros Caindo em Tentação (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora