Capítulo 22

2.6K 442 247
                                    

   A noite estava esplêndida naquele dia em especial, as aves noturnas estavam silenciosas e a cidade de forma em incomum parecia estar calma. A ocasião perfeita para o encontro de um casal que vivia um romance proibido. A mulher observava as ondas daquele mar calmo, suspirando fundo ao pensar nos rumos que sua vida tinha tomado desde então. 

— O que está vendo lá? — seu amado a surpreendeu com a pergunta, sentando-se ao seu lado.

— Consigo ver um horizonte desconhecido e vasto, vejo sereias, marujos e muitas histórias que apenas o mar é testemunha. O mar e Poseidon. — Os dois sorriram e a mulher encostou a cabeça no ombro dele e indagou: — E o que você está vendo, Ares?

—  Não sou poético como você, querida. Então, vejo apenas um monte espuma, uma forma terrível de morrer, caso alguém entre sem saber nadar. Minha doce Sophia. Seu lado de ver a vida é tão bondoso.

— Se esforce mais um pouco, eu sei que você consegue — insistiu, o incentivando a usar a criatividade. Ares fechou os olhos e respondeu-lhe: 

— Vejo várias composições químicas formarem um mar extenso, misterioso e que superficialmente pode mostrar ser belo e inofensivo. Na mesma proporção que letal. E ele me faz lembrar de uma coisa, eu estou perdidamente apaixonado por você. — Sorrindo, os dois se encararam por alguns segundos, antes que seus lábios se unissem em um beijo apaixonado.

Ares começou algo por vingança, mas não poderia imaginar que iria se apaixonar. Quais consequências um deus poderia sofrer em apaixonar-se por uma mortal? Ele descobriria em breve, e da pior forma possível. As consequências de seus erros iriam se alastrar e destruir muitas vidas. Não é à toa que o chamam de deus da guerra e do caos.
 

Atualmente...

    Anelise se preparava para um encontro com Eros, iria entrar no jogo dele, sobre divindades, mãe deusa e tudo mais. Iria cair no seu papo, apenas para saber até onde ele iria com aquela fantasia. Ellyah era de grande ajuda, sempre auxiliando a amiga sobre o que Eros poderia ou não gostar. Odiava admitir, mas estava intrigada. Descobriria tudo sobre ele, a todo custo. Por isso, não tardou em usar sua melhor roupa e seu melhor perfume. Desta vez, ela tinha escolhido o lugar, já que Eros não era qualificado para isso.

Ao sair do alojamento, ela caminhou pela cidade observando cada detalhe. As lojinhas de doces, as crianças brincando nas ruas e os moradores com seus sorrisos inabaláveis de felicidade. Desta vez, eles se encontrariam na praia. Um belo fim de tarde para ver o pôr do sol.

Após caminhar por alguns minutos, o cheiro de maresia invadiu seus sentidos, fazendo-a fechar os olhos por alguns segundos e escutar somente o barulho das ondas. Não muito longe dali, Eros se aproximava aos poucos. Sentindo a areia tocar seus dedos e carinhosamente afundá-los.

— Olá, Anelise. — cumprimentou, ao vê-la daquela forma tão distraída.

— Oi, Eros. Faz tempo que está aí? — perguntou tímida, pondo uma mecha de seu cabelo cacheado atrás da orelha.

— Acabei de chegar. Trouxe algumas rosquinhas com cobertura de chocolate e geleia de morango. — Sorriu, oferecendo a cesta.

— Não acredito! Eu amo rosquinhas com geleia de morango. Ellyah te contou? Traidora! — Os dois sorriram e enfim sentaram observando o mar.

[...]

    Após comerem em silêncio, os dois se atentaram a contemplar o mar calmo, as crianças alimentando pássaros e algumas pessoas caminhando pela praia.

— Acho que temos um assunto inacabado. — Eros anunciou, chamando a atenção de Anelise para seus incríveis olhos azuis.

— E o que seria? — Indagou desvencilhando-se daquele olhar intenso.

— Eu não te disse o nome da cidade. Só te contei sobre Ares, bem, o meu pai. — Ele passou a mão em seu cabelo cinza e voltou sua atenção para o mar.

— Seu pai se chama Ares? Interessante. Ares e Afrodite, certo? — Ela prendeu um risinho que Eros ignorou.

— Exatamente. Como você é esperta, Anelise. — Sorriu com sarcasmo, e voltou a dizer: — O antigo nome de Lovedale é — antes que pudesse revelar, Eros fora interrompido por pessoas até então desconhecidas por ele.

— Ali está ela! Anelise! — uma voz emergiu, chamando a atenção dos dois. — Eu disse que ela tinha um namorado, mamãe.

— Querida, aí está você. Tudo bem? —  Elizabeth, mãe de Anelise sorriu. O pai da morena surgiu logo após, pegando Annabeth no colo.

— Vocês estão me seguindo? — Levantou rapidamente, sentindo as bochechas arderem de vergonha. Seus pais jamais a tinham visto com algum rapaz. Ela não conseguia acreditar que estava acontecendo com Eros ao seu lado.

— Quem é esse rapaz tão bonito? Está namorando escondido, filha? — Sua mãe sorriu, e Eros pôde ver a semelhança. A mesma tonalidade da cor do cabelo, os olhos castanhos e o sorriso largo.

— Filha, você não tem mais idade para namorar escondido. Somos seus pais, não iremos matar o garoto e enterrá-lo no quintal caso ele te machuque. Esteja avisado. — Com uma piscadela, Harold estendeu a mão para Eros.

— Amor, você não falou sobre nós para os seus pais? Que maldade! Minhas intenções com sua filha são as melhores. Meu nome é Eros, senhor e senhora...? — Ele franziu o cenho, após apertar a mão do homem.

— Harper. — O pai respondeu, enquanto Anelise cravava seus olhos em Eros. — Que tal jantar amanhã em nossa casa? Poderemos nos conhecer melhor, já que Anelise não o apresentou para nós. — Ele sorriu, fazendo Eros assentir.

— Claro, senhor. Será uma honra, podem me dizer o horário que estarei lá. Anne, por que não disse que seus pais eram tão legais?

A morena apenas semicerrou os olhos, negando com a cabeça. Recusando-se a participar daquilo. Não iria gritar que Eros não era seu namorado, iria apenas dizer isso depois.

— Nos vemos às oito horas. Ah, filha. Não estamos te perseguindo. Esqueceu da nossa caminhada pela praia hoje? Por isso te ligamos e você não atendeu. — Ela recordou-se rapidamente, havia esquecido do compromisso com eles.

— Desculpe, papai. Eu acabei esquecendo. Nos falamos mais tarde. — Anne abraçou os pais e observou Eros ao longe falando com a sua irmãzinha.

— Sabe, eu conheço uma floresta cheia de pequenos seres como você. Cheio de sátiros e fadinhas. Será que algum é o seu irmão perdido? — Falou baixinho, enquanto a pequena apenas sorria. 

— Eros! — Anelise censurou, e ele voltou na direção dela e seus pais se despediram. — Por que você disse que éramos namorados? Agora o meu pai irá me fazer te levar para jantar na minha casa! Eu vou te matar!

— Se for me enterrar no seu jardim, deixe meu lindo rostinho de fora. Todos precisam observar a minha face perfeita. — Brincou, sorrindo para ela que mantinha sua expressão zangada. — É só um jantar, o que poderia acontecer de ruim?!

Eros Caindo em Tentação (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora