14- Adeus Nathan

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dedicado a AvillaS2

                           

                              Dora

Me vestir para ir à escola nunca foi um problema, sempre optei pela praticidade e conforto. Calças largas, blusas um número maior, cabelo preso, sem acessórios, e maquiagem. Em suma, invisível. Hoje seria um desses dias de invisibilidade, mas não posso continuar a mesma de sempre, tenho roupas para diversas ocasiões, então, porquê me ater ao básico? Não me atenho. E não me refiro somente a roupas, mas a amizade, amor, família, etc. O primeiro passo foi dado, eu decidi mudar, agora, preciso escolher uma roupa para ir à escola.

Geralmente quem me ajuda a escolher minhas roupas na loja é a tia Sophia, algumas peças são presentes dela e dos meus familiares. São várias opções de escolha, mas opto por um vestido estampado de flores, uma jaqueta e botas de cano curto. 

 Após um banho rápido, visto a roupa, e não fico me admirando no espelho e ajeitando o tecido no corpo. Com a maquiagem é a mesma coisa, passo uma camada de rímel, batom nude e estou pronta!

Fecho os olhos e espirro um pouco de perfume para o alto. As gotículas que caem no meu rosto me remetem a uma vaga lembrança. Certo dia, eu rodopiei num jardim, a chuva caiu no meu rosto como as gotas de perfume. Foi maravilhoso! Busco lembrar de mais coisas, mas a lembrança que tomou forma na minha cabeça se desfaz tão rápido quanto veio. Não dou atenção a sensação de perda que a lembrança me traz, foco em ir para escola, e em como Nathan reagirá ao me ver... Estou nervosa.

                ***

O silêncio em casa é absoluto. Vou para a cozinha e encontro tia Sophia sentada tomando chá, ao me ver, repousa a xícara que levava aos lábios no pires. 

 — Enfim a borboleta saiu do casulo! Você está maravilhosa querida! — Levanta-se e me abraça — Meu Deus! Que cheiro delicioso é esse?!

— Grata pelo elogio, mas é só um perfume, tia. Onde estão todos? — pergunto a beijando no rosto.

— Sua mãe acordou cedo para uma entrevista. Elijah saiu faz tempo, Alysson está se arrumando e Nathan está lá fora pronto para sair — Me examina com esmero.

— Será que ele vai embora sem se despedir de mim? — especulo inquieta.

— É improvável que isso aconteça, filha — Esfrega meu braço — Por via das dúvidas, vá falar com ele! — incentiva carinhosa.

Jogo minha bolsa no balcão, e decidida, vou ao encontro de Nathan, mas ao chegar na sala vejo Jules e Alysson descendo a escada. Percebo que não conseguirei conversar com ele sem plateia, sendo assim, uno minhas mãos e espero seus comentários, mas elas não o fazem, somente me olham de boca aberta. Todavia saem do modo mudo, ao ouvirem minha pergunta.

— Me digam. Estou bem vestida? Aly, você acha que exagerei em algo? — indago na tentativa de começarmos o dia numa boa.

Se tem alguém que entende de moda é Alysson, ela não falaria que minha roupa está boa para me agradar.

— Claro que não exagerou! Você está linda! O modelito realçou suas curvas. — elogia sinceramente, mas descarrega seu veneno em seguida — Mas meu brilho não será ofuscado por causa disso. Você continua a mesma estranha de sempre. Acho melhor ficarmos longe uma da outra, não quero ser confundida com você! Bom, eu já vou e não conte com minha carona! — Vira-se para sair, mas dá meia volta e aconselha em tom crítico. — Se você passasse um batom vermelho ficaria bem melhor! Mas como você não gosta, fica assim mesmo — Ela me olha de cima a baixo, dá um beijo em Jules e se vai.

ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora