8- Minha decisão

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dedicado a rah_lezier

                             Dora

Gostaria de me esconder e deixar passar essa sensação de peso e impotência sobre meus ombros.

Finalmente consegui ver o garoto dos meus sonhos. E por qual razão eu estaria angustiada? Talvez minha mente esteja me pregando uma peça, e eu o tenha visto em algum lugar, quem sabe esteja decepcionada, ou acreditando que o que estou vivendo é esmola demais. Por essas razões é melhor não me empolgar, e deixar quieto, afinal hoje é o dia em que a família reúne-se para o café da manhã. É o primeiro domingo que passamos juntos na casa nova, e o dia em que supostamente deveríamos nos alegrar uns com os outros. Porém, devido ao que aconteceu comigo, e também por outros fatores, creio que a refeição não será nada agradável. Sendo assim caminho para a sala de jantar, mas paro para espiá-los.

Surpreendo-me ao ver Elijah, um amigo querido da família, sentado à mesa. Ele não vive conosco, mas em nossa casa sempre há um quarto reservado para acomodá-lo. Elijah é um ex-militar que faz a linha durão, mas, sua dureza é fachada. Sua idade gira em torno dos cinquenta ou mais, se veste elegantemente e seu estilo se completa com um chapéu Borsalino. Elijah é da cor do ébano, suas íris douradas e pupilas que lembram um buraco negro, emitem medo. Não em mim. Ele é o pai que nunca tive, que estreita os olhos quando faço bobagens, e me abraça quando preciso.

Sorrio ao vê-lo, pois sua presença alegra meu coração. Meus olhos passam de Elijah para tia Sophia, que conversa com Alysson. A ruiva revira os olhos, ela odeia conselhos, e pensa que a vida é feita de roupas, festas e garotos bonitos. Em todas as escolas que estudamos, Aly sempre esteve rodeada de amigos e rapazes interessados nela. Seus traços marcantes sempre chamaram a atenção. Também não é para menos. Ela é linda!

Devoto minha atenção em Sophia e Aly, e esqueço que Jules está sentada à mesa e de costas para mim, mas, não esqueço de Nathan, e mal tenho tempo de olhá-lo, pois os olhos de gavião de Elijah pousam em mim e sinalizam para que eu entre.

— Bom dia! — cumprimento.

Todos retribuem meu cumprimento, e Nathan que se acha sentado à cabeceira da mesa levanta-se e vem em minha direção.

— Bom dia bela adormecida. — Beija minha testa.

Depois de um pesadelo costumo agir normalmente, para que não me cobrem nada e para que não saibam que não sigo as recomendações médicas. Contudo, ao sentir os braços de Nathan que envolvem meu corpo, o aperto num abraço acalorado. Seu corpo tenciona, mas quando sussurro que preciso dele, ele me retribui com carinho. A impressão que tenho é que não nos vemos há séculos! Nathan não sabe, mas é minha âncora, esperança, força e escudo. Em meio às tempestades, encontro estabilidade em seus braços, e agora, preciso deles. Por isso aconchego-me um pouco mais antes de soltá-lo. E após liberá-lo, Nathan retorna a seu lugar com um sorriso sutil nos lábios, ele estreita os olhos e mira cada um à mesa.

Sento ao lado de Jules e coloco uma panqueca no meu prato. Não estou com fome, mas é melhor manter as mãos ocupadas. Na maioria das vezes que tive pesadelos, recebi olhares reprovadores, conselhos e até palavras vazias de que tudo ficaria bem. Com Nathan nunca teve nada disso, pois logo que meus pesadelos começaram, ele me disse: você é uma rosa linda e delicada, e o que mais gosto em você, são seus espinhos. Carrego essas palavras no meu coração até hoje.

Mas Nathan não me ajudou só com palavras. Ele decidiu me manter ocupada, e resolveu me ensinar defesa pessoal para aliviar o estresse. Começamos o treinamento como irmãos que brincam de luta e de espadas, mas com o tempo, os treinos tornaram-se severos. Nathan me ensinou vários golpes. E hoje, consigo dar uns socos nele, porém nada absurdo, pois ele é ótimo no que faz!

ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora