DoraRaphael conhece os arredores da Ordem, e optou por me conduzir por um labirinto feito de roseiras altas e espinhentas. Essa é a única planta que não combina com o resto da paisagem, me pergunto o quê o autor da obra pensou quando fez a combinação de arbustos e árvores de flores delicadas com algo grotesco como o labirinto. Que eu me lembre, as roseiras não estavam aqui antes. Mas a verdade é que usei o paisagismo para dissipar a tensão que cresce em mim.
— Creio que não foi uma boa ideia sairmos da Ordem. — comento com uma pontada de arrependimento e após sentir algo maligno na atmosfera.
— Eu entendo sua relutância, saber que nunca mais o verá deve ser doloroso, no en...
— Eu não renunciei de Raphay, ele ainda precisa de mim.
— Você sabe que o garoto não necessita de cuidados e ainda assim só pensa nele — fala com indiferença. — Mas me diz, como funciona o lance de vocês? Nunca ouvi relatos de que Golens pudessem ser encarcerados como você fez com o garoto.
— É isso que você pensa de mim, que sou uma carcereira? — indago e paro esperando a resposta dele.
— É — afirma. — Você é bem sensível, mas para sua tranquilidade, eu adoraria ser prisioneiro do seu coração, Docinho — ri ao lembrar da referência que fez dos curativos das meninas superpoderosas quando nos conhecemos.
Mexo os lábios numa tentativa de mostrar alegria, porque obviamente Raphael tenta aliviar a tensão, e eu não quero piorar a situação.
— Como sempre suas palavras me arrebatam, Doutor. Mas suas adulações não tirarão meu foco. Eu pensei que conseguiria ficar longe, mas me enganei.
— Que pena, pensei que poderíamos sair daqui para um lugar privado para nos amarmos até o dia clarear. Você me prenderia, faria de mim seu escravo, porém, nunca se satisfaria. Portanto, eu seria seu; eternamente — canta zombeteiro.
— É. Eu sou insaciável. — O presenteio com um sorriso forçado. — Agora pare de procrastinar e me conte qual o seu plano. Eu sei que tem um.
— Ok. Depois que você sumiu, eu e Nathan conversamos, mas nos desentendemos, portanto, resolvi vigiá-lo. Foi desse modo que descobri que ele te trouxe até a Ordem. Então planejei te tirar de lá.
— Ainda tem mais...
— Bom, eu procurei Azazel e pedi ajuda para encontrá-la. Quando você desapareceu em Nova Orleans, eu me culpei. Aliás, me perdoe pela reação, eu me surpreendi com tudo aquilo — Faço um sinal para ele esquecer e digo para continuar a história. — Bem, o troncudo esquisito estava com ele e não teve outro jeito a não ser contar meus planos para os dois — despeja as informações rápido demais. Demoro um tempo para assimilar que o troncudo esquisito é Gael. — Não confiei nele de imediato, mas Azazel disse que ele não te faria mal. Na ocasião, o esquisitão falou que não seria fácil tirá-la de dentro da Ordem, mas se eu conseguisse, era para levá-la para floresta em direção ao leste. E estamos a caminho dela — Sinaliza com um suspiro cansado de que não quer continuar a conversa.
É quase palpável a tensão do Arcanjo desde que saímos da Ordem. Raphael mantém minha mão na sua, ele não para de acariciá-la, seu polegar passeia pelo dorso dela continuamente. É reconfortante saber que está aqui por mim, porém este não é o Raphael que aprendi a conviver. Desconfio haver falhas em seu plano, ainda assim, mantenho-me quieta.
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ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)
FantasiSe você estiver lendo esta história em qualquer outra plataforma que não seja o wattpad, provavelmente está correndo o risco de um ataque virtual (malware e vírus) Se você deseja ler esta história em seu formulário original e seguro, te convido a ac...