DoraSou sacudida de um lado a outro. Meu cérebro comanda: abra os olhos, mas tenho dificuldade. Não sei por quanto tempo chorei, só sei que dormi chorando, agora meu rosto craquela devido às lágrimas que secaram nele. Se todos os meus problemas se resumissem a um rosto enrugado, tudo estaria na maior tranquilidade, mas não, sinto-me num mar de escuridão e amargura. É como se minha alma clamasse por socorro.
— Nathan precisa de mim… aconteceu algo a ele. — Minha voz sai abafada pelo travesseiro.
— Seu amor o alcançará, querida, mas será que pode transmiti-lo no seu quarto?
Abro as pestanas e pisco várias vezes para me acostumar com a claridade da lâmpada. Dou um salto, me ponho de pé, circulo os braços no meu corpo e me encolho.
— Bom dia tia. Prometo que não acontecerá novamente. — Me desculpo com medo de sua carranca.
— Não é dia, está na hora do jantar — Ela entrega minha bolsa, roupas e livros de qualquer maneira e começa a arrumar a cama de Nathan — Você me deixou preocupada, chegou tarde da escola e não me avisou — reclama estressada — Sua sorte é que meu sexto sentido funciona, assim que notei sua chegada, vim aqui e tranquei o quarto. Eu ouvi uma palavra, se bem me lembro era… mudança — Termina de esticar o lençol negro de seda na cama, dá um tapa no travesseiro e me fura com os olhos.
— Eu prometo, foi a última vez… me perdoe. — imploro com remorso. — Aly...
Pensar no que fiz, me deixa mal, tia Sophia me protege o tempo todo. Se Alysson descobrir que dormi no quarto de Nathan, usará isso contra mim. Mas o que posso fazer se o desejo de ficar perto dele é mais forte que eu.
— Não se trata de Alysson querida. Nada mais é como antes, noutro tempo, Nathan saía por uma porta e Jules pela outra. Contudo, sua mãe ligou, disse que conseguiu emprego numa empresa chamada Ordem dos arcanjos. Você conhece? — pergunta e se direciona à saída.
— Sim, eles estão presentes em vários países. Qual a importância desse emprego para Jules? — Ela abre a porta, porém barra minha passagem e me olha profundamente.
— Ela assumirá o controle. Quer a gente queira ou não, cuidará de você e resolverá seus problemas. Sua mãe tomou as rédeas da situação. Ela avisou que está chegando com pizza, e para ela fazer isso em plena segunda-feira... — torce o canto da boca, confirmando o que já sei — É bom que seu primeiro dia tenha diferido de todos os outros, senão, ela te bombardeará — A olho pessimista, e ela completa — Jules sempre teve um objetivo, tenha em mente que ela nunca desistiu dele, apenas mudou de estratégia. Agora seja uma boa menina, coloque uma roupa e desça com uma história convincente sobre o seu primeiro dia de aula — decreta abrindo a porta totalmente.
— Tia, Nathan ligou?
— Não, minha flor, mas ele está bem. — ela não mantém contato visual.
Não acredito nela!
Passo por ela indo em direção ao meu quarto, toco na maçaneta e a torço, sacudo, e nada da porta abrir. Ouço passos na escada, miro Sophia, e meus olhos saltam das órbitas num pedido mudo de ajuda. Estou de calcinha e sutiã no corredor, como explicarei isso para quem quer que esteja subindo? Sophia se aproxima e tira uma chave pequena do jeans largo e me entrega, e em dois segundos abro a porta. Subo os degraus fazendo o mínimo de barulho possível. Jogo minha bolsa e livros em cima da cama e a roupa no chão, segundos depois Alysson irrompe no meu quarto. O que ela quer comigo?!
Inclino-me e estico a colcha da cama que, por sinal, não carece de ser arrumada. Aly mantém-se muda, unicamente me olha passear pelo quarto. Penduro minha bolsa e jaqueta no cabideiro, jogo o vestido no cesto de roupa suja e as botas deixo no pé da cama. Consigo fazer todas essas coisas e desprezar a presença dela, mas não consigo tirar Nathan da cabeça. Alguma coisa tá acontecendo com ele, eu sinto.
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ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)
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