DoraNervosa, miro e arremesso a bola, e ela não chega nem perto da cesta. A quadra acha-se vazia, o único som que ouço é o quicar da bola que joguei no chão. A cesta decorada com penas brancas e negras para o baile, agora é somente uma placa e um círculo de metal. O tema da festa foi Anjos e Demônios, e é neste tema que minha vida se baseia. Hoje esse quadro mudará.
Inalo o ar profundamente, sento na arquibancada e tiro um saquinho de couro do bolso da calça. Do outro bolso, retiro um cristal. O Quartzo Aura Anjo. Aly me explicou que o cristal tem esse nome, porque habitualmente sua forma lembra as asas de um celeste. O quartzo é mágico, é usado para transformação; ou seja, posso ser quem eu quiser. E tenho sido, faz dias que carrego o objeto comigo, e não fui reconhecida, eu testei.
O cristal possui uma coloração que lembra o arco-íris, é lindo. Mas toda sua beleza e iridescência se perdem ao ser coberto por terra negra. Como meu plano é expor minha presença, insiro o cristal na trouxinha cheia de terra que trouxe comigo, e espero. Durante alguns minutos nada acontece, e impaciente, bato os pés no chão. De súbito os cabelos da minha nuca, eriçam, um arrepio percorre minha espinha e se espalha pelo corpo.
— Eu sabia que você sentiria minha presença e seria o primeiro a chegar. — sussurro.
— Aonde quer que vá, eu sinto sua presença — Nathan que se materializou na arquibancada declara serenamente.
Ele encontra-se a poucos degraus acima de mim, vejo-o por sobre os ombros.
— Parece que desta vez eu sumi, e nem mesmo você me achou — alfineto.
Ele levanta-se e se coloca ao meu lado. Com os pés apoiados no degrau debaixo, seus cotovelos viajam até seus joelhos e ali descansam. Seu pescoço retorce para me olhar, Nathan se prepara, quase o visualizo com o taco de beisebol nas mãos rebatendo minha jogada.
— Isso é o que eu deixei que pensassem. — sorri, não um sorriso genuíno, mas é o melhor que ele pode oferecer.
— E por que você não me resgatou?
— Porque Alysson precisava trabalhar em você.
— Deixarei de lado o fato de você saber de coisas e fazer questão de não contar nenhuma delas. Mas só para constar, eu odeio sua arrogância, frieza e sua pose de durão — Encrespa a testa com a descarga de defeitos que disparo — No entanto, deixarei essa parte de lado se você me ajudar.
— Ajudar em quê?
— A salvar Raphay. Em troca te ajudo a se libertar do Traidor.
— E porquê eu te ajudaria a salvá-lo?
— Porque ele é minha escolha. Você disse que eu devia escolher. Eu escolhi.
— E qual a razão por tê-lo escolhido?
— Por amor, pelo quê mais seria?
— Motivo errado — Põe-se em pé.
— Motivo errado?! — Ergo-me de um salto — Você usou psicologia reversa em mim, dizendo que eu e Raphay não ficaríamos juntos, quando por alguma razão você nos queria juntos. Agora me diz que eu o escolhi pelo motivo errado? Eu me dispus a me acertar contigo, ignorei o fato de você não contar tudo que preciso saber, te ofereci ajuda para te libertar do Traidor, você ignorou minha ajuda, e ainda me diz que estou errada?!
— Eu não disse que não te ajudaria, só perguntei o motivo da sua escolha — justifica sem se explicar realmente.
— E a razão da minha escolha é relevante por quê?
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ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)
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