58- Meu amado Não é você

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                            Dora

Nervosa, miro e arremesso a bola, e ela não chega nem perto da cesta. A quadra acha-se vazia, o único som que ouço é o quicar da bola que joguei no chão. A cesta decorada com penas brancas e negras para o baile, agora é somente uma placa e um círculo de metal. O tema da festa foi Anjos e Demônios, e é neste tema que minha vida se baseia. Hoje esse quadro mudará. 

Inalo o ar profundamente, sento na arquibancada e tiro um saquinho de couro do bolso da calça. Do outro bolso, retiro um cristal. O Quartzo Aura Anjo. Aly me explicou que o cristal tem esse nome, porque habitualmente sua forma lembra as asas de um celeste. O quartzo é mágico, é usado para transformação; ou seja, posso ser quem eu quiser. E tenho sido, faz dias que carrego o objeto comigo, e não fui reconhecida, eu testei. 

O cristal possui uma coloração que lembra o arco-íris, é lindo. Mas toda sua beleza e iridescência se perdem ao ser coberto por terra negra. Como meu plano é expor minha presença, insiro o cristal na trouxinha cheia de terra que trouxe comigo, e espero. Durante alguns minutos nada acontece, e impaciente, bato os pés no chão. De súbito os cabelos da minha nuca, eriçam, um arrepio percorre minha espinha e se espalha pelo corpo. 

— Eu sabia que você sentiria minha presença e seria o primeiro a chegar. — sussurro. 

— Aonde quer que vá, eu sinto sua presença — Nathan que se materializou na arquibancada declara serenamente. 

Ele encontra-se a poucos degraus acima de mim, vejo-o por sobre os ombros. 

— Parece que desta vez eu sumi, e nem mesmo você me achou — alfineto. 

Ele levanta-se e se coloca ao meu lado. Com os pés apoiados no degrau debaixo, seus cotovelos viajam até seus joelhos e ali descansam. Seu pescoço retorce para me olhar, Nathan se prepara, quase o visualizo com o taco de beisebol nas mãos rebatendo minha jogada. 

— Isso é o que eu deixei que pensassem. — sorri, não um sorriso genuíno, mas é o melhor que ele pode oferecer. 

— E por que você não me resgatou? 

— Porque Alysson precisava trabalhar em você. 

— Deixarei de lado o fato de você saber de coisas e fazer questão de não contar nenhuma delas. Mas só para constar, eu odeio sua arrogância, frieza e sua pose de durão — Encrespa a testa com a descarga de defeitos que disparo — No entanto, deixarei essa parte de lado se você me ajudar. 

— Ajudar em quê? 

— A salvar Raphay. Em troca te ajudo a se libertar do Traidor. 

— E porquê eu te ajudaria a salvá-lo? 

— Porque ele é minha escolha. Você disse que eu devia escolher. Eu escolhi. 

— E qual a razão por tê-lo escolhido? 

— Por amor, pelo quê mais seria? 

— Motivo errado — Põe-se em pé. 

— Motivo errado?! — Ergo-me de um salto — Você usou psicologia reversa em mim, dizendo que eu e Raphay não ficaríamos juntos, quando por alguma razão você nos queria juntos. Agora me diz que eu o escolhi pelo motivo errado? Eu me dispus a me acertar contigo, ignorei o fato de você não contar tudo que preciso saber, te ofereci ajuda para te libertar do Traidor, você ignorou minha ajuda, e ainda me diz que estou errada?! 

— Eu não disse que não te ajudaria, só perguntei o motivo da sua escolha — justifica sem se explicar realmente. 

— E a razão da minha escolha é relevante por quê? 

ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora