DoraMinha noite não foi boa, acordei e voltei a dormir diversas vezes, contudo, da última vez que meus olhos se abriram, abandonei as cobertas, me vesti e saí para espairecer.
Segundo os especialistas, se exercitar traz vários benefícios. Será que um deles acabará com a confusão de emoções dentro de mim? Bom, ao menos com cinco minutos de corrida, a languidez do meu corpo sumiu, a sensação de olho inchado diminuiu e o tambor na minha cabeça parou de retumbar, quanto as emoções... Continuo a correr. Minhas emoções continuam as mesmas: confusas, embaralhadas, não discernindo o real do irreal.
Aspiro o ar gelado da manhã de agosto. Este ano o outono e inverno serão rigorosos. Será que o ano letivo foi antecipado por isso? Geralmente as aulas começam em setembro, porém em Melekler começaram duas semanas antes. Mas por qual razão o ano letivo virou motivo de preocupação para mim? Acredito que se preocupar com assuntos relacionados a escola é uma forma de escapatória, de não pensar que nos poucos momentos que consegui dormir, sofri um verdadeiro bombardeio de sonhos. Ah! Os sonhos... sonhos nada católicos com...
Ergo a cabeça ao ouvir barulho de folhas sendo esmagadas, um homem vem em direção contrária a minha. Sua roupa de moletom é negra, seu rosto encontra-se encoberto pelo capuz do casaco, e ele corre de cabeça baixa. O homem parece alheio à paisagem, e nem se dá conta que seu modo de vestir e comportamento lhe atribuem um ar sinistro.
Eu iniciei minha corrida matinal muito cedo, e nem pensei no quão perigoso isso poderia ser, mas ontem também andei por essa rua quando vim da escola, e nada me aconteceu. Por que hoje haveria de acontecer? Estremeço ao pensar na possibilidade de ser atacada, mas continuo o trajeto, só que, de cabeça abaixada. O homem passa por mim e me cumprimenta.
— Bom dia, Dôron — Sou tomada pelo alívio e pela surpresa — Te encontrar tão cedo, ver seu rosto corado após ter passado a noite toda sonhando contigo, é a confirmação de que não estou vivendo um sonho — Ele vira para falar comigo, mas continua correndo no mesmo lugar.
— Bom dia, Raphay. Já não posso dizer o mesmo, de maneira alguma, você é meu sonho. — minto descaradamente.
Meu rosto corado é a prova de que ele é meu sonho.
Raphay mantém a cabeça coberta, todavia consigo ver a expressão misteriosa que se forma em seu rosto. E essa expressão com a barba por fazer, os olhos negros que expressam inocência e, ao mesmo tempo lúbrico, o moletom molhado no peito, a calça larga, mas que evidencia as pernas musculosas, me deixam mais corada ainda, e, propensa a falar: você é o sonho de qualquer mulher!
— Haha, sua boca libera mentiras, mas seus olhos e coração não conseguem fazer o mesmo.
— Seus lábios curvam-se num sorriso charmoso — Não vejo a hora de poder te tocar como nos meus sonhos, Dôron.— E eu só quero distância de você!
— Doce mentirosa...— Ele não se despede, simplesmente volta a correr, e eu fico a olhá-lo até que ao chegar a uma boa distância, ele grita — Olhar não tira pedaço, mas cuidado com a baba que tá escorrendo.
— Ora seu…— rosno baixo e me seguro para não xingá-lo. Não dou o gostinho a ele de saber que fiquei com raiva porque era exatamente isso que eu estava fazendo: babando por ele.
Viro-me com a intenção de voltar a correr, mas me deparo com Rick bloqueando minha passagem.
— Que susto! Bom dia príncipe! — saúdo.
Concentro-me em seu rosto, ou melhor, nos seus lábios que sorriem de lado. Creio que o loiro sorri da minha condição arfante, e ela não é proveniente da corrida. Foram as palavras do idiota que passou por mim que me deixaram dessa maneira.
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ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)
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