27- O jantar

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                                                                                                      Dora

As sombras da noite aproximam-se, eu estou como um poste parada na janela do meu quarto, ansiando para que meus amigos cheguem. Pergunto-me, quando eles se tornaram tão importantes? Na ocasião, em que percebi que somos como peças de um quebra cabeça, diferentes uns dos outros, mas nos encaixamos bem. Gosto de saber que ao lado deles sou eu mesma, que posso esquecer parcialmente meu relacionamento com Nathan, a mãe desnaturada que tenho e a irmã que quer tudo para si. Quando estou com eles me sinto livre.

Estremeço ao pensar em Aly, ela tem agido estranhamente. Nunca lhe faltaram amigos, ou pretendentes, porém ela tem andado grudada em Rick para cima e para baixo na escola. Aly não faz nada de mais, ela passeia pelos corredores com seus braços engatados nos dele e desinibida brinca com ele. Mas experimento um certo desgosto e irritação ao vê-los juntos. Rick é o primeiro e o melhor amigo que fiz nesta cidade, portanto, não gostaria de vê-lo enrolado na teia dela. Aly é maldosa. Tomara que ele não tenha caído em suas atuações. Raphay nunca seria ludibriado por ela, ele é forte demais para cair no canto da sereia, é dominador e..., mas porquê estou pensando nisso?! Forço minha mente a sair da divagação perigosa. Capto o som de portas de carro batendo, abro a cortina da janela do meu quarto e vejo a comoção em frente a minha casa. Meus amigos chegaram. A campainha toca. Voo escada abaixo para atender a porta, mas Jules chega primeiro e atende meus amigos com a porta parcialmente aberta, sua expressão de choque é impagável, ela nunca viu tantos adolescentes na sua casa. Se fosse tia Sophia não teria se chocado com a cena, até porque eu contei que eles viriam, e ela incumbiu-se de comprar a comida necessária.

— Boa noite Senhora, é aqui que mora Dorotéia, não é? — Hanna a menor entre todos, saúda Jules educadamente.

— É sim. E vocês seriam...?

— São meus amigos, Jules. — Desço os últimos degraus e abro totalmente a porta e faço um sinal para entrarem. — Eu os convidei para jantar. — Na medida que cada um entra eu lhes apresento.

E como sugerido, eles usam jeans, moletom e tênis.

— Pensei que este jantar seria para apresentar o seu namorado — Jules cobra com docilidade, mas percebo a repreensão na sua voz.

Procuro uma resposta para dar, mas Raphay que ficou do lado de fora, ultrapassa a porta e me cumprimenta com um beijo na bochecha, minhas pernas bambeiam. Raphay veste blusa grafite, calça, jaqueta e botas negras. Ele tá um arraso! E quando não está, Dorotéia?

— Boa noite Sra. Miller, é um prazer conhecê-la. Me chamo Raphay Sávior — Ele estende a mão espalmada para cima, Jules coloca a dela por cima e Raphay a beija. — Agora sei de onde vem toda a beleza de Dorotéia. Não tem como negar serem mãe e filha, vocês são muito parecidas.

Jules e eu olhamos uma para outra numa análise chocante. Parecidas? Nem pensar! Ela sorri como se adivinhasse meus pensamentos, mas não adivinhou, seu sorriso é pela cara que fiz. Nessas situações de comparações familiares, sempre torço o canto dos lábios mostrando meu desagrado.

O moreno presenteia Jules com uma garrafa de vinho. O favorito dela por sinal. E para mim, uma caixa de bombons. Ele se apresentou de uma maneira que eu não esperava, bom, na verdade, não sei o que eu esperava, mas com certeza não era esse cavalheiro que se mostrou.

— Obrigada, Raphay. Nem sei o que dizer, eu adoro esses bombons!

— Eu sei — Franzo a testa desconfiada, Jules bate os cílios e nos oferece um sorriso sem humor, e, Raphay coça a garganta e se corrige — Quer dizer, perguntei na loja a marca mais vendida. Você gostou, não é? — pergunta vacilante.

ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora