39- Este é meu desejo

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      dedicado a MariaFernanda673               
                            Dora

Os gritos dos alunos que comemoram a falta da luz são ensurdecedores. Permaneço no mesmo lugar até que me acostume com a escuridão. E me surpreendo com alguém que coloca as mãos nos meus ombros, mas logo relaxo ao ouvir a voz de Raphay 

— Me perdoe pela indelicadeza, eu não disse o quanto você está bonita — O moreno sussurra. Arrepio-me com seu tom débil. Ele cola a boca no meu cabelo e aspira de tal maneira que penso que o aroma deles é o ar que ele necessita para viver — Deixe-me te recompensar por aturar minhas criancices. Eu não te expliquei sobre o lance do perfume e... Vamos dançar — Ele desliza uma das mãos pelo meu braço e pega a minha.

— Não tem música. — Seguro no meu relicário e sussurro. O moreno se cala, penso que minha negativa o tenha feito desistir, no entanto, ele me põe de frente.

— Tem sim — diz, a luz volta, deparo-me com um Raphay de sorriso ansioso.

— Meus pés estão doendo. — Uso uma desculpa verdadeira, que serve para não confessar minha falta de jeito na dança. Estou com medo. 

    Raphay não me dá ouvidos e me leva ao centro da quadra.

— Se seus pés estão doendo, tire os sapatos — recuso sua sugestão. 

    — Não seja teimosa, você se sentirá melhor quando tirá-los, e eu também.

Repuxo o lábio e olho em volta, os casais estão de mãos dadas e prestam atenção ao que o líder da banda diz. 

    — Eu não sei dançar. — digo a verdade sem olhá-lo. — Seguramente, se você dançar comigo, dará entrada no hospital mais próximo, pois seus pés serão massacrados pelos meus.

— Confie em mim — Ele toca meu queixo, e com delicadeza, direciona minha cabeça de modo a ficarmos cara a cara. Tiro os sapatos automaticamente — Coloque seus pés em cima dos meus — protesto veementemente — Escolhe, você sobe no meu ou eu no seu.

Sua seriedade ao falar leva-me a fazer como sugeriu, e timidamente coloco os pés em cima dos seus sapatos de couro. As pessoas se aglomeram na pista. Os músicos prometeram tocar o coração dos casais com canções românticas, e é o que fazem ao iniciarem os primeiros acordes de uma canção lindíssima. Raphay segura minha mão direita e com a outra circula meu corpo. Embora ele não tenha liberdade para se movimentar devido ao meu peso, sou embalada serenamente.

— Somos loucos, estamos chamando atenção. — Escondo a cabeça no peito dele. — Serei o comentário da semana, todos saberão que não sei dançar. 

    — Eles falarão de nós, mas principalmente de mim — Raphay não fala com presunção, mesmo assim é estranho seu modo de falar. — Eu ouvi Alysson dar graças a Deus quando a luz acabou, imediatamente ela desapareceu entre a multidão...

— Não quero falar sobre Alysson, Raphay. 

     — Não estamos falando dela, falamos de nós, ou seja, falo de mim — Ele dá uma risadinha e confessa — As meninas da escola, não brigam entre si para dançarem comigo, elas sabem que sou uma catástrofe no quesito — Aperta o lábio como se pedisse desculpas — Eu não quis vê-la dançando com ninguém — revela com voz fraca. — Sabe, eu fiz uma promessa, e apesar de estar fracassando em cumpri-la, essa foi a melhor forma que encontrei para que sua noite não se convertesse num desastre total.

— É verdade?

— A verdade nua e crua — Seu sorriso não deixa margem para desconfiança.

Agora entendo sobre o que Hanna falou, Alysson realmente se arrependeu de ter dançado com Raphay.

ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora