30- Você pensa que me conhece?

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                             Dora

Raphay para diante de mim com um sorriso além de suspeitas. Ele está com a barba por fazer, jeans e botas surradas, camisa apertada e sobretudo negro até os joelhos. A vestimenta lhe cai bem. Com seus passos ensaiados, ele se assemelha a um perfeito e belo anjo vingador, o que lhe faltam são as asas e a espada, porquê beleza, ele tem de sobra. Suspeito de tê-lo comparado a um Anjo antes, talvez em sonhos, em outro tempo ou vida. Contudo, abandono o déjà vu quando vontade de socá-lo por ser um colírio para meus olhos e por trocar as atrizes do filme de caso pensado, elevam meu estresse.

O moreno me faz uma pergunta, mas não o respondo, unicamente cruzo os braços na altura do peito e espero a próxima reação dele, e isso leva um tempo, e uma boa troca de olhares entre nós.

— Então, você não me respondeu. 

— Não farei a cena de Titanic com você! — Nego veementemente. Ele propôs protagonizarmos a cena onde os atores estão na proa de braços abertos, e nosso barco seria a pedra em que estamos. — Primeiro que não estamos no mar, — enumero nos dedos. — segundo eu não confio em você, e terceiro sua intenção não é me fazer voar. Eu sei muito bem o que o Jake fez com a Rose no final da cena. — Cruzo os braços novamente.

— Volto a afirmar que, sou o único bom o suficiente para ser seu Jake. Dentre tantas qualidades e funções, quero que saiba que, sou um ótimo desenhista também, talvez você queira que eu te pinte nu...

O interrompo. O moreno não tem limites! E eu sou uma idiota igual a ele, pois imagino como seria a cena dele me pintando e o que faríamos depois. Procuro ocultar meus pensamentos, se bem que é em vão, pelo sorriso safado que esboça, ele sabe exatamente o que pensei.

— Você não poderia ter escolhido um filme mais atual para aplicar essa cantada barata, Raphay. Que antiquado! — Sorrio comedida. É impossível levá-lo a sério.

— Gosto dos clássicos do cinema — Dá de ombros — Eu faria como Seth, abriria mão da eternidade por você, mas antes, poderíamos voar e ver a cidade lá das alturas. Você seria minha Dama, eu o seu Vagabundo, comeríamos spaghetti com almôndegas, e eu te mostraria haver muito mais que sua bela casa para viver. Dôron, deixe sua guerra interna e viva. Me escolha — Raphay se refere a filmes e até desenho animado, e ao falar, se achega — Todas as noites nos meus sonhos eu te vejo, te sinto. É dessa maneira que sei que você continua. Mesmo com toda a distância e espaços entre nós, você veio para mostrar que continuará — Ele recita parte da letra da música tema do filme Titanic. Eu rogo aos céus para que ele não fale a parte que mais gosto, mas não sou atendida — O amor pode nos tocar uma vez e durar por uma vida inteira e nunca nos abandonar até sermos um só — fala ardente.

Meu coração quase sai pela boca de tanto que lateja. O que ele quer dizer com isso, meu Deus? Você sabe, só não quer aceitar. Essa é a resposta que meu coração proclama.

O dorso dos seus dedos passam levemente pelo meu queixo. Descruzo os braços languidamente. Raphay está a centímetros de mim, minhas pernas bambeiam e eu agarro o sobretudo dele para não cair. 

— Desculpe por ter te xingado, não foi minha intenção te magoar... A aposta… queria que você esquecesse. 

Rogo com medo do que sinto e do que pode acontecer, e como tudo é bem complicado, o moreno responde com palavras profundas. 

— Não preciso de uma aposta ou de três meses para dizer que te amo, Dora. Você é... 

— Raphay... Não encontrei os brownies que gosto na cesta que você trouxe — Rick grita interrompendo nossa conversa. Pulo para trás, mas Raphay me impede de cair ao segurar minha cintura — Os animais estão rondando a floresta não dê bandeira, Sávior — Rick adverte sobre animais, mas, suspeito da estranha advertência.

ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora