44- Como um carrapato

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                          Raphael

Entro no quarto silenciosamente. Trisha encontra-se de costas e contempla a chuva que escorre pela vidraça, uma camisola longa cobre suas curvas, todavia, a luz bruxuleante das velas revelam o corpo da mulher que me pertence. Há muito espero o momento de estar em seus braços. Caminho lentamente em sua direção, toco seu ombro e afasto seus cabelos para o lado, desato o nó de sua camisola e a deixo cair no chão. Trisha geme extasiada com o beijo e a mordida que dou na curva do seu pescoço. Demonstro o quanto a quero, e ao apertá-la contra mim, ela corresponde ao meu desejo roçando seu corpo no meu como uma gatinha manhosa e aparta-se. Gemo em protesto. Trisha vira-se ao escutá-lo, nossos olhares se encontram e lampejam todo o desejo que sentimos um pelo outro, ela sorri, um sorriso tímido, sensual, convidativo. Para Trisha não basta só olhar, ela quer dominar.

— Vem! — comanda com o indicador.

Como um servo leal a obedeço. Tiro minha camisa jogando-a longe, suas mãos escorregam pelo meu peito e procuram o cós da minha calça, busco ajudá-la, pois minha pele tem necessidade da dela, porém recebo um pequeno tapa na mão. Mais uma vez Trisha sorri lascivamente. Não contenho meu desejo. A pego no colo jogando-a na cama de dossel dourado e me livro da barreira de tecidos que nos impedem de estar pele a pele. Contemplo minha rainha que morde o lábio inferior, ela mira entre minhas pernas, seus olhos brilham, — Trisha sente prazer em me ver latejando. Ela abre as pernas quase que imperceptivelmente, compreendendo seu convite, o atendo instantaneamente. Mansamente me achego e beijo o seu lugar sensível, ela arfa, e no instante em que minha língua começa a deliciosa e vagarosa exploração, uma de suas mãos agarra o lençol e a outra, meu cabelo. Trisha anseia que eu aprofunde o beijo, e eu anseio ouvi-la gritando e gemendo por mais do que somente minha boca pode lhe proporcionar. Sendo assim, sacio seu desejo. Seus gemidos são como a música de uma orquestra afinada, é extasiante ouvi-la, porém inesperadamente, algo atrai minha atenção. O som de um toc toc, ressoa pelo cômodo, em seguida ouço alguém me chamar.

— Doutor… — Eu não dou ouvidos, Trisha é mais importante que tudo — Doutor… — A voz insistente se propaga e sou obrigado a me manifestar.

— O que foi garota chata, não vê que estou ocupado? Será que não posso ler um romance histórico em paz? — pergunto a uma Dorotéia que me olha como se eu fosse uma aparição — Jogo o romance em cima da mesa do meu estúdio e a olho aborrecido — Interrompeu minha leitura, e agora vai ficar me olhando sem dizer nada?

— Anjos não deveriam tratar bem as pessoas? Pelo menos serem educados?

— Perdão, geralmente não sou assim — peço desculpas forçadamente — É que tive que trazer um demônio para dentro de casa e cuidei da histeria dele o colocando para dormir em meus lençóis de algodão egípcio — A garota sorri de lado, e me deixa intrigado.

— Eu estava nervosa, não histérica. Sou acostumada a andar de carro, não voar tão alto a ponto de ter um edema pulmonar ou um derrame cerebral por falta de oxigênio.

— Por acaso você aprendeu essas coisas de oxigênio com Bear Grylls, no programa A prova de tudo? — pergunto zombeteiro.

— Talvez — profere sem empolgação, em seguida emprega uma voz crítica

— O Senhor poderia ter me levado para casa.

— Bom, voar nos braços de um anjo era seu sonho. Vai dizer que não gostou? — sorrio sugestivamente e ela torce a boca. — E se eu te levasse para casa, arriscaria peste da sua mãe descobrir o que aconteceu na floresta.

— Vejo que o Senhor me conhece bem e a minha mãe também, mas eu não te...

— Eu não te levei para casa, ponto; mas agora, você está livre. Saia, vire à esquerda do corredor, depois à esquerda novamente, abra a porta e tchau! — A presenteio com um sorriso maravilhoso. Não quero conversar com ela.

ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora