59 - O Efeito Borboleta

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                               Dora

Tomada decisão mais importante da minha vida, sugo o ar com coragem para avançar.

— Eu, Dorotéia Miller, como Prometida do Lord Khaled e do Anjo Dinah da Unidade, abdico dos dois, pois...

— Calada! — Jules grita desesperada, e Nathan de dor.

Subitamente relâmpagos iluminam a quadra, a construção treme ao ribombar dos trovões e os vidros das janelas estouram. Lanço-me ao chão protegendo meu rosto dos cacos e do vento enregelante, que invade o local, com uma nevasca. A mudança do clima é devido ao descontrole de Nathan, eu sei. Seu descontrole e o ribombar dos trovões, me deixam mais insegura a cada segundo, mas, chuto para escanteio meu medo. Não posso retroceder, meu plano está funcionando! Jules não suporta a tortura, — noto. Ela não dá o braço a torcer, mas sente a dor da rejeição. Nathan também sofre. Mais sangue verte dos seus pulsos, do nariz e dos seus ouvidos. Seu sofrimento é dobrado, devido à rejeição e a tortura de Jules. Mas Nathan é um anjo forte, ele não cederá ao sofrimento, e no final, se verá livre. 

Mais uma vez jogo para escanteio os pensamentos que não contribuem para a minha vitória, e num ato corajoso, me coloco diante da minha mãe. 

— Se preciso for, abdico de você mil vezes, aqui, agora, e em quantas vidas eu tiver. Você foi rejeitada pelo Lord; hoje, é a minha vez. Eu te rejeito. — digo entortando o canto da boca num sorriso, e aponto com o queixo na direção de Nathan. — Enquanto esteve preso, o Lord te disse com todas as letras que te odiava. Eu sei... sinto como foi ver a frieza em seu olhar, a rebeldia, mascarada na subserviência que ele lhe dedicava nos momentos em que você o humilhava. Você odiava o cuidado dele por mim e não entendia o porquê ele rejeitou Alysson sem um motivo aparente — despejo o que absorvi dos sentimentos dela. — Invejosa; traiçoeira; manipuladora; é tudo que você é. Sua Unidade, é puro charlatanismo. Você foi formada, mas não é digna do poder que tem.

— Eu vou matar você — rosna raivosa.

— Eu estou aqui, por quê não me mata? Deve ser porque sou sua Prometida, e você corre o risco de morrer no processo. — sorrio, Jules permanece falsamente firme, ela se apoia na dor que inflige a Nathan, mas se denuncia, pois, não consegue camuflar a cor original dos seus olhos. Por outro lado, Nathan não camufla seu sofrimento, com seu tronco curvado, ele geme de dor. — Não precisa torturá-lo. Não foi Nathan quem me disse sobre eu ser sua Prometida. Antes de voltar aos céus, Fatum me revelou as boas novas — conto uma meia verdade.

Jules sorri de lado.

— Quem é Fatum, e de onde você tirou essa ideia? Nenhum anjo pode voltar aos céus. Prometida ou não, você continua sendo uma esquizofrênica. — desdenha endireitando as costas. 

Se Jules não sabe que Elijah era uma Teofania, não serei eu a lhe contar. E se ela acredita que me xingar de esquizofrênica me ofende, deixarei que continue se enganando.

— É, uma esquizofrênica, uma esquizofrênica ao qual você quis que despertasse os Nefilins para agregá-los ao seu exército. Mas eu proclamei, escolhi Nathan. Sabe, eu concordo com Nathan, no fundo, sou igual a ele: eu não me rendo a escórias. — profiro, meu sorriso a mortifica, ela trinca os dentes e seus braceletes brilham intensamente. Desta vez Nathan se manifesta e sussurra que não aguenta mais, mas eu continuo a narrativa. — Sua cólera por ser preterida foi tanta que você mudou seu modo de me tratar, e quando fui diagnosticada com esquizofrenia, fui largada de vez. Você não queria apresentar uma filha defeituosa ao seu exército, não é mesmo? — explano o que Alysson me contou acrescentando as deduções ao qual cheguei. — Você só não contava que Nathan estaria lá por mim. — Lanço um olhar furtivo a Nathan, o agradeço por me proteger, ao menos nessa parte. — Do quê adiantou todos os sacrifícios que você fez, se ainda tenho o que mais deseja? A Unidade.

ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora