26- Talvez eu seja sua salvação

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                              Dora

Foi um alívio chegar em casa e não cruzar o caminho com Jules, ou Alysson. Não necessito do cinismo delas para meu dia piorar. Dessa vez, foi um refrigério saber que elas não me esperaram para implicar, dar carona, ou qualquer outra coisa que quisessem fazer antes de eu ir à escola. 

  Tenho carta de habilitação, e gosto de dirigir, mas parei por medo de surtar e causar um acidente. Isso é mais uma coisa que tem que mudar! Mas não hoje. Hoje estou abalada demais para dirigir, portanto, Sophia me levará à escola novamente. E enquanto a aguardo do lado de fora, revivo os momentos da conversa que tive mais cedo com Rick. Para meu azar, ele sai na varanda, e para minha sorte, Sophia também sai. Ela joga a chave do carro e um monte de livros nos meus braços, eles quase caem de tão pesados.

— Acordou no mundo da lua hoje querida? Seus pensamentos estão no futuro namorado? — pergunta fechando a porta da casa.

— Não, claro que não! — digo prontamente.

Marcho desajeitadamente rumo ao carro e o destravo. Não sei como me portar após ter saído de modo intempestivo da casa de Rick. Ele me convidou para o café da manhã, mas parece que me levou para uma armadilha. Bom, isso é o que estive pensando. Pode ser que ele seja inocente, mesmo assim aciono o modo "não estou nem aí". Mas não sou boa em disfarces, e exponho todo meu nervosismo e falta de jeito para segurar os livros com uma mão e abrir a porta com a outra.

— Posso ajudar? — Rick meio que se materializa ao meu lado e oferece ajuda.

Assusto-me. Meus braços e pernas ficam como gelatina, quase deixo os livros caírem de novo, mas disfarço o nervosismo agradecendo a ajuda.

— Não é necessário, Richard. Obrigada. — agradeço a oferta e finalmente consigo abrir a porta. 

 — Richard? 

 Ao perceber que o chamei pelo nome, o olho através do vidro do carro, o contato não dura muito, pois logo Sophia se achega. 

  — O que houve para você ficar toda atrapalhada, Dora? A corrida não te fez bem? — Indaga-me, porém seu sorriso cordial é dirigido a Rick. 

— Vamos tia, não quero me atrasar. — falo a apressando, ainda assim agradeço a gentileza de Rick. — Você é muito prestativo, mas temos que ir. — Talvez eu esteja sendo infantil e fazendo birra, mas não consigo evitar o sentimento ruim que nossa discussão deixou. 

— Posso te dar uma carona. Aceita? — ele faz a pergunta num tom indiferente. 

 Por que ele está com raiva? Eu sou quem deveria estar assim! Eu fui bombardeada de perguntas e especulações sobre Nathan. 

— Se minha tia concordar. — revido no mesmo timbre, rogando para que Sophia entenda a indireta. 

 — Não farei objeções — ela concorda, coloca e meus planos vão por água abaixo.

Rick praticamente arranca o material das minhas mãos e leva para o carro dele que está do outro lado da rua. Balbucio uma despedida, mas Sophia retruca com uma pergunta. 

 — Ele é o menino iluminado? 

 — É sim. E tenho a impressão de que ele sabe demais sobre mim… mais que eu mesma. — Balanço a cabeça espantando um arrepio. 

 — Por que você acha isso? 

 — Nada, eu pensei que talvez ele...— Aperto os lábios, não exponho que cogitei a possibilidade de Rick ser o Garoto do Jardim, mas ele não é.

ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora