62- O que farei no futuro?

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                              Dora

 Os eventos sucedem rapidamente, mas eu como espectadora, contemplo a bruma de Azazel percorrendo o chão do salão lentamente, e instalando tensão entre os convidados. Os guardas entram em alerta e sacam suas espadas, mas como combater um inimigo invisível? 

Ninguém entende o que se passa, mas eu vejo Íncubos e Súcubos deslizarem entre a multidão. A bruma de Azazel cresce cada vez mais, e de repente, um homem enfurecido, munido de uma taça quebrada, parte para cima da mulher que gritou anteriormente.

Imediatamente me vem à memória o ensinamento de Raphay: a luxúria é insaciável, e é um grande demônio, conheça-a como o inimigo. A luxúria suscita a ira, e a ira, é Azazel, — um dos Príncipes do Inferno. A nuvem negra de Azazel expande-se, chega a nós, e encobre nossa visão de Jules e de Nathan que busca nos alcançar.

Ao mesmo tempo, em que o cenário me fascina, me põe medo, no entanto, Raphay não se abala.

— Se afasta daqui, agora! — Raphay recomenda e ameaça sair de perto de mim.

Ele não dá dois passos, eu o detenho. O moreno pesquisa no meu rosto a resposta para minha atitude, eu apenas balanço a cabeça negando a separação. Ele puxa o ar e o solta ruidosamente, mas não reclama quando o arrasto para o corredor principal que se encontra totalmente escuro. 

Raphay resmunga sobre os acontecimentos não saírem como o planejado e sobre não conseguir enxergar um palmo diante do nariz, nem poderia, pois, a bruma de Azazel contaminou todo o ambiente. Como não fui afetada; com nossas mãos entrelaçadas, guio o moreno pelos corredores, desviando de alguns guardas que lutam entre si. Saímos e entramos em corredores até chegarmos numa ala onde não há ninguém, sendo assim, a escuridão é menos espessa.

— Temos que sair daqui e ir para um lugar seguro. — decreto nervosa. 

— Dora, gostaria de te pedir um favor — Raphay anda atrás de mim enquanto abro e fecho as portas certificando-me de nossa segurança. — Você disse em Nova Orleans que seus planos estavam funcionando, mas tenha em mente que eles podem falhar, e se falharem, é porque você não está preparada ainda. Talvez sua visão se realize — avisa como numa premonição.

— Negativo! Nos meus sonhos havia um demônio, ele ainda não apareceu em Melekler, por isso creio que estou no caminho certo. Fora que Alysson preparou um lugar para ficarmos até descobrirmos o que realmente está acontecendo. — informo detendo nossos olhares, o meu determinante, mas o ceticismo está presente no dele. — Raphay, meus sonhos foram alertas para eu mudar a história e a vida das pessoas, não para ficar de braços cruzados esperando a morte fazer a festa.

— As pessoas morrem, uma hora elas se vão e...

— Recuso-me a aceitar que a Morte comande minha vida! — vocifero agarrando o braço do moreno, ele olha para onde estou segurando, guia seus globos até meu rosto e volta a olhar para o próprio braço. Eu o solto.

— Dora, seja sensata, Nathan não comanda sua vida. Você põe a responsabilidade nele, como se a escolha de quem morre e quem vive fosse dele, e não é — Raphay coça a testa. — Quando tiver que liderar pessoas, tomar decisões que afetam a vida delas e a sua própria, quando entender que não pode salvar todo mundo, compreenderá que a morte é inevitável. Você é a líder da Ordem dos Arcanjos por direito e poderia ajudar Nathan porque ele está tentando te ajudar. Azazel te deu opções, este era o trabalho dele, já o meu, é te convencer a ficar e lutar do modo certo.

— Não! 

Entro num quarto, e sou guiada a uma portinhola quase invisível, a abro e desço uma escada estreita, e Raphay não tem escolha se não me seguir. Descemos vários andares até chegar numa sala, o pouco de luz que há nela, mostra um escritório decorado com móveis antigos. Concentro-me em Raphay e embargar seus planos.

ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora