Dora
Mike é um cara atrevido, e é do tipo que te apunhala pelas costas. A risada perversa que libera ao ouvir a ameaça de Raphay, sanciona isso.
— Eu e Tenent, contra um demônio sem classe — Mike diz olhando para Richard, logo sua mirada volta-se para Raphay —, e você, Sávior? Barro e insignificante — O moreno continua com a fisionomia imperturbável.
Mike puxa algo da garganta, meu estômago reclama ao vê-lo cuspir no chão. Que nojo!
— Talvez eu seja insignificante também. — A voz fina de Bernard ressoa límpida e despreocupada, o garoto franzino caminha cuidadosamente ao nosso encontro. O que ele está fazendo aqui? — Tire-a daqui, Richard. Espero que não invente outro passeio assim... essa floresta é perigosa, você mesmo disse — Bernard me olha e sorri, seus olhinhos de ursinho de pelúcia brilham carinhosos.
Sem aviso, Rick força-me a trilhar o caminho da cabana. Saio aos trôpegos, vendo Raphay e Bernard caminharem como que se preparassem para um combate, e o desespero me assola. O que um menino como Bernard pode fazer contra Mike? E Raphay, o que fará?!
— Não podemos deixar o Urso! Raphay... Raphay. — chamo por sobre o ombro enquanto sou arrastada por Rick. Debato-me. Quero ajudar de alguma forma, tenho medo do olhar de Mike sob o moreno — Rick, por favor não os deixem sozinhos, Mike machucará Raphay. — choramingo, ao mesmo tempo, tento me desvencilhar do aperto dele.
Rick envolve minha cintura, peso o corpo no chão, mas ele me empurra, ouço o barulho dos meus tênis arrastando na terra e nas pedras da floresta. Procuro ver o que acontece, porém, o loiro barra minha visão. Mantenho uma luta acirrada, mas Rick a ganha, me leva até a base da escada da cabana e me solta.
— O que deu em você para se aventurar numa floresta que não conhece? Ficou louca! — exclama alterado.
— Foi você quem me trouxe aqui! Eu estou bem! E Raphay? — Ele arregala os olhos espantado com meu esbravejar. Amenizo a voz ao continuar. — E o Urso? Por Deus! Isso era para ser só um passeio e não uma disputa de território, de gangues, ou seja, lá o que quer que esteja acontecendo. — reclamo, e minha mente completa.
Talvez o território esteja sendo disputado por Anjos e Demônios. E esse território é você!
Não sei por quanto tempo medimos forças com o olhar. Quando finalmente Rick abre a boca para argumentar, ele a fecha, pois ouvimos o bramar ensurdecedor de um urso e o grunhido esganiçado do cachorro. Meu primeiro pensamento é correr de volta para a mata, e é o que faço, e mais uma vez Rick me bloqueia.
— Me solta! Você não entende! Ele pode ter se ferido! — grito desesperada.
Rick é obrigado a conter a confusão das unhas que o arranham e das pernas que o chutam. Ele é forte e me imobiliza ao segurar meus braços para trás e colar meu corpo ao dele, num aperto seguro. Enterro meu rosto no seu peito, sinto meus olhos molhados e meu corpo sendo sacudido por soluços, mas não permaneço por muito tempo nessa posição.
— Solte-a Richard — Raphay declara friamente atrás de Rick — Eu estou bem — Entendo que ele me tranquiliza ao afirmar que está bem, em seguida sua voz muda ao ordenar — Dora vem comigo, preciso conversar com você — convida o moreno, Rick me solta cautelosamente.
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ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)
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