28- Reino animal

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                              Dora

Se me perguntassem numa enquete: qual dia da semana você aboliria, e por qual razão o faria? Sem pestanejar eu responderia: segunda-feira. Segunda-feira é um dia horrível! Tenho aula de matemática que é chata, com um professor chato. No entanto, pensei que ter a companhia de Raphay a tornaria menos enfadonha, mas me enganei, o moreno não compareceu na aula de exatas, nem nas seguintes. Devo admitir que acreditei quando ele disse que participaria de todas as aulas comigo. Será que fui enganada? Que virei motivo das risadas dele, por demonstrar meu interesse tão obviamente?

Não falei com as meninas após o jantar de sábado, e hoje, devido à correria para entrarmos nas respectivas aulas, fomos impedidas de conversarmos sobre Raphay. Logo não pude especular com as meninas, se o que ele está fazendo faz parte da nossa aposta, ou se é interesse genuíno. Realmente não sei quais as intenções dele, e sejam elas quais forem, não me impedem de reviver os momentos que passei depois que Jules e ele retornaram da conversa que tiveram. Raphay foi atencioso comigo, ficou depois que todos foram embora, e quando nos despedimos na calçada, recebi um beijo no rosto, e faltaram milímetros para seus lábios tocarem os meus.

O moreno se foi, e ainda tenho a deliciosa sensação dos seus lábios nos meus. Ele mora na casa do portão de ferro, eu poderia ter inventado uma desculpa e ido à casa dele para vê-lo e tirar a sensação de vazio que ficou no meu coração quando ele caminhou e sumiu na escuridão. No entanto, passei o domingo no meu quarto mexendo nos meus pertences, e o vazio que ele deixou, ainda não saiu de mim. Que sensação estranha, essa que ando sentindo.

Passo as primeiras horas da manhã absorvida no que vivi no sábado, e quando percebo, estou em frente ao meu armário pronta para pegar o material para a próxima aula, porém encontro dificuldade em abri-lo, parece que perdi o ânimo e a força. O burburinho a minha volta desperta meus sentidos, de esguelha, noto Raphay vindo pelo corredor. Ele chega e soca de leve o armário que se abre instantaneamente.

— Salvei seu dia, Dôron! O beijo de agradecimento, eu cobro mais tarde — Escora o ombro no armário ao lado.

Procuro esconder a satisfação de vê-lo, separando os materiais para a próxima aula. Coloco os livros que usarei entre as pernas, enquanto guardo os da aula anterior, e refuto o comentário de Raphay com uma pergunta.

— Um beijo por demonstrar sua masculinidade? Com certeza a plateia feminina e masculina que você tem, ficaria feliz em beijá-lo no meu lugar. Fique à vontade, escolha um fã, Clark kent. — Abranjo os alunos ao redor. O chamo de Clark pelos óculos que usa. Por Deus! Se tiver a possibilidade desse homem ficar mais bonito, alguém me avisa, porque necessito preparar meu coração. — A loira ali não está te comendo com os olhos. — Aponto com o queixo uma garota que tem um corpo ampulheta.

— Eu sou super mesmo — fala com um sorriso e ajeita os óculos. Super pateta, isso sim! Fecho o armário, mas não deixo de prestar atenção ao que ele fala — Olha, o ciúme é bom, mas uma dica, não exagera, eu não curto mulheres possessivas — ele articula e pega um dos livros entre minhas pernas.

— Boa dica. A partir de agora serei uma pedra no seu sapato! — digo sorrindo.

— Exatamente!

Meu sorriso desaparece ao perceber sua intenção.

— Me devolve o livro. — ordeno fria.

Ele não se move. Coloco os outros livros no braço e espero sua boa vontade.

— Adoro biologia. Principalmente a parte da anatomia — Ele morde o lábio inferior.

— Eu também gosto, seu pervertido. E a parte que mais me chama atenção no corpo de um homem...— falo com voz suave, passeio o olhar dos pés ao rosto dele, paro na boca e continuo. — é o nariz. — Raphay semicerra os olhos e eu acrescento. — Mas em você eu gosto mesmo é dos olhos.

ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora