40- Meu coração pertence a outro

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                              Dora

Nos filmes, habitualmente as festas dos populares, são em casas bonitas, numa rua sem saída ou numa floresta onde acendem uma fogueira e bebem. A festa de Roger, é bem diferente, a começar pelo chalé de madeira de lei, iluminado pelas diversas fogueiras acesas em volta. Há um deck que liga a casa ao lago, o frio faz com que o ar saia condensado de nossas bocas quando falamos, porém, as pessoas correm e se jogam como bombas na água.

— Obrigada, obrigada, obrigada! Não acredito que você conseguiu convencer meus tios a me deixarem vir contigo a essa festa — Hanna, pula igual ao Bambi na minha frente e solta gritinhos eufóricos com as mãos juntas. Acho que ela quer que eu faça o mesmo, mas não levo jeito para essas coisas que melhores amigas fazem. Sem se importar com meu comportamento ela narra sua alegria — Você tem ideia do quanto eu queria ver o fogo no meio do lago? É como todos comentam, não há madeira, as labaredas são sobrenaturais! — Ela volta a pular e sem eu esperar me abraça e repousa a cabeça no meu peito, eu retribuo o abraço — Como conseguiu convencer meus tios? Desculpe, quando falei que são apaixonados pela vida eu não menti, mas eles prezam demais a boa conduta e acreditam que festas assim são o antro do diabo.

Depois da conversa que tive com Raphay, encontrei com Hanna me esperando na base da escada de acesso às salas do terceiro ano. Rick contou onde eu estava e que era melhor não me perturbar. Não sei como ele conseguiu convencê-la, mas o fato é que, deixei minha roupa para ir à festa de Roger na casa dela, então ela resolveu sentar e me esperar. Hanna comentou comigo sobre a festa de Roger a semana toda, mas ao chegarmos em sua casa, seus tios não a deixaram sair. Eu pedi permissão a eles como qualquer amiga faria, e não sei como consegui convencê-los, já que estavam irredutíveis. Talvez eu tenha usado meu poder de Unidade imperceptivelmente, mas agora, não importa o sucedido.

O fato é que, os tios de Hanna estavam assistindo à programa televisivo e quando consentiram a saída dela, ela me puxou para seu quarto para nos arrumarmos como se tivesse recebido permissão para sair da prisão. Após nos arrumarmos ligamos para Alexia e pedimos para ela vir nos buscar, e qual não foi nossa surpresa ao vê-la no banco do carona do carro de Bernard. Desde que entramos no carro, reparei que o comportamento deles é inabitual, mas Hanna não prestou atenção em nada, ela veio falando o caminho todo e, até o momento continua a tagarelar, e eu estou no caminho oposto, mas me situo.

— Tranquilo, Hanna, eu não esperava que você fosse contar sua vida familiar para todos naquele dia. Eu é que peço desculpas pelo comportamento da minha mãe.

— Não esquenta, os adultos são assim mesmo — Do mesmo modo que me abraçou ela me solta, porém, não se afasta — Eu tomo diariamente um cálice de vinho, segundo meu tio é bom para a saúde, mas queria experimentar uma bebida forte. Acontece que Alexia não largará do meu pé. Você me ajuda a despistá-la? Prometo, é só um gole, se eu não gostar, jogo fora — sussurra.

Alexia é adivinha só pode, ela abre a boca assim que Hanna fecha a dela. 

— Hanna, você sabe como as coisas funcionam. Não coloque nem uma gota de álcool na boca. Entendeu, sua desmiolada?

— E-entendi...— Hanna gagueja e me olha. Condoo-me dela.

— Por que viemos a essa festa, Alexia? — questiono dando ênfase à palavra festa.

— Porque você aceitou o convite de Luke que provavelmente nem lembra mais que te convidou de tão bêbado que deve estar. — Alexia fala em tom de acusação.

ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora