DoraAo nos verem abraçados as pessoas sorriem, creio que nossa felicidade as contagiou. Mas se as regras do restaurante não permitirem demonstrações de afeto tão explícitas?
— Estamos chamando muita atenção. — advirto.
— Hoje, podemos fazer o que quisermos. Vamos embora — fala no meu ouvido.
— Calma! Nós não comemos a sobremesa, muito menos pagamos a conta. Seremos presos! Eu não vim à Nova Orleans para ser presa! — argumento rindo.
— Eu tenho outra ideia sobre a nossa sobremesa.
Seu olhar pesa sobre minha boca enquanto seu polegar desenha meus lábios, ele sorri com charme deixando minhas pernas bambas.
— A conta foi paga antecipadamente. Diz a lenda que este restaurante só funciona, porque um fantasma exigiu que toda noite, fosse posta uma mesa com pães, queijos e vinhos para ele, e o casal que sentasse e comesse sem medo de tê-lo ao lado seria abençoado com uma união feliz — o moreno sorri — Você viu o fantasma, Dôron? — indaga rindo, e também rindo afirmo positivamente. Não tenho certeza se o rechonchudo que ficou mexendo na orelha de Raphay, é um fantasma, mas eu o vi, e ele me fez rir de sua brincadeira — Eu acredito em você, sendo assim, nossa união foi abençoada.
A banda de Jazz fez uma pausa e volta a tocar quando Raphay encosta seus lábios nos meus. Os presentes aplaudem o espetáculo, mas o contato dos seus lábios dura pouco. Raphay me arrasta porta afora.
***
Andamos de mãos dadas. O movimento de pessoas na rua é grande, mas não vemos o rosto de ninguém, estamos ligados um no outro.
— Eu não imaginava que fosse te encontrar justo hoje. É bom ter você comigo. — Paro e o faço parar também.
— Você pensou que seria Raphael a jantar contigo. É justo já que ele foi o porta-voz do convite.
— Eu adorei o presente.
— Feliz aniversário atrasado, minha querida — Acaricia minha bochecha.
— Não se faça de bobo. Você não é mais um sonho, e me parabenizou, no dia do meu aniversário.
— Decidi jamais te deixar sozinha, principalmente num dia tão importante. Daqui em diante, farei o possível para estar ao seu lado, de alguma forma — sorri de modo misterioso.
— Nunca tive um aniversário tão especial quanto aquele. Eu precisei, e como sempre, você me ajudou.
— Daremos o crédito do nosso encontro, a Raphael. Ele te ajudou primeiro.
— O Arcanjo é um bom amigo — sorrio — Já Nathan...
— Nathan não é seu amigo? Ou você não o considera como tal?
— Ele me proibiu de ficar contigo — acuso ao invés de responder à questão.
Não sei se Nathan se considera meu amigo, já eu, por mais que diga e repita que ele não representa nada para mim, mais me sinto ligada a ele. Então, não há como responder a pergunta de Raphay.
— A proibição não surtiu efeito. Nós estamos juntos.
— Sim. Mas se ele fizer algo contra você, eu esqueço tudo que vivemos, tudo que sinto por ele, e o mato — ameaço com os dentes trincados. Só então atento que revelei meus sentimentos por Nathan. No entanto, Raphay não parece aborrecido com a revelação.
— Dora, não siga por este caminho. Odiá-lo só fará mal a você.
— Não posso ficar de braços cruzados vendo a vida passar, eu quero ser feliz com quem amo! — Toco o braço de Raphay, fazendo com que ele me ouça e entenda meus motivos. — Nathan me vigia o tempo todo. Não me surpreenderia se ele estivesse aqui. Tudo que tenho feito é escondido, até meus pensamentos, tenho que controlar para ele não descobrir.
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ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)
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